João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


O PAÍS LOTEADO       

A Veja chamava a era Sarney de República do Maranhão. A era Collor foi a República das Alagoas. Como deveríamos chamar a era Lula/Dilma? O concurso para a eleição de um nome está aberto. Lula é pernambucano e Dilma é uma gaúcha criada em Minas. Quem sabe República Minaperna ou Riobuco? Qualquer um serve, pois é tudo igual mesmo. Em todos esses(des) governos o que conta mesmo é o loteamento do país pelos apaniguados dos políticos que sustentam o governo. Lembrei-me de um velho filme que assisti quando era criança. O governo americano, para povoar um determinado estado (acho que era Oklahoma), dividiu o território em lotes e promoveu uma corrida entre os interessados. Ficava com os lotes quem fosse mais rápido e competente. Aqui nós damos lotes para os “sem terra” que vão vendê-los depois para outros “sem terra”, sem ter plantado uma única semente.  Conheço bem esse negócio de loteamento, pois dei vários treinamentos para grupos de servidores públicos na área de administração publica federal. O governo me contratava para ensinar técnicas modernas de administração e de relacionamento humano para servidores públicos que atuavam, geralmente, em contato direto com a população. Depois de um certo tempo parei de fazer esse trabalho porque percebi que ele estava sendo inútil. As repartições onde apliquei os treinamentos continuavam iguais ou piores em termos de eficiência administrativa e relacionamento com as pessoas. Fiquei decepcionado, porque nas empresas privadas onde os treinamentos eram aplicados eles  sempre funcionavam. Portanto, não eram as técnicas ensinadas que eram ineficientes mas o público a quem eram ministradas. Pesquisando o assunto acabamos descobrindo que as pessoas enviadas para receber o treinamento eram exatamente aquelas que estavam encostadas nas repartições por algum motivo. Ou porque incomodavam os chefes ou porque não produziam nada mesmo. Então os chefes a mandavam para os treinamentos para se livrarem delas. E quando voltavam continuavam encostadas ou eram colocadas em tarefas subalternas. Nunca se mandavam funcionários com potencial para liderança, ou quando mandavam, eles nunca tinham chance de assumir cargos importantes dentro da repartição. Em consequência, os treinamentos sempre se perdiam. Indo mais longe na pesquisa verificamos que a grande maioria dos cargos nas repartições públicas do país(estamos falando da esfera federal, mas nos estados e municípios não deve ser diferente) eram preenchidos por critérios políticos, Quem não tinha um alto QI (quem indica) jamais era indicado para um cargo importante. Não importava quantos diplomas tivesse, nem quanta experiência ou inteligência e preparo. O critério era sempre político. Isso já faz mais de vinte anos. Agora leio no Estadão que o PT está mapeando os cargos públicos existentes na administração pública federal para fazer indicações em bloco. O Brasil é um país tão bonito quanto a mulher mais bonita. E dizem que mulher bonita é como melancia. Ninguém consegue comer sozinho. Não sei o que é pior. Um cabo eleitoral de políticos comandando uma repartição pública, fazendo de tudo para recompensar o seu padrinho, ou a bolivarização total da máquina pública, onde a ideologia de um partido vai ditar as regras. Tenho orgulho em ser brasileiro, mas ás vezes não posso deixar de sentir uma pontinha de inveja do sistema americano, onde até o cargo de delegado de polícia local (xerife) é preenchido por eleição. Mas eu sou otimista e hei de morrer assim. Um dia este país vai ser sério. PS. Acho que o filme se chamava Cimarron e o ator era o Glenn Ford.

 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 21/12/2014
Alterado em 27/12/2014


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