João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


O PT E OS VERMES DO CADÁVER

O Advogado do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, Mario de Oliveira Filho afirmou ontem que, no Brasil, não se faz obra pública sem “acerto” e que quem nega isso “desconhece a história do país’. Apontado como operador do PMDB em esquema de desvio de recursos na Petrobras, Fernando Baianolo se entregou anteontem na sede da Polícia Federal de Curitiba e é um dos 24 presos que tiveram a prisão decretada na sexta-feira pela Operação Lava Jato.
É muito triste ouvir isso, mas infelizmente é verdade. E não podemos atribuir isso ao PT, por que essa prática já vem de longe, desde mesmo os tempos que Tomé de Souza chegou por aqui com sua troupe. Nos velhos tempos da colônia, superfaturar obras públicas, cobrar propinas e dificultar as coisas para vender facilidades já era uma prática tão comum que o velho poeta Gregório de Matos Guerra , o Boca de Inferno, definiu as autoridades públicas com os satíricos versos “ por fora, bela viola, por dentro pão bolorento”. E não foi só ele. O grande Padre Vieira também não poupava a camarilha da época em seus sermões. Ficaram famosos os seus acrósticos Sermões nos quais ele apostrofava as autoridades maranhenses com tudo que era nome feio. Quer dizer, a família do Sarney já tinha seus antecedentes, o Padre Vieira que o diga. Nos tempos da ditadura militar dizia-se que o Mário Andreazza, por exemplo, brigou com o Figueiredo porque este foi aos Estados Unidos botar uma “ponte de safena”. E assim ele, que era Ministro dos Transportes, não pode cobrar sua comissão.
O problema agora é que PT institucionalizou a corrupção. Levou-a para dentro do governo e fez dela uma prática partidária. Do Mensalão ao Petrolão, se outros “territórios” que foram distribuídos aos partidários do PT e seus aliados forem varejados pelos binóculos da Polícia Federal e do Ministério Público, vai sobrar pouco lugar para Madre Teresa montar sua banca.
Don Corleone, o inefável personagem do romance de Mário Puzzo dizia que a sociedade é corrupta por natureza e era movida pelo dinheiro e pela vantagem que cada um consegue colocar sobre o concorrente. Por isso ele se protegia e protegia aos seus. A Máfia era uma família que não se conformava aos corruptos modelos sociais e fazia o seu próprio modelo. Ele tinha razão. A sociedade, especialmente, quando ela é livre e têm como valores mais importantes o sucesso econômico e a ascensão social, faz da corrupção e falta de ética uma das suas mais eficientes ferramentas de trabalho. Por isso a sociedade democrática cria mecanismos de controle para, pelo menos, tentar evitar que isso se torne uma politica de estado e acabe institucionalizando a lei da selva.
Acho que foi isso que os líderes do PT esqueceram. A corrupção é natural no ser humano. Mas não precisa ser praticada como filosofia de partido. Que os líderes do PT, que ainda tem alguma ética, e certamente que nem todos são Josés Dirceu no partido, não se esqueçam dessa verdade fundamental. Quando os vermes começam a corroer o nosso corpo é porque já estamos mortos.
  
 
 

 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 21/11/2014


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