João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


RESENHA DO CAPÍTULO II DO LIVRO " LENDAS DA ARTE REAL", AINDA NÃO PUBLICADO.

1- A tradição hermética

A partir de certo momento na História, a Maçonaria passou do plano operativo para o especulativo. Esse momento parece ter ocorrido a partir das Cruzadas, quando os exércitos cristãos marcharam em direção á Terra Santa para libertá-la do domínio dos sarracenos. Na multidão que se deslocou para a Palestina, que constituía um verdadeiro povo em marcha, não havia só combatentes, mas também profissionais de todas as espécies: para lá foram seleiros, carpinteiros, forjadores, armeiros, e principalmente pedreiros. A própria Ordem dos Templários empregava uma multidão desses profissionais, que eram chamados “os homens dos templários”. No estatuto que o monge Bernardo de Clairvaux redigiu para a Ordem do Templo se falava das regras e obrigações que os pedreiros, carpinteiros e outros artesãos que prestassem serviços à Ordem deveriam cumprir.
A interação entre os templários e os pedreiros-livres é hoje mais que provada, e nenhum espanto nos causaria se dessa interação não tivesse nascido realmente a Maçonaria especulativa, como nos quis fazer crer o Cavaleiro De Ransay.
Uma interação desse tipo e um desenvolvimento posterior de “Lojas” especulativas ao lado de “Lojas” operativas justificariam o desenrolar dos acontecimentos que desembocaram na Maçonaria moderna. Por isso é que percebemos, a partir do início do século XVI, uma revalorização de idéias que se acreditavam sepultas no Ocidente pelo triunfo do Cristianismo oficial. Giordano Bruno, Giambatista Dela Porta, Marcilio Ficcino, e outros pensadores renascentistas ressuscitam Jâmblico, Plotino e outros pregadores de religiões solares, da mesma forma que renasceram as “utopias” através de trabalhos como o de Tomás Mórus, Roger Bacon, Jonh Milton, etc.
Nessa mesma vertente, os hermetistas, os cabalistas e todos os cultores do pensamento mágico fazem nascer a genial farsa da Rosa-Cruz. E o pensamento rosa-cruciano impressiona a imaginação dos intelectuais, dos cientistas, de toda a elite pensante e formadora de opinião na Europa, que nesse exato momento, procurava uma alternativa espiritual para o atavismo dos católicos e o reacionarismo dos protestantes.

Um sistema de pensamento que fosse tolerante o suficiente para agasalhar todas as vertentes do pensamento religioso e secular não podia se filiar a nenhum credo, nem podia propagar suas idéias pela forma acadêmica regular. Em algum momento, provavelmente, no inicio do século XVII, a tradição hermética entrou nos ritos praticados nas Lojas especulativas. Como isso se deu não é matéria pacífica, mas de forma geral se admite que esse fato aconteceu pela admissão, nessas Lojas, de membros não pertencentes á categoria dos profissionais da construção.
Esses eram os chamados “maçons aceitos”. Entre eles se encontravam militares, filósofos, intelectuais, professores, Membros do clero, comerciantes etc., pessoas que de alguma forma procuravam um meio seguro de expressar seus pensamentos sem precisar renunciar a suas crenças.

2- Elias Ashmole

Geralmente se costuma atribuir a Elias Ashmole a introdução do hermetismo na Maçonaria. Esse intelectual inglês, que entrou para a Ordem em 1641, conforme suas próprias anotações, era um notável hermetista especializado em alquimia e estudioso das tradições da cavalaria. É impossível não pensar que um indivíduo com esse perfil não tivesse prestado qualquer contribuição de vulto nesse sentido. Todavia, em 1641, as Lojas maçônicas já praticavam ritos enxertados com a tradição hermética e “aceitavam” pessoas não ligadas ao oficio de construtor. E essa prática já vinha de longa data, a se acreditar nas pesquisas de Jean Palou e Robert Ambelain.
Assim, o que se pode presumir é que Ashmole e seu grupo de hermetistas entraram para a Maçonaria como conseqüência dessa prática, mas não se constituíram, de forma alguma, na sua causa. É possível que Ashmole tenha, de algum modo, executado um trabalho de organização, desenvolvimento e propagação dos ritos maçônicos na nova formulação que as Lojas especulativas estavam praticando, desde que nelas se introduziram os cultores da tradição hermética, mas disso, como de resto, não temos provas autorizadas.

