João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


O PT E O COMPLEXO DE POBRE.
 
Em 1789 os franceses saíram ás ruas para derrubar o velho regime que separava o povo francês em nobres e plebeus. Depois de dez anos de luta a monarquia francesa, que durante mais de 1200 anos governou o país, foi derrubada. Mas levaria ainda pelo menos um século até que a França conseguisse pacificar as facções em luta e implantar um regime republicano estável. Em 1862, quase cem anos depois da revolução redentora, Victor Hugo publicou a sua obra máxima, Os Miseráveis. Nela ele mostra que, mais de cinquenta anos depois, o povo francês continuava tão pobre e infeliz, ou até mais ainda do que era antes da revolução que cortou as cabeças dos reis, dos nobres e dos opositores que ousaram se opor aos burgueses revolucionários que derrubaram o ancien regime, em nome da igualdade, liberdade e fraternidade. Diferente da revolução americana, na qual os colonos brigaram porque não queriam pagar mais impostos ao governo inglês. Uma causa bem prática aliás.
Isso mostra uma coisa: ideologia não enche barriga de ninguém. Ideologia é uma bela bandeira para ser seguida na hora da batalha, mas quando se trata de construir alguma coisa, ela mais atrapalha que ajuda. É o que está acontecendo com o PT. Malgrado os tempos, que são outros, e as condições, que também são outras, não há  que diferenciar o PT dos sem culotes de Danton, Marat e Robespierre, líderes do movimento que derrubou a monarquia francesa e depois implantou um reinado de terror e corrupção no país. Nem dos exaltados idealistas da Revolução russa que fuzilaram a família real e os membros da nobreza em nome dos pobres e injustiçados mujiques russos e depois se apossaram dos castelos, das fazendas e das fábricas russas, transformando-as em propriedades do partido, ou seja, propriedades particulares dos donos dos partidos.
O que vem fazendo o PT é exatamente o que fizeram os idealistas de outras revoluções, em outros lugares do mundo. Em Cuba, na Romênia, na China, em todos os lugares onde a ideologia substitui a política do bom senso e do pragmatismo responsável. Onde as pessoas depositam suas esperanças em “ messias salvadores” ao invés de procurar desenvolver o espírito kaizen, ou seja o espirito do autodesenvolvimento, do “faça você mesmo”. Aliás, até mesmo os judeus, que cunharam o arquétipo do “messias” logo perceberam que estavam criando um “mico” para si mesmos com essa ideia, pois assim que surgiu alguém que encarnava o tipo eles logo trataram de se livrar dele. Sofreram muito com isso porque logo outro povo comprou a ideia e até hoje continua cobrando deles essa mudança de posição. Mas eles continuam vivos e por mais que se tente exterminá-los eles sempre resistem como a tiririca dos campos.
Mas isso é História e nós estamos falando de ideologias. No presente nós estamos vendo o que uma falsa ideologia pode fazer a um país. O PT vendeu uma ilusão ao povo brasileiro, dizendo que todo mundo tem direito ao bem estar econômico e que bastava pegar tudo que o país produzia e começar a distribuir. Com isso enganou mais da metade do povo brasileiro e continua enganando. Politica distributivista, sem qualquer planejamento nem racionalidade, desprezando completamente a ideia de que, para distribuir, primeiro a gente tem que ter, é apenas socialização da pobreza.  Isso sem contar com o fato de que, quem distribui geralmente pega a maior parte para si mesmo, como o PT vem fazendo agora.
Aliás, esse é o paradoxo das ideologias distributivistas: achar que pode eliminar a pobreza combatendo a riqueza. A riqueza não se constroi com slogans do tipo" pais rico é país sem pobreza". Isso é pura tautologia. Conclusão verdadeira extraida de um silogismo construído sobre pressupostos falsos. A pobreza só pode ser eliminada quando há riqueza para ser distribuida. Os franceses levaram mais de cem anos para descobrir isso. Os russos quase setenta. Cuba começa a despertar desse sonho agora.
Essa politica enganou o povo brasileiro durante quase dez anos – principalmente nos dois mandatos do Lula- porque as condições internacionais eram extremamente favoráveis. A China crescia a altos índices, a Rússia tinha se livrado das suas amarras comunistas, os Estados Unidos mantinham o facho, a Europa ainda gozava do rescaldo da moeda única que impulsionava a economia dos irmãos mais pobres. E o Brasil se aproveitou disso porque os nossos maiores produtos de exportação são exatamente o que o mundo precisa para produzir, ou seja “ comodities” ( leia-se matérias primas). Então muita gente começou a achar que o “messias” Lula “, o Filho do Brasil”, era um grande estadista. Até ele mesmo já estava se achando tudo isso.

