João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


PROCESSANDO A INFORMAÇÃO

     O nosso cérebro tem um processo muito prático para realizar aprendizagem: ele segmenta o processo, separando-o em partes e absorve uma parte de cada vez. Ele trabalha assim porque a nossa memória tem pouca capacidade de armazenamento, e além disso, o nosso cérebro consciente não consegue processar mais do que uma informação de cada vez. Você já deve ter percebido isso: não dá para prestar atenção numa conversa e numa cena ao mesmo tempo. Quer dizer, você pode receber a informação visual e a informação auditiva ao mesmo tempo, mas o seu cérebro só vai processar uma depois que tiver absorvido a outra. Por isso é que, se você estiver muito focado em uma cena e alguém começar a falar com você, com muita certeza você pedirá para ela repetir o  que disse.
O nosso cérebro funciona como se fosse um bio processador. Não dá pra entrar em outro programa sem primeiro sair daquele que você está trabalhando. Veja, por exemplo a figura abaixo:
  


SEGMENTANDO A INFORMAÇÃO

     Você consegue ver a taça  e os dois rostos ao mesmo tempo? Talvez você até pense que pode, mas não pode. Primeiro o seu cérebro faz a representação mental de um e depois sai dessa representação para figurar o outro.  Ele não consegue representar a mesma informação visual ao mesmo tempo.
      O processo é rápido como a luz, mas acontece. Isso é o que queremos dizer como segmentação de informação.
Informação, aqui, quer dizer tudo que você vê, escuta e sente. Nós somos organismos e como organismos temos sentidos, que são como uma espécie de terminais, que recolhem a informação no mundo exterior e as manda para o cérebro para que ele as processe. Neste mesmo momento, enquanto lê este artigo, você está processando informações visuais, que são as letras que representam as palavras, mas com certeza também está ouvindo sons ambientes, que pode ser pessoas falando, buzinas de carros, seu corpo roçando a superfície da cadeira, etc. E com certeza também está recebendo informações cinestésicas que os seus sentidos captam no ambiente. Está frio ou quente aí? Essa cadeira, ou sofá, onde está sentado é macio ou duro?
       Com certeza você não tinha consciência dessas coisas até que eu perguntasse, tinha? Então para responder se a cadeira é macia ou dura, se está frio ou quente, ou se ouve algum barulho, você vai ter que pensar nisso. E para poder acessar essa informação terá que parar de ler, ou pelo menos desfocar o seu olhar. Isso quer dizer: você terá que sair da informação visual para entrar na informação auditiva ou cinestésica. 

Separando as informações em segmentos menores para absorvê-las, o cérebro libera a mente consciente para se ocupar daquilo que exige a nossa atenção imediata. Imagine o que aconteceria se a sua mente consciente tivesse que estar sempre atenta a todas as coisas que tem que fazer diariamente, como levantar da cama, urinar, tomar café, banhar-se, escovar os dentes, vestir roupas, dirigir o automóvel, decorar o caminho de casa para o trabalho e vice versa, etc. Ela simplesmente entraria em colapso. Seria como se você tivésse, por exemplo, que pensar no significado de cada uma das palavras que lê para poder entender o contexto de uma frase.
     Por isso a mente aprende a processar as informações em blocos, um passo de cada vez. E é assim que nós adquirimos aquilo que chamamos de aprendizado. Aprender significa adquirir comportamentos. Saber como se faz as coisas necessárias á nossa vida. Cada aprendizado, ou comportamento, é processado primeiro na mente consciente e depois é armazenado na mente inconsciente, que por sua vez, o transmite ao sistema nervoso e motor. É o que chamamos de arco-reflexo. Uma vez internalizado um comportamento, passamos a outro e assim por diante. Pense em como você aprendeu a dirigir um automóvel ou a soletrar palavras, por exemplo. Você não absorveu o processo todo de uma só vez.  No caso do automóvel, você primeiro aprendeu a dar a partida, depois a engatar as marchas, em seguida sair com o carro, logo depois as trocar marchas e assim por diante. Não passou para a etapa posterior sem ter automatizado as anteriores. Um dia descobriu que podia passar marchas, pisar no freio, girar a direção, parar no sinal vermelho, tudo isso automaticamente. A informação que a mente processou separadamente, em segmentos, foi reunida em bloco, pela mente inconsciente, e tornou-se um comportamento.
     Aprender a ler foi a mesma coisa. Percorreu um longo processo, passo a passo, repetindo muitas vezes as operações, até verificar que podia soletrar as palavras sem pensar nas letras. Depois fez o mesmo com as palavras e as frases. Habituou-se a fazer isso sem que a sua mente consciente tivesse que ocupar-se da tarefa de montar, uma a uma, as palavras, para formar as sentenças.
     
