João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


O UNIVERSO CABALISTICO


INTRODUÇÃO

Dizem os cientistas que o universo começou com a explosão de um corpo celeste que concentrava uma inimaginável quantidade de energia. Que corpo era esse e que energia era essa ninguém foi ainda capaz de definir. Os cientistas chamam esse corpo de Singularidade. Os livros religiosos chamam de Deus. Por isso, os livros sagrados de todas as religiões do mundo, sejam elas reveladas ou metafísicas, sustentam que o universo começou pela ação de uma divindade, que de alguma forma deu início a todas as realidades cósmicas.
A Bíblia, por exemplo, diz que Deus fez o mundo tirando a luz das trevas. E quando viu que a luz era boa, ele fez o restante do universo com ela.
Essa visão bíblica de maneira nenhuma contrasta com as modernas teorias cientificas que mostram um universo nascendo de um átomo primordial que, não podendo conter em si a formidável densidade energética que acumulou, explodiu, enchendo de luz o vazio cósmico; e a luz, por um processo de condensação, foi se transformado em massa, que deu como resultado o universo como hoje o conhecemos. Daí a formidável intuição de Einstein, que resultou na equação fundamental do universo: E= mc²
Galáxias, estrelas, planetas, são condensações de luz, formadas pela ação da gravidade. Como disse Newton, se a gravidade fosse retirada do universo, a luz também desapareceria e todo o universo desabaria sobre si mesmo.
Hawking nos mostra que existem no universo duas leis que regem a sua formação: a lei da expansão e a lei da atração.  Essas duas leis podem ser entendidas com relatividade e gravidade. A primeira se manifesta na forma de eletricidade e a segunda em forma de magnetismo.
A primeira é a energia primária que emanou do Big-Bang. A explosão inicial fez a luz viajar em todas as direções e desde então o universo está em constante expansão. Essa força, essa energia inicial, ao mesmo tempo em que fez nascer e faz crescer o universo em sua forma  física,  provoca também um imenso caos, pois a luz, viajando em todas as direções, não tem direção nem organização. E como quando uma bomba explode e atira fragmentos de energia para todos os lados.
Por isso há uma outra lei que impede que o universo se torne um imenso caos sem sentido nem finalidade. Essa é a lei da gravidade. Se não fosse essa lei, o universo seria  como uma manada de bois estourada, correndo em todas as direções. Graças à gravidade, a força inicial, que impele o universo a uma incontrolável expansão, é controlada através de uma retração, ou seja, uma força que atua no sentido contrário à essa expansão, forçando corpos maiores a reter em suas órbitas os corpos menores, formando assim os sistemas cósmicos, ou seja, as galáxias e os sistemas solares.
A ordem é posta no cosmo, da mesma forma que a matéria bruta e a matéria orgânica também assim se organizam. A primeira é feita de átomos, os átomos se juntam para formar moléculas e as moléculas se juntam para formar os elementos químicos. Da mesma forma, a matéria orgânica se forma a partir de células que se juntam para formar ógãos e estes se reúnem em sistemas.
Assim, relatividade e gravidade são duas forças contrastantes que “lutam” no infinito cósmico, mas não são conflitantes, pois elas se complementam, promovendo o equilíbrio universal. Na filosofia chinesa essa energia é o chamado Tao, equilíbrio entre masculino/feminino, ou yang/yin, como são conhecidos. Essas forças são como as margens de um rio. Uma precisa da outra para manter a torrente em equilíbrio. Sem duas margens antagônicas não existe rio.
Isso mostra que só pode haver equilíbrio na presença de duas forças semelhantes. E Criação também. Na dinâmica da Bíblia, o Criador precisou de duas forças contrárias para dar início à criação. A Luz e as Trevas. E simbolizou uma delas como noite, outra como dia. Ou, para dar símbolos mais precisos à essas forças, deu o nome á uma de sol, á outra de lua.
Na dialética da ciência, essas forças podem ser representadas como sendo a eletricidade e o magnetismo. Através da eletricidade (O Pai), energia masculina, a força, a potência do Criador vai se espalhando pelo vazio cósmico, levando o “esperma” divino ao “útero” do universo. Esse útero recebe esse “esperma”, através do magnetismo natural que existe em todos os corpos celestes, e é esse encontro, essa união entre eletricidade e magnetismo que formata as realidades universais.( 1) Assim, o magnetismo é a Mãe, ou seja a correspondência feminina necessária para o nascimento do universo físico. Repete-se assim, nas leis físicas e químicas, o mesmo processo utilizado pela natureza para a formação da vida.

Na Cabala, essas três primeiras realidades universais correspondem às três primeiras séfiras, chamadas Kether, a coroa, Chokmah, a Sabedoria, e Binah, a Inteligência. Assim, para entendermos corretamente a Árvore da Vida, símbolo cabalístico do universo manifestado a partir da atividade divina, é preciso ter em mente que ela simboliza a vida do universo e do homem. Ela mostra como tudo se forma e evolui. 

                                               



A ciência só consegue chegar até o “átomo primordial”, ou seja, um “ponto de energia” tão densamente carregado, que dentro dele a relatividade deixa de existir. O Cabalista toma como ponto de partida do inicio do universo uma séfira chamada Kether. Ela também é conhecida como inteligência admirável, primeira lei, número um, Vasto Semblante, Macroprosopo, etc. As tradições religiosas dos povos antigos representavam essa idéia através de uma circunferência cujos raios estão em toda parte e cujo centro está em lugar algum. Nas tradições gnósticas e na religião dos antigos egípcios era o chamado “Ovo Cósmico”.

(CONTINUA)
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(1) Na tradição gnóstica, esse processo recebe o curioso nome de Panspermia, por isso usamos essa analogia.
(2) Uma Breve História do Tempo. Círculo do Livro, 1998.
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SÍNTESE DOS LÍVROS " A KABALAHAH REVELADA"- KNORR VON ROSENROTH, MADRAS, SÃO PAULO, 2005
UMA BREVE HISTÓRIA DO TEMPO- STEPHEN HAWKING- CÍRCULO DO LIVRO, SÃO PAULO, 1998.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 18/05/2010
Alterado em 26/05/2010


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