DILMA E A HIPOCRISIA DOS DIREITOS HUMANOS
O mundo inteiro se mobilizou para pressionar o governo indonésio a mostrar clemência e deixar de fuzilar os seis traficantes que foram pegos tentando entrar com drogas naquele país. Entre eles um brasileiro. É bonito e tocante ver o quanto as pessoas se preocupam com os direitos humanos, principalmente quando se trata de um caso de repercussão internacional, envolvendo autoridades políticas e celebridades mundiais. Até o papa deu o “pitaco" dele na questão e a nossa doce presidenta, que nunca emitiu um pio sequer contra a criminosa repressão que o amigão dela, o Maduro da Venezuela, move contra os dissidentes do seu ridículo regime, nem jamais disse qualquer coisa contra os assassinatos perpetrados pelos Irmãos Castro em Cuba, se deu a trabalho de telefonar para o presidente indonesiano pedindo clemência para o brasileiro. Parabenizamos a nossa presidenta pelo seu “beau gest” em defesa dos direitos humanos, mas gostaríamos de perguntar: esse rapaz é inocente?
Sem dúvida que a pena de morte é uma pena cruel e desumana, que já deveria ter sido banida dos ordenamentos jurídicos de todos os países do mundo. Mas esse caso em especial, vale toda a mobilização que se está fazendo em torno dele quando se sabe que nas favelas das nossas principais cidades, centenas de pessoas, incluindo crianças, são fuziladas diariamente por causa do tráfico de drogas? Aliás, uma outra pergunta: esse caso teria tanta mídia se a Indonésia não fosse um país muçulmano, e muçulmano não estivesse na ordem do dia, sendo carimbado com a pecha de bárbaro, medieval, sanguinário?
Lamentamos e nos solidarizamos com a família desse brasileiro que vai enfrentar hoje o pelotão de fuzilamento da Indonésia. Entendemos o seu sofrimento e sentimos muito. Mas não queremos ser hipócritas e não podemos deixar de fazer outra pergunta: se esse moço fosse fuzilado em uma batida do BOPE em um dos morros “pacificados” do Rio, ou numa guerra de quadrilhas por pontos de tráfico em uma cidade qualquer do Brasil, será a que a Dilma, o Papa, o Pelé, o Lula, o Fernando Henrique o Obama e todos os notáveis do nosso civilizadíssimo mundo ocidental se dariam ao trabalho de ir aos jornais e enfrentar as câmaras de TV para expressar suas opiniões sobre o fato? E a mídia também gastaria tanta tinta com isso?
Tudo isso nos parece apenas ladainha de fariseu. Uma baita hipocrisia. Tudo bem que as nossas causas ideológicas sempre precisam de um mártir. Eles dão charme á elas. Não importa se os mártires são inocentes ou culpados. O que preocupa é a formidável inversão de valores que acaba sendo feita nesses casos, sem que a gente se dê conta disso.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 17/01/2015
Alterado em 17/01/2015
