João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

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DESLIGUE O SEU RÁDIO

DESLIGUE O SEU RÁDIO
(pnl para a vida diária)

Se estudarmos as imagens que se ocultam por trás das palavras poderemos constatar algumas coisas interessantes. Uma colega com quem trabalhei, jurista de altíssima qualidade, sempre usava a palavra brilhante para se referir a alguém cujo trabalho a agradasse. Para aqueles que não lhe agradasse nem desagradasse, dizia que não fedia nem cheirava. Quando a coisa era tão ruim a ponto de arrancar dela uma expressão de desgosto, ela dizia que o sujeito era simplesmente tenebroso.
Esse simbolismo verbal dá bem uma imagem da forma pela qual representamos as coisas em nossa mente. As vezes falamos em “clarear as coisas” , ou que “ estamos exagerando a dimensão de uma coisa”, que estamos “subestimando” alguma coisa, “distorcendo”, ou que determinada coisa está "pesando" em nossa consciência, ou que tal coisa "aliviou" nossa consciência. Chamamos à essas construções verbais metáforas, mas na verdade elas são é imagens muito aproximadas, quase fotografias do que se está passando em nossa mente. O que é um sujeito brilhante senão aquele que nos aparece sob o foco de uma intensa luz? É uma estrela, alguém que brilha, que tem fulgor, que chama atenção. Que é um sujeito tenebroso senão alguém que aparece sob o foco de uma espessa treva? E alguém que não fede nem cheira não é alguém cuja presença sequer é notada? Então não é que as metáforas correspondem a realidade da imagem formada na mente?
Na verdade as palavras são criadas para dar veiculo às representações mentais que formamos em nosso cérebro. Há palavras apropriadas para cada tipo de imagem. Palavras como observação, aparecimento, revelação, amostra, foco, iluminação, raio, luz, névoa, claridade, escuridão, cor, etc com seus verbos e cognatos são todas próprias para indicar imagens visuais. Outras palavras como audição, sonoridade, ruído, musica, silêncio, surdez, afinação, pergunta, resposta, com seus verbos e cognatos são próprias da submodalidade auditiva, enquanto que palavras como sentimento, aspereza, dureza, extensão, maleabilidade, flexibilidade, quente, molhado, frio, liquido, sólido, etc. com seus verbos e cognatos são representativas da cinestesia.
Uma das piores experiências que a gente pode ter é quando brigamos verbalmente com alguém. Se a linguagem é carregada de expressões fortes, geralmente ficamos repetindo internamente os diálogos, como se a cada repetição pudéssemos mudar o que foi dito, e assim obter resultado diferente do que foi obtido naquela discussão. Às vezes procuramos justificar o que dissemos, outras vezes imaginamos desfechos diferentes. E por mais que a gente ordene ao cérebro para que deixe de pensar nisso ele insiste. Continua ligado, repetindo e repetindo as mesmas coisas. Parece um diabinho que se instalou na nossa cabeça e fica lá nos azucrinando.
A solução para silenciar esse diálogo interno, no entanto, é simples: Basta imaginar que se trata de um programa de rádio e ir abaixando o volume dele. Imaginar que os sons vão desaparecendo até ficarem inaudíveis. Quando não estivermos ouvindo mais, então será a hora de desligá-lo. Se repetirmos o exercício algumas vezes, veremos que eles não voltam mais. Não tem coisa melhor para calar os nossos “diabinhos”. Experimente desligar o seu rádio interno.






João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 14/08/2009
Alterado em 25/09/2009


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