3- A herança das cruzadas

A nossa convicção é de que a interação da Maçonaria com a tradição hermética e os ideais da cavalaria é uma herança das cruzadas. Na Terra Santa foram ensaiadas as primeiras tentativas de se criar um rito simbólico que pudesse integrar as tradições dessas três grandes vertentes da cultura medieval. Afinal, cavaleiros, mestres construtores e filósofos adeptos do pensamento gnóstico e da alquimia conviviam na Terra Santa e em diversos territórios da Europa e do Oriente Médio. E, de alguma forma, o fundamento de suas filosofias, o cerne de suas esperanças, o objetivo de suas práticas eram os mesmos.
Com o que sonhavam, por exemplo, os Irmãos Templários, senão com a instituição de um reino universal cristão, onde os homens fossem governados pelas virtudes exigidas de um cavaleiro? Não teria sido, certamente, com esse objetivo, que a Ordem tenha se desenvolvido e tornado uma potência econômica, política e militar tão poderosa que, a certo momento, tenha preocupado os potentados da época e seu próprio patrono, o Papa?
E qual era o sonho hermético? Não era simplesmente, como se supõe, o de descobrir, pela manipulação química dos minerais, o segredo da fabricação de metais preciosos? O objetivo dos alquimistas era o mesmo dos filósofos gnósticos, ou seja, o de obter um conhecimento, uma gnosis, através do estudo da natureza e dos seus processos de transmutação. Dessa forma, acreditavam os hermetistas (tanto alquimistas como filósofos gnósticos), que o próprio iniciado poderia realizar uma transmutação espiritual capaz de dotá-lo de uma consciência superior. E isso se realizaria através da gnose (iluminação pelo conhecimento) e não da fé, como sustentava a crença cristã oficial.
Por outro lado, sabe-se que determinados ofícios, como o de construtor, eram sacralizados. Através da profissão o praticante pensava poder aperfeiçoar o seu espírito, quer dizer, á medida que sua obra evoluísse, á medida que ela se tornasse perfeita, ele também se aperfeiçoava interiormente, por que a obra material nada mais era que o reflexo de seu espírito.
Por isso é que os segredos da sua arte eram transmitidos, não de forma acadêmica ou simplesmente empírica, mas sim, de forma iniciática. Os maçons medievais (pedreiros-livres), desde épocas imemoriais sempre guardaram ciosamente os segredos da profissão, só os transmitindo por iniciação. Dessa forma, os irmãos operativos, que guardavam os segredos da profissão e somente os transmitiam aos seus aprendizes, e os alquimistas, solitários pesquisadores dos segredos da na-tureza, que viviam reclusos em seus laboratórios, eram praticamente sócios da mesma cultura.
Partidários de um mesmo segredo e de um método semelhante para a transmissão dos conhecimentos obtidos em suas práticas, não é estranho que em certo momento histórico acabassem se fundindo e se tornando uma única cultura.

