João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


O CARMA PETISTA
 
53 milhões de pessoas votaram em Dilma Roussef hoje e deram mais um mandato para o PT. O país tem cerca de 130 milhões de eleitores. Numa aritmética simples, 77 milhões não votaram pela continuação do PT no comando do país. Essa é uma conta que não pode ser ignorada. Duas coisas emergem daí. Primeiro, que o atual governo é recusado pela maioria da população. Segundo, que no sistema político atual não foi oferecida nenhuma alternativa confiável para por no lugar dele.  
No caso venceu quem tinha mais a perder do que a ganhar. O medo dos milhões de pessoas que hoje vivem da política distributiva do governo petista foi mais forte que a ousadia daqueles que queriam alguma mudança nesse modelo suicida. Mas há uma coisa que não vai mais poder ser ignorada: não se rouba impunemente, nem se pratica o robinudinismo inconsequente para sempre. Até porque para se tirar dos ricos para dar aos pobres é preciso que existam ricos para ter de quem tirar. Que o PT não pense que a vitória nas urnas foi uma licença para continuar rapinando o país e deixando seus apaniguados saquear os cofres públicos impunemente. O país exige reformas e vai lutar por elas. Isso quer dizer que a campanha eleitoral vai continuar pelos próximos quatro anos.

País rico não é país sem pobreza, mas sim país que produz riqueza.
O populismo, que sempre foi a marca dos governos latino-americanos, tem sobrevivido graças a esse mecanismo vicioso: distribuir o que não tem. Jogo do rouba-monte. Com isso socializa a pobreza ao invés de incentivar a produção da riqueza. Até o slogam petista reflete essa idéia: país rico é país sem pobreza. Mas como erradicar a pobreza sem incentivar a produção de riqueza? Se o país não cresce, se a economia está estagnada, se os empresários não investem, se a produção interna não aumenta, se cada vez mais o povo prefere gastar lá fora o que deveria gastar aqui dentro, o que restará, dentro de alguns anos, para distribuir? Como o PT espera continuar pagando as bolsas-famílias, aumentando inclusive os beneficiados desse programa, como tem prometido, se não houver arrecadação suficiente para sustentá-lo?
As eleições de 2014 deixaram claro que existe uma divisão entre o Brasil que produz e o Brasil que consome. O país produtivo está dizendo em alto e bom tom que não vai mais continuar pagando a conta desse populismo inconsequente. É claro que quando há um aumento na procura, a oferta deveria aumentar na mesma proporção. Assim, quanto mais pessoas entram no mercado de consumo, mais o sistema produtivo do país tem margem para crescer, produzindo.  Não precisamos ser economistas para saber disso. Mas não é assim que funciona. Não adianta nada aumentar o número de consumidores no Brasil se a oferta de produtos não vem das nossas fábricas, mas sim da China, da Índia, da Coréia.  Aumentamos o número de bocas para comer e principalmente o apetite delas, mas não o número de pessoas que põem comida na mesa, nem as unidades de produção. Se a família aumenta é preciso que também aumentem o número de pessoas que trabalham para sustentá-la e o número de postos de trabalho. Assim, não basta incentivar o consumo, se na mesma fórmula, não for incentivada a oferta. Quem sabe não seja a hora de o governo mudar também esse slogam idiota que seus marqueteiros inventaram. Até porque país rico não é país sem pobreza, mas sim, país que produz riqueza. Alemanha, Japão, Estados Unidos são ricos, não porque não tenham pobres (eles têm e não são poucos), mas sim porque souberam criar economias fortes. Só se pode distribuir o que se tem. E o Brasil não é a Venezuela, com todo respeito pelo nosso vizinho do norte, que não merece o que o chavismo está fazendo com aquele país. Mas como disse um general alemão, quando Hitler assumiu o poder, os países, como as pessoas, tem um carma a cumprir. O nosso é o PT. É preciso experimentar a dor para saber o que é o prazer. E como carma implica em renascimento, quem sabe aquele PT que morreu quando assumiu o poder também não renasce, e volta a ser aquele partido que tanta esperança nos deu nos anos oitenta?
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 27/10/2014
Alterado em 28/10/2014


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