COMPETÊNCIA CONSCIENTE E COMPETÊNCIA INCONSCIENTE
 
      Assim, o circuito da aprendizagem termina quando a resposta é dada automaticamente sem a que mente consciente precise ficar dirigindo o processo. Por isso a PNL identifica quatro fases a cumprir no processo completo de aprendizagem de um comportamento:
 
     Primeira fase: a incompetência inconsciente; nesta fase a informações ainda não chegou à órbita dos seus sentidos e a realidade que ela veicula não existe para você.  Você não tem nenhum registro dela no mundo que você conhece, por isso não existe uma relação entre você e ela. Você é como um índio que vive na floresta sem jamais ter visto nem ouvido falar a respeito de uma coisa chamada automóvel; ele não sabe que existe tal coisa e também não sabe da sua ignorância a respeito. Ele não sabe que não sabe.
  
      Segunda fase: a incompetência consciente: aqui as informações entraram na órbita dos seus sentidos, mas você ainda não pode fazer uma representação mental dela, por falta de uma linguagem neurológica que lhe dê condições para isso. Quer dizer, você não tem imagens dessa informação, nem sons, nem cinestesias que a sua mente possa usar para identificar essa informação e fazer uma representação mental. Aqui você é o índio que ouve alguém falar a respeito de um automóvel, mas não consegue imaginar como ele é por jamais ter visto um. Ele sabe que tal objeto existe porque alguém falou para ele que existe, mas ele não sabe como é isso. Ele sabe que não sabe.

      Terceira fase: a competência consciente; nesta fase você tem  a informação, sabe como é o objeto que ela representa, mas ainda não sabe usar essa informação para realizar o comportamento que você quer ter. Aqui é o nosso índio que viu um automóvel, ouviu o som do seu motor, tocou, cheirou, e foi posto dentro dele com um manual de direção nas mãos, mas ainda não consegue dirigi-lo. Não consegue entender como funciona, para que serve, nem sabe usá-lo para suas finalidades. Ele sabe mas não conhece.

       Quarta fase- a competência inconsciente.  Nesta fase a informação já está perfeitamente organizada em forma de conhecimento em nossa mente e nós já sabemos usá-la para os fins a que ela se destina. Tornou-se um comportamento. Essa é a fase final da aprendizagem ( a informação processada), quando o estado desejado é atingido. Aqui temos o nosso  índio se tornando um perfeito motorista. Ele pode se ocupar de outras coisas enquanto dirige. Pode ver os sinais de trânsito. Pode conversar com você enquanto dirige. Pode coçar a cabeça, assoar o nariz, ligar o ar condicionado, tudo isso sem precisar parar de dirigir. Ele sabe e conhece.   

       Atingido o estágio da competência inconsciente, a resposta é automática e podemos dizer que a aprendizagem foi completada. É nesse momento que adquirimos uma habilidade. É assim que aprendemos a fazer as coisas, tanto as que nos levam a bons resultados, ou seja, habilidades, aptidões, quanto as que nos levam a maus resultados (vícios, compulsões).
        Porque tanto uns como outros são comportamentos. O que presta e o que não presta nós aprendemos pelo mesmo processo. A vantagem de saber como é que o nosso organismo aprende os seus comportamentos é o fato de que assim podemos escolher o que queremos aprender. Esse é uma das principais  descobertas da PNL
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 24/11/2012
Alterado em 25/11/2012


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