4- A Maçonaria Especulativa

Evidentemente tudo isso era visto com muita desconfiança pela Igreja medieval. Em 1314, a Ordem dos Templários tinha sido extinta pelo Papa Clemente IV após um processo onde seus membros foram acusados, julgados e condenados pela prática de heresia, homossexualismo, magia negra e outros crimes. Quanto aos alquimistas e os cultores da Gnose, estes nunca foram vistos com bons olhos pela Igreja.
Somente as corporações de obreiros da construção eram toleradas e até protegidas pela Igreja e pelas autoridades seculares. Os mestres construtores gozavam de alta reputação na sociedade medieval e não sem razão; afinal, eram eles que erguiam as grandes catedrais, os castelos fortificados, os suntuosos edifícios públicos e os palácios reais. Era do maior interesse, portanto, proteger os artesãos da construção.
Junto aos canteiros de obras se formavam as Lojas dos maçons operativos, onde, a par dos assuntos profanos referentes aos interesses da classe, também se faziam as iniciações, as elevações de grau, a comunicação, sempre iniciática, dos segredos da profissão aos novos aprendizes, e a elevação dos novos mestres.
Com a interação entre pedreiros-livres, cavaleiros e cultores da tradição hermética, começa-ram a surgir junto ás Lojas operativas, grupos de estudo que se ocupavam, não somente dos segredos da profissão de construtor, mas também de discutir outros pontos da cultura da época. Desde as idéias gnósticas sobre religião, até as teses sobre políticas de desenvolvimento econômico e social e campanhas militares, esses grupos começaram a atrair a atenção dos “espíritos de classe”, no dizer de Pawels e Bergier, dando nascimento a novos centros de cultura e saber.
Esses grupos formaram os núcleos da chamada Maçonaria Especulativa. Sua função era a especulação pura e simples, mas dessa prática sempre se extraiam ações que repercutiam no mundo exterior. Provavelmente, muitas das atitudes atribuídas aos Cavaleiros Templários e talvez a principal razão de sua extinção, tenham raízes nessas reuniões dos maçons especulativos.
Sabe-se que as bases da chamada Renascença e da Reforma religiosa foram lançadas bem antes do século XVI, quando esses movimentos efetivamente explodiram. Já nos séculos XIII, XIV e XV, em regiões como o Languedoc francês, Flandes, nos Países Baixos, na Alemanha e principalmente no norte da Itália, uma antecipação da época moderna já vinha ocorrendo, com a consolidação das monarquias nacionais e o fim da Guerra dos Cem Anos.
Os efeitos da Guerra dos Cem anos foram diversos, como reconhecem a maioria dos historiadores. Um desses efeitos foi a noção de unidade nacional desenvolvida principalmente pelos ingleses e franceses, que os ajudou a consolidar a idéia de monarquia nacional em oposição ao regime feudal, atomizado e dividido politicamente. Após o término da Guerra de Cem Anos, o feudalismo foi praticamente extinto na Inglaterra em conseqüência da Guerra das Duas Rosas, da qual emergiu a dinastia dos Tudores. Na Alemanha e na Itália o regime feudal se extinguiu no século XV, mas em conseqüência da estrutura política desses países, divididos entre estados governados por príncipes e repúblicas fortemente armadas, e também muitos estados pontifícios, sob a influência direta do Papa, não se conseguiu, como na França, Inglaterra, Espanha e Portugal, organizar de pronto as monarquias nacionais. Em conseqüência, a Alemanha e a Itália só viriam conhecer uma definitiva unificação política no século XIX.
 
5- As Corporações de Ofício

O comércio e a indústria floresceram em função das cruzadas. O contato com a civilização árabe e bizantina trouxera para a Europa novas idéias e uma cultura até então desconhecida começou a ser implantada nos territórios onde a influência da Igreja não era tão forte. Poderosas Corporações de Oficio eram fundadas pelos profissionais de cada profissão nas cidades mais populosas. Essas corporações, como as Hansas dos mercadores de Flandes, Alemanha e França, acabaram se tornando núcleos de grandes nações. A Suíça e a Holanda são exemplos de países formados por associações de comerciantes.
As Corporações de Ofício não se pareciam, como comumente se pensa, aos modernos sindicatos. Na verdade, seus objetivos eram mais amplos. Constituíam verdadeiras Fraternidades que cuidavam não só da vida econômica de seus membros, mas também da sua vida social e religiosa. Desempenhavam papéis equivalentes aos das associações religiosas e faziam também o papel de sociedades beneficentes, companhias de seguros, clubes sociais, partidos políticos, etc.
Dominavam um largo espectro da vida econômica medieval e seu poder e influência era levado em muita conta pelas autoridades religiosas e seculares. Cada Corporação tinha seus próprios estatutos e regras, bem como seu santo padroeiro. As famosas Old Charges (Os Velhos Deveres), que comumente se invoca como sendo um estatuto da Maçonaria Operativa, nada mais são que regras prescritas para os membros das Corporações de Oficio dos construtores ingleses. São regras que exigem desses profissionais determinado tipo de comportamento social, bem como estabelecem certos “deveres”, relativos à atitude deles como membros da Corporação.
No inicio do século XVI começa então a abertura cultural denominada Renascença. Assiste-se á uma revalorização do homem a partir dos antigos modelos grego-romano de beleza e competência pessoal. O culto ao humano, eclipsado durante a Idade Média pela idéia do pecado, começa a ganhar os principais centros intelectuais da Europa. A ciência se renova pelo apelo á razão mais do que á fé. Teorias racionais de explicação do universo contrastam com as velhas idéias ad-mitidas pela Igreja. Explode a Reforma Protestante desencadeada pela rebeldia de Martinho Lutero.
No meio disso tudo acontece uma revalorização do pensamento hermético e das teses gnósticas. Filósofos como Giordano Bruno, Thomas Mórus, Marcilio Ficcino, Pico de La Mirándola e outros, ressuscitam as idéias de utopias políticas e religiões solares, em contraste com a idéia dominante do catolicismo universal. Outros filósofos e artistas, como Leonardo da Vinci, Erasmo de Roterdã e Nicolau Maquiavel lançam as bases de uma nova ética e uma nova moral, enquanto ci-entistas como Galileu Galilei e Copérnico descortinam novos horizontes para a ciência.
Toda essa efervescência cultural logo se faria sentir no território mais sutil dos sentimentos humanos, que é a religião. A corrupção do clero católico e principalmente as motivações politicas e econômicas desencadearam a revolução protestante conhecida como Reforma, mas foi, sem dúvida, a onda de liberdade de pensamento que se espalhou pela Europa durante os anos da Renascença que destruiu o monopólio da Igreja sobre o espírito da sociedade ocidental.

