João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


O UNIVERSO NUM GRÃO DE AREIA

" As pessoas formam famílias, tribos, sociedades, nações. Todas essas entidades, - das moléculas dos seres humanos e destes aos sistemas sociais- podem ser considerados "todos" no sentido de serem estruturas integradas e também"partes" de "todos" maiores, em níveis superiores de complexidade. De fato, veremos que "partes" e "todos", num sentido absoluto, não existem." 
                                                                                       Fritjof Capra


    
O ambiente em que vivemos se manifesta aos nossos olhos sob três faces: pruralidade, unidade e energia. Sob um rosto multiforme e variado, ele é um organismo que esconde uma indissolúvel unidade, mantida pela energia contida no núcleo de cada um dos seus elementos. Essa energia é a informação inicial que neles se hospeda, e os faz procurar, no ambiente em que vivem, os elementos que necessitam para realizar a necessária complementaridade.
      A atomização é o processo pelo qual os constituintes básicos da matéria universal se dividem, se qualificam e depois se reúnem novamente, formatando as realidades do mundo fenomênico. E, em cada átomo da matéria decomposta, reflete glorioso, esse indefinível sentido de unidade, que se manifesta, pela manutenção, em todas as partes pelas quais ela se multiplica, das propriedades observadas no todo.    
      Por isso dizemos que o universo inteiro está contido em cada grão de poeira existente no cosmo, e também em cada célula dos organismos que a natureza criou.
      Na intimidade do ínfimo se encontram as propriedades do imenso com todas as suas intenções e qualidades. É como se todo o real existente fosse derivado de uma substância única, que subsiste exatamente por causa dessa sua propriedade essencial, que é a identidade entre todas as suas partes.
      Pelo fato de ser homogênea, a essencialidade da matéria consegue projetar-se, como uma vontade que une, sobre todos os múltiplos de sua substância, conferindo à todas as coisas a unidade que se observa entre os elementos materiais. Essa unidade é uma força que faz com que todos os elementos do universo, e particularmente os seres vivos, pratiquem uma necessária interação, como função das relações que necessitam para realizarem suas finalidades. 
      Essa relação de complementaridade não precisa integrar, necessáriamente, um ideal humanístico para ser natural. Nesse sentido, o predador que consome a sua presa, na ação natural de preservar a própria vida, não comete nenhum ato anti-natural. É uma interação útil e necessária. Não é um conflito que se observa entre o leão e o antílope, ou entre a pomba e o gavião, mas um esforço da natureza, feito pela sobrevivência.    
       É diferente da luta que se trava meramente pela supremacia ambiciosa e arrogante, que ultrapassa os limites da necessidade de sobrevivência e aperfeiçoamento da espécie. A natureza inventou a luta, a arrogância e a estupidez humana inventou o conflito e a guerra.  
       A energia resultante de uma interação entre dois elementos se mede pelo grau de transformação que cada um dos interados sofre. Esse resultado é tambem a medida da evolução individual de cada um e dos seus resultantes. A energia que transmitimos uns aos outros, a energia que transmitimos às coisas com as quais nos interamos, a energia que deles recebemos, eis o motor de todas as transformações, e a potencialidade do quanto "somos" em cada momento da nossa vida é o resultado desse processo.   
        Quando me relaciono com uma pessoa, ela se modifica em consequência da informação que recebe de mim. Da mesma forma, sou modificado pela informação que dela recebo. Informação é energia e nós somos produtos de relações. Por isso nada pode ser descartado. E nenhum argumento justifica a exclusão, seja do que for que a natureza um dia produziu. No desenho do universo que Deus projetou, a falta do mais insignificante elemento implica em torná-lo incompleto.  E torná-lo incompleto é mutilá-lo. E tudo que é mutilado é feio.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 21/09/2009
Alterado em 21/10/2009


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