João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


O TORNEIO DOS MENTIROSOS
 
Samuel Langhorne Clemens ( 1835- 1910), mais conhecido como Mark Twain, foi um famoso escritor e humorista norte-americano.  Ficou conhecido pelos romances The Adventures of Tom Sawyer (1876) e Adventures of Huckleberry Finn (1885), dois romances praticamente autobiográficos, que contam as aventuras de sua infância em sua terra natal, a cidade de Haniball, no estado americano do Missouri. Mark Twain, a par do seu extraordinário talento literário, era admirado também pelo seu humor, a ponto de ser considerado o maior humorista americano de seu tempo. Uma das suas especialidades era a contação de mentiras. Isso mesmo. Ele era mestre em contar mentiras. Organizava até concursos de contação de lorotas. Em um desses concursos de mentirosos, realizado lá em Haniball, Missouri, um dos participantes contou que em sua cidade havia uma caverna com um eco tão poderoso que a pessoa chegava na entrada dela e dizia “Olá, tudo bem?” e o eco repetia cem vezes “Olá, tudo bem...”. Ai veio outro concorrente e disse que isso não era nada, porque em sua cidade também havia uma cavena com um eco tão poderoso que repetia quinhentas vezes a palavra dita. Então Mark Twain entrou com a dele: “Isso é fichinha perto do eco que a caverna da minha cidade emite. Se a gente chega na  entrada dela e grita, “Olá, tudo bem?”, o eco responde mil vezes: “Eu estou ótimo, e você”?
Essas lembranças do Mark Twain me vieram á tona vendo a propaganda eleitoral de ontem. Se a Dilma e o Aécio estivessem participando desse concurso de mentirosos lá do Missouri, não teria sobrado para ninguém. Nossos presidenciáveis dão de mil a zero em qualquer mentiroso que se apresente, daqui ou de qualquer outro lugar, naquele tempo ou agora.
Vá lá que o Aécio a gente perdoa. Ele é mineiro mesmo, e mineiro, com a sua tradição de caboclo, gosta mesmo de contar “causos”. E a maioria são, evidentemente, mentiras. Por isso o Aécio mente melhor. Sua conversa mansa, de Pedro Malasartes, soa como lorotas de caboclo, contadas ao pé de uma fogueira de São João. A gente escuta e até se diverte com elas. Sabe que tudo são lorotas, “petas”,como se diz no sertão, mas sai com aquela impressão de que não está sendo “programado” para acreditar nelas.
Já a Dilma não. A Dilma fala como se ela realmente acreditasse no que está dizendo. Não importa que tudo que ela diz seja imediatamente contradito pela realidade. No país da Dilma não há recessão, nem inflação, nem insegurança, nem falta de recursos para a saúde. E nem corrupção. Essa, como diz o Lula, foi inventada pela imprensa para desestabilizar o PT. O assalto aos cofres públicos que o PT e seus aliados vêm fazendo sistermaticamente desde que chegaram ao poder é ficção jornalística. O Mensalão não existiu: foi um julgamento político que mandou para a cadeia meia dúzia de “companheiros” da quadrilha. E esse negócio da Petrobrás. Bem, esse aí ...A Dilma diz que nunca concordou com mal feitos. Se o negócio fosse bem feito, quem sabe...
E tudo isso é dito com um jeito ameaçador de velho coronel das caatingas: “Acredite no que eu estou dizendo, senão...”. E a mesma mentira é repetida milhares de vezes, cada vez em tom mais incisivo. Terrorismo linguístico praticado à maneira de Goebbels, o Ministro da Propaganda de Hitler.
Estamos vivendo tempos difíceis. Tempos bicudos, em que a tempestade fica cada dia mais forte e nenhum porto aparece ao largo, onde o navio possa ser fundeado. E o navio está sem capitão. Os que se arvoram em comandantes, até agora não mostraram nenhuma competência para que a gente, ao menos, possa ter confiança de que eles vão saber guiar esse navio a um porto seguro. Aliás, um deles, a Dilma, já mostrou que não. Pois foi exatamente ela que nos jogou no meio dessa tempestade.
Num panorama desses só resta fazer como os antigos Argonautas do Tosão de Ouro. Se os ventos não sopram a nosso favor, peguemos todos nos remos e rememos. Só a força dos nossos braços pode nos tirar desse mar tenebroso. Aos remos, camaradas! Não esperemos por nenhum Messias para nos guiar. Esse personagem não existe, ou se existe ele já veio e nós o puzemos em uma cruz para morrer. Dizem que ele voltará, um dia. Mas isso também soa como uma boa “peta”. Duvido que ele seja tão bobo a ponto de cometer de novo o mesmo erro.
A propósito, alguém também já disse que quem vive á espera de um salvador não merece ser salvo.
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 10/10/2014
Alterado em 10/10/2014


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