6- Martinho Lutero

Martinho Lutero (1483 – 1546) foi o desencadeador do movimento conhecido como Protestantismo. Não há qualquer informação que ligue a figura do inspirador da Reforma religiosa à Maçonaria, nem qualquer referência que possa sugerir uma interação dele com os maçons operativos, que na altura em que ele dava início ao maior e mais importante cisma que o Cristianismo viria a sofrer em sua história, já constituíam um importante fenômeno cultural, difundido por toda a Europa, principalmente na Alemanha, em razão da liberdade de consciência e da condição de pedreiros livres que ostentavam, podendo mover-se livremente pelo território europeu sem os incômodos burocráticos a que estavam sujeitos os demais cidadãos. Todavia, face às ligações já apontadas, que ele mantinha com os círculos místicos da Alemanha, não seria imprudente apontá-lo como simpatizante daquele grupo precursor que viria dar origem ao movimento Rosa-Cruz, fundado pelo alquimista Joahnnes Valentin Andreas, no inicio do século XVII, cuja influência na Maçonaria foi fundamental para o direcionamento que ela tomou enquanto fenômeno cultural.

7-Os Manifestos Rosa-cruzes

No início do século XVII aparecem os Manifestos Rosa-Cruzes. Mais adiante trataremos desse curioso fato cultural com mais pormenores. Por enquanto é suficiente dizer que graças ás pesquisas de Serge Huttin e Francês Yates sabe-se hoje que a Rosa-Cruz, como instituição, naquela época, jamais existiu. Tratou-se, na verdade, de um grupo de pensadores místicos, predominantemente alemães, que diziam estar de posse de grandes segredos capazes de mudar a face da história da humanidade.
Tais assertivas excitaram, como é óbvio, a imaginação popular e não poucos intelectuais se sentiram atraídos pela “Fraternidade da Rosa-Cruz”.
Esses pensadores, na verdade, nada mais faziam do que divulgar teses e tradições herméticas desenvolvidas por alquimistas e filósofos gnósticos. Seus segredos eram aqueles que os alquimistas diziam ter descoberto em seus “magistérios”. Grupos desses “rosa-crucianos” faziam parte ativa das Lojas especulativas alemãs, francesas e inglesas e tinham introduzido nos rituais dessas Lojas símbolos, alegorias, evocações e ensinamentos extraídos da tradição hermética e gnóstica.
Durante todo o século XVII as Lojas especulativas da Europa conviveriam com essa verdadeira Babel intelectual em que se tornara a prática maçônica. Maçons alquimistas, maçons gnósticos, maçons cavaleiros, cada qual, conforme escreveu H.P. Marcy, “interpretando à sua vontade as Velhas Constituições (as Old Charges), criando uma profusão de maneiras de fazer uma iniciação, de conduzir uma reunião, de interpretar os símbolos e os ensinamentos maçônicos.”
Essa diversidade, prossegue o autor, poderia “destruir a unidade moral que permanecia como único vínculo entre os maçons aceitos. A confusão aumenta todos os dias e a velha instituição ameaça falir sem esperança de recuperação”.
Em tese, podemos dizer que os Manifestos Rosa-Cruzes foram os inspiradores da Maçonaria especulativa, porquanto anteciparam em algumas décadas a idéia de Irmandade que a Ordem Maçônica mundial iria perseguir.

