João Anatalino

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PNL- ESPIRITO E MISSÃO
 
 
      A espiritualidade é a qualidade do ser humano que aprendeu a processar as informações no nível mais sutil do seu sistema neurológico. Arte, religião, filosofia, os mais abstratos conceitos e as mais nobres virtudes se reúnem no topo do cone neurológico para formatar uma personalidade que transcende para além do próprio indivíduo e o integra a um sistema maior, que se poderia chamar de Humanismo.
     A espiritualidade é uma característica de personalidade que não pode ser negligenciada, se quisermos realmente ter sucesso na arte de viver. No trabalho, na vida social, na vida familiar, enfim, em tudo que envolver atividade humana, ela é um poderoso diferenciador. Ela significa a presença de preceitos morais sólidos, bem como sentimentos de piedade, caridade, respeito, sentido de cooperação, noção de ética e justiça, sensibilidade para com as dificuldades do próximo e mais uma gama enorme de virtudes que nos faz pensar que a pessoa assim aquinhoada transcendeu da mera condição de ser humano que luta para responder com eficiência aos desafios do ambiente, para uma esfera de valores mais altos onde a noção do “eu” foi superada por uma sensação de estar participando de um sistema maior do que ele próprio.
     A noção de espiritualidade que nos referimos aqui não se confunde com conhecimento nem tem a ver com religiosidade. Aqui não falamos em espiritualidade no sentido religioso, mas neurológico, isto, é estamos tratando de um processo que ocorre no interior da nossa mente, enquanto seres humanos mesmo. Trata-se do refinamento dos nossos pensamentos e sentimentos até um nível de otimização consciente, em que as nossas crenças nos levam a ver em toda vida um sentido e um propósito bem maior do que a simples luta para sentir prazer ou evitar dor, que, em princípio, é o motor de todas as ações que os organismos empreendem.
     Assim, não nos referimos ao espírito como entidade superior que transcende a matéria, ou seja, aquela entidade imaterial e imortal, pertencente a uma ordem sobrenatural, que  a religião nos  ensina a acreditar. Espírito, aqui, é informação refinada no mais alto grau, transformada na crença inalienável de que cada indivíduo tem uma missão a cumprir na tarefa de fazer a humanidade mais feliz.
     Esse refinamento pode também integrar a religião, já que nós a entendemos como um estado psíquico gerado nos níveis mais altos do sistema neurológico, pois a sua verdadeira prática exige um considerável grau de abstração. Especialmente quando se trata de uma religião metafísica, fundamentada em pressupostos filosóficos e no exercício da meditação, que no fundo,  que nada mais é que uma forma de treinamento do sistema neurológico para controlar as funções de sentir e pensar.        
Mas assim como a religiosidade mal dirigida pode descambar em fanatismo, também o próprio conhecimento, quando é inchado de vaidade, conspira contra a espiritualidade de que falamos aqui, pois aquilo que deveria ser sutileza de espírito acaba se tornando pedantismo, arrogância, mesquinhez, egoísmo e intolerância, que são as marcas do indivíduo que pensa ser o dono da verdade. 
     Esta é a nossa visão particular do processo que resulta na entidade que conhecemos pelo nome de “espírito”. Isso significa que nós o entendemos como sendo o resultado da consciência que desenvolvemos no decorrer da nossa experiência de vida. Não sabemos dizer se ele, como entidade, é algo que existe antes de nascermos, mas acreditamos na possibilidade de gerarmos algo com essas propriedades quando transcendemos do nível da consciência pura para o da espiritualidade. E assim, quando a vida orgânica se extingue, e com ela todos os atributos do ser enquanto criatura humana, inclusive os psíquicos, o que fica é uma marca, um resultado, uma experiência sublimada, como contribuição que aquele ser humano em especial, agregou ao acervo comum de realizações efetuadas pela humanidade.
     Nesse sentido, o espírito pode ser visto como energia psíquica que se integra à Noosfera [1] na forma de pensamento e se transforma em recurso que pode ser compartilhado por todos os seres humanos.

      Imensidade na imensidão de um espaço impossível de ser percorrido fisicamente;      
      Profundidade na rasura de um tempo que nada mais é do que uma fração insignificante na vida do universo;
      Qualidade e novidade, como emergência descontínua em um mundo que se forma segundo padrões de desenvolvimento continuados e sempre iguais; 
      Movimento acelerado na aparente lentidão de uma paisagem que precisa de milhões de anos para trocar de roupagem e mudar seus atores, eis o ser humano, agindo no ambiente com ações específicas, em resposta às suas necessidades e como reflexo das suas próprias ações! 

      Aprender a viver num ambiente que se modifica por força dos seus próprios atos;
     Aprender a ter consciência dos próprios atos, para praticá-los com uma lógica interna cada vez mais apurada, capaz de atender aos padrões de equilíbrio necessários à saúde do organismo e à manutenção do equilíbrio ecológico do ambiente no qual vive;
     Aprender a aprender para que, a partir do sucesso obtido em cada resposta dada, não resulte acomodação e estagnação;
      Aprender a “ver-se” como centro convergente de uma esfera, cujos raios se multiplicam e se espalham em todas as direções, “informando” todas as partes do universo, e dele recebendo informação;
      Eis a missão última e inalienável do homem, enquanto sistema, e como criatura estruturada neurologicamente para cumprir a missão para a qual foi feito.
 
 

 



[1] Noosfera é o termo utilizado por Teilhard de Chardin para designar o conjunto de todas as reflexões emitidas pela espécie humana desde a sua primeira manifestação psíquica. Forma, na visão daquele pensador, uma espécie de “camada” energética, semelhante à atmosfera, que aureola a terra, permitindo a todas as pessoas, indistintamente, acessá-la como a um manancial de recursos psíquicos. Equivale, no meu entender, à noção de espírito coletivo, intuída por Jung.
 
PNL- ESPIRITUALIDADE E MISSÃO

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 04/03/2013
Alterado em 04/03/2013


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