Mas aí veio a derrocada. A China baixou a bola, os Estados Unidos descalçaram as botas, o Japão tirou um cochilo, a Europa entrou em crise, e toda a utopia petista também ruiu. Sobrou a lama no fundo do poço em que eles atiraram o país. Mas mesmo assim parece que os petistas não aprenderam nada. A Dilma ainda prefere prestigiar o “companheiro” Evo Morales na Bolívia ao invés de participar da reunião entre os líderes das principais nações do mundo, que lá estão discutindo os rumos da economia mundial. Complexo de pobre. Não adianta. Ideologia é pior que religião. Depois que ela envenena a mente da gente, vira escotoma. Jesus tinha razão: aos pobres sempre os tereis convosco.
O Lula e a Dilma continuam dizendo que não sabiam de nada que os seus companheiros e aliados estavam fazendo com a Petrobrás e outras empresas públicas. Enquanto isso distribua cargos para os políticos aliados sem cogitar se eram competentes ou não. Puseram o Edson Lobão para cuidar das nossas minas e energia. Hoje não temos mais nem minas nem energia. Puseram o Aldo Rebelo para cuidar dos esportes. O Brasil, maior campeão de todos os tempos, em sua casa, toma de sete da Alemanha e nem sequer chega á final. De quebra deixa o futebol brasileiro completamente falido e com uma conta de muitos milhões para pagar pelos elefantes brancos das arenas da Copa. Enquanto isso, o pavãozão do Zé Cardoso continua tomando conta da (in) segurança do país.
Os únicos que estão bem no governo do PT são exatamente aqueles que foram execrados pela sua ideologia e apontados como os grandes vilões do país: os bancos. Aliás, eles sempre estiveram, em todos os governos, e continuarão a estar, seja em que tipo de governo for. Por que, como disse Adan Smith, o filósofo do capitalismo, o dinheiro é mais inteligente do que as pessoas que o manipulam. Ele sempre procura os bolsos de quem sabe trabalhar com ele. Aliás, Jesus já ensinara isso na sua proverbial parábola dos talentos. Deus distribui dez para sabe multiplicar, cinco para quem sabe somar e um para quem só sabe consumir. No fim tira-se de quem só recebou um e dá-se para quem recebeu dez. ado: Aos que muito tem, mai será dado; aos que nada tem, o pouco que tem será tirado. Banqueiro sempre sabe quais são os bons clientes, quem sabe aplicar e consegue  devolver o que lhe foi emprestado. Por isso eles se retrairam e estão aplicando o seu dinheiro em outros países, onde o governo é mais inteligente e menos "ideológico" do que o nosso.
No fim, a gente sabe para quem sobra a conta. Aliás, j
á começamos a pagá-la agora, com aumento de impostos, de tarifas, inflação, falta de água, apagões etc. etc.


O PT quebrou o país com a sua falsa ideologia. E não parece que esteja tentando consertar. O novo ministério da Dilma é uma verdadeira arca de Noé, composto mais por interesses políticos do que por competência técnica.  Mas para não dizer que eu só sei falar mal da Dilma e do PT, quero dar meus parabéns a ela por uma coisa: pelo menos ela não botou o Mercadante para administrar a economia do país. Esse foi um lampejo de inteligência que me faz pensar que talvez ainda possamos ter alguma esperança.
  
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 23/01/2015
Alterado em 23/01/2015


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