João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


A ARTE IMITA A VIDA

Sitting on a sofa (sentado no sofa)
On a Sunday afternoon (num domingo á tarde),
Going to the candidates' debate, (vendo os candidatos debaterem)
Laugh about it (ria disso)
Shout about it ( grite para isso)
When you've got to choose (quando você tem que escolher)
Every way you look at it you lose (de qualquer jeito que você olhar para eles você se ferra).

 
Essa velha canção de Simon e Garfunkel foi feita nos anos sessenta para servir de tema para um filme onde uma respeitável senhora casada se envolvia com um rapaz e ficava na boca da sociedade. A letra da canção procurava consolar a adúltera Ms. Robinson dizendo que ela não tinha alternativa senão encarar tudo de uma forma pragmática, porque fizesse o que fizesse, no fim, tudo ia dar no mesmo. Isso me lembra a minha mãe, quando se falava do Getúlio em casa: “falem o que falarem desse homem, mas ele é o único que presta entre essa gente toda. Os malufistas também dizem a mesma coisa do seu líder: “ ele rouba mas faz”. Isso é pragmatismo, e afinal, quem inventou essa filosofia foi um filósofo americano chamado William James.
Parece até que os nossos veteranos roqueiros (eu fui macaco de auditório deles) fizeram essa canção vendo o debate entre os nossos ridículos presidenciáveis de hoje. Eu tive a nítida sensação evocada por eles, pois cada vez que olhava para a televisão eu sentia que estava sendo roubado em alguma coisa. Faltou pouco para eu começar a procurar pelo apartamento para ver se algo estava faltando.
Ainda bem que o debate não foi no domingo á tarde, na hora do futebol, como diz a canção. Embora a classe política brasileira, era PT-PSDB, tenha contaminado com corrupção, trambicagem e mediocridade até o nosso velho e glorioso futebol, essa é a única e boa diversão que um pobre mortal ainda encontra na TV aberta nas tardes do domingo. As opções são o Domingão do Faustão, Silvio Santos e que tais, e quem tem opções como essas, na verdade não tem opção nenhuma. Eu jamais perdoaria os políticos se eles, além de tudo que já fazem para ferrar a gente, me fizessem mais uma sacanagem dessas, tirando o futebol da telinha e botando a cara lavada deles no lugar.
E dizem que aquele cara que invadiu o hotel dos bacanas lá em Brasília com uma arma de brinquedo e uma bomba falsa era maluco. Ele fez isso porque queria uma mudança drástica na política do país. Sem dúvida era louco. O Don Quixote e Jesus Cristo também.
Mas voltando aos candidatos, que coisa mais triste é o atual sistema político brasileiro. Um sistema montado para eleger sempre os mesmos. A idiota da Marina, que aliás não representa nenhuma novidade, pois nada mais é do uma petista arrependida (Joana D’Arc do Pantanal que virou Madalena arrependida) pensou que podia entrar no meio dessa zona para pregar o evangelho. Ficou que nem pastor evangélico dentro da penitenciária, pregando para a turma do PCC. Virou a mortadela do sanduiche PT-PSDB e não duvido que a hora da eleição volte para o lugar onde começou, quando o titular era o Eduardo Campos: o terceiro lugar. Quando muito,serviu para temperar a salada e enganar o nosso alienado povo de que isso que temos aqui é uma verdadeira democracia.
A Dilma provavelmente vai ganhar as eleições. Mas não será ela que vai ganhar, mas sim o seu marqueteiro. Quem tem a metade do horário eleitoral gratuito para ficar metendo o pau nos adversários, ao invés de discutir soluções para os problemas do país (problemas que, na maioria, ela e o seu partido de trambiqueiros agravaram), já sai nesse jogo viciado, que são as eleições no Brasil, com pelo menos três coringas na manga. E depois, como dizia um antigo prefeito da minha cidade (o pai do Waldemar Costa Neto, preso no escândalo do Mensalão), quem tem a máquina na mão e não consegue se reeleger, ou é muito incompetente, ou então é muito burro.
Se a Dilma se reeleger nós teremos mais quatro anos de desmandos no país, com economia em crise, PIB em declínio, inflação em alta, o Brasil perdendo o respeito da comunidade internacional em razão da politica externa bolivariana que o PT adota, e o saque nos cofres públicos que o partido da presidenta e seus aliados vêm promovendo sistematicamente. Se o Ministério Público e a Polícia Federal dessem uma varejada nas  ONGs que os petistas fundaram por todo esse Brasil para desenvolver os tais “programas sociais” do PT, não duvido que iriam encontrar um propinoduto mais caudaloso do que os dutos da Petrobás, que mais do que o óleo e o gás que transportam, minaram para os bolsos dos amigos do Lula e da Dilma alguns bilhões do nosso pobre dinheirinho.
Mas tudo bem: como dizia o Mário Henrique Simonsen (ou foi o Delfin Neto?), o Brasil é maior do que qualquer buraco. Só se esqueceram de dizer que desde então os políticos têm trabalhado bastante para alargar o buraco e diminuir o tamanho do Brasil. Um dia desses vamos descobrir que esse buraco é maior que o país.
Vamos rezar para que a Dilma (ou seja quem for que ganhe esse pôquer viciado) tenha um pouco de discernimento e procure curar o Brasil desse complexo de inferioridade que a América Latina tem sofrido ao longo da sua história e que, de quando em quando, explode em bizarros movimentos esquerdistas, cujo único resultado é produzir líderes tão ridículos quanto os próprios movimentos que eles desencadeiam. Agora é o Bolivarianismo, que já liquidou a promissora Venezuela, está afundando a outrora arrogante Argentina, condena a Bolívia a um eterno subdesenvolvimento e, ao que parece, é simpático aos ideólogos do PT. Talvez seja hora de reler os “Cem Anos de Solidão”, do Gabriel Garcia Marques.
E como a arte imita a vida, termino parafraseando o inefável Belchior: “ minha dor é perceber que apesar de tudo, tudo, que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais."
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 01/10/2014
Alterado em 01/10/2014


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