8-As Lojas londrinas e a Constituição

Foi para por fim a essa confusão que as quatro Grandes Lojas de Londres se fundiram no ano de 1717, dando início á chamada Maçonaria moderna. Moderna porque a partir desse acontecimento a Ordem maçônica, que era um conjunto de homens que se reuniam para praticar a arte do livre pensar, ganhou um regulamento, como se o pensamento pudesse ser regulado. M. Lapage, bastante sagaz a respeito, comentou lastimosamente que “a partir do dia nefasto em que (...) a maçonaria se deu chefes e regulamentos gerais, (...) os maçons rejeitaram a mais bela idéia maçônica, isto é,“ o maçom livre na loja livre.
Evidentemente, a tentativa dos maçons londrinos, de por ordem na casa, não foi aceita pacificamente. Fosse à Alemanha, ou em França, onde as tradições templárias e herméticas tinham deitado raízes profundas nas práticas maçônicas, uma chamada de ordem, feita especialmente por ingleses, só podia mesmo causar repulsa e consternação. Nem os trabalhos de Désaguliers, Ransay, Radcliffe e outros chamados “pais da Maçonaria moderna” foram suficientes para acalmar os ânimos. Maçonarias Escocesa, Francesa, Alemã, Martinista, de Boillon, etc. eram títulos dados a diferentes ramos que se espalhavam pelas Ilhas Britânicas e pelo continente europeu e americano nos meados do século XVIII, dando origem a uma profusão de rituais, sistemas e filiações que se dividiram em Ritos propriamente ditos, como os Rito Escocês Antigo e Aceito, o Rito Escocês Retificado, o Rito Adoniramita, O Rito da Estrita Observância, o Rito de Heredon, etc.
Hoje, pacificada a disputa que se estabeleceu entre as diversas confissões maçônicas, disputas que no mais das vezes refletiram os embates políticos que deram origem ao mundo moderno, podemos dizer que essa luta continua, entretanto, no terreno intelectual. Há maçons que propugnam por uma Maçonaria mais atuante nos assuntos políticos e sociais, ora agindo filantropicamente, ora participando de cruzadas políticas em favor desta ou daquela idéia. Há os maçons que vêem a Maçonaria como uma escola de pensamento onde se deve cultivar exclusivamente moral e ética, e há também os que levam a sério a idéia de uma Maçonaria simbólica e iniciática, nos melhores moldes dos especulativos anteriores a 1717.

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Notas
Edward Burman,Templários, Os Cavaleiros de Deus, Rio de Janeiro, Ed. Nova Era, 1986
― Pier Paul Read, Os Templários, Rio de Janeiro, Ed. Imago, 2001.
Jean Palou- A Maçonaria Simbólica e Iniciática- Ed Pensamento, São Paulo, 1964. O Cavaleiro André Michel de Ransay (1686–1773), nobre francês, foi um dos maiores divulgadores e organizadores de Lojas Maçônicas na Europa no início do Século XVIII. Seu discurso a respeito da interação entre os maçons operativos e os cruzados, especialmente os Cavaleiros Hospitalários de São João, deram inicio à tradição que sustenta ser a Maçonaria uma extensão das Ordens de Cavalaria nascidas na Terra Santa, durante as cruzadas.
Veja-se a nossa obra Conhecendo a Arte Real, citada.
Veja-se Pawels e Bergier, O Despertar dos Mágicos- 26º Ed. Bertrand Russel, Rio de Janeiro, 1996. Sobre a influência da Ordem Rosa-Cruz no pensamento renascentista veja-se Frances Yates - O Iluminismo Rosa-Cruz, Ed. Cultrix, São Paulo, 1967.
Jean Palou, op citado, pg. 78.
― Robert Ambelain- A Franco - Maçonaria, Ibrasa, São Paulo, 1999.
O Despertar dos Mágicos, op citado,pg. 123
Mac Nail Burns, História da Civilização Ocidental, Rio de Janeiro, Ed. Globo, 1971.
Serge Hutin- História da Alquimia-Cultrix, São Paulo, 1987
―Frances Yates, O Iluminismo Rosa-Cruz, Cultrix, São Paulo, 1967
O termo “rosa-cruciano” tornou-se sinônimo de livre-pensador. Todo intelectual que não se conformava com a “saia justa” que as autoridades religiosas queriam impor á cultura se dizia, ou se julgava, um “rosa-cruciano”. Voltaire, Isaac Newton, Leonardo da Vinci, Miguelangelo entre outros, eram tidos como “rosa-crucianos”.
Jean Palou,op citado, pg. 35
Idem, op citado pg. 48
São vários os trabalhos alquímicos que tratam da filosofia Rosa-Cruz. Os dois manifestos mais famosos, entretanto, são o “Fama e Fraternitatis” e o “Confessio Fraternitatis”, ambos publicados pela primeira vez em 1615. A esse respeito veja-se Frances A. Yates, O Iluminismo Rosa-Cruz, citado.
Ibidem, pg. 50
Helena P. Blavatsky, Síntese da Doutrina Secreta

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 01/02/2011
Alterado em 01/02/2011


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