João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


ENTRE LULA E BOLSONARO


 
Em 1776 o filósofo escocês Adan Smith publicava pela primeira vez o seu estudo sobre as causas da riqueza das nações. Não por acaso ele defendia um liberalismo econômico sem medida e com um mínimo de controle governamental, sustentando que as nações ricas eram aquelas que permitiam o livre fluxo dos capitais, estimulavam a acumulação da riqueza e garantiam a liberdade para todos aqueles que quisessem e pudessem exercer uma atividade econômica produtiva e de bons resultados. Quanto á distribuição da riqueza produzida, isso aconteceria naturalmente porque o ser humano é egoísta por natureza e o egoísmo era o melhor agente regulador das atividades humanas.
Smith era representante de uma elite econômica que havia transformado a Inglaterra na nação mais rica e poderosa do mundo, graças ao empreendedorismo de seus comerciantes e industriais, que promoveram a primeira revolução industrial e alargaram as fronteiras do mundo conhecido, muito mais para vender os produtos que se faziam na ilha do que propriamente para garantir poder político e militar para a Inglaterra. Era, portanto, bastante lógico que defendesse uma ideologia direitista, centrada no individualismo e na mais exacerbada liberdade. Aliás, Smith acreditava que poder político, militar e qualquer outro tipo de influência era pura consequência do poder econômico e só pode ser conquistado e sustentado quando a nação é forte economicamente e não apenas militarmente. A Inglaterra descobriu isso cedo e os Estados Unidos, seu sucessor imediato na liderança do mundo, também. Os alemães só iriam descobrir isso quase duzentos anos mais tarde e depois de duas guerras mundiais onde por pouco a própria Alemanha quase deixou de existir. Os russos  precisaram de setenta anos de experiência comunista para chegar á conclusão que poder militar  e ideologias socializantes não garantem a prosperidade de um povo nem lhe trás felicidade quando a sua economia é pobre e seus meios de produção obsoletos. Já os chineses e os japoneses, com seu proverbial pragmatismo oriental, não precisaram de tanto tempo nem de muita experiências para aprenderem tudo isso, embora os japoneses também tivessem sofrido com a febre militarista que vitimou italianos, russos e alemães na primeira metade do século XX, acreditando que a felicidade se conquista á força. Mas eles sararam a tempo e se recuperam. Descobriram que arados, tratores, fábricas e tecnologia de ponta são muito mais poderosos que tanques e canhões. E que para sustentar tanques e canhões é preciso ter muitas fábricas e fazendas, e muitas cabeças e braços trabalhando com Inteligência, saúde e tecnologia de ponta.
Educação, saúde, investimentos em tecnologias de produção, em saneamento básico e desenvolvimento de unidades produtivas são muito mais eficazes para fazer a riqueza de uma nação do que ideologias distributivistas e programas sociais de ajuda, que só ajudam as pessoas a ficarem mais pobres.
As ideologias de esquerda ainda não se curaram dessa dengue que provoca a preguiça, a moleza, a conformidade, a falta de autoestima e a consequente pobreza que acompanha esses estados de prostração orgânica e intelectual que atinge quem não aprende a ganhar a vida pelo próprio esforço.  Ainda acham que a justiça e a felicidade geral de uma nação se conseguem com a distribuição irrestrita e irresponsável da riqueza de uma nação, ainda que essa nação seja pobre e não tenha muito para distribuir. Não é toa que são sempre os povos mais miseráveis que são atraídos por ideologias de esquerda. Povos que já conquistaram certo nível de desenvolvimento econômico não querem nem falar nisso.
Isso acontece porque, ao distribuir a pobreza, os esquerdistas acabam sumindo com os poucos ricos que existem no pais e aumentam o número de pobres. Abraão Lincoln disse que ninguém acabaria com os pobres expoliando os ricos. Certo que o velho Abe era o presidente de uma nação claramente smithiniana e profundamente darwinista como os Estados Unidos da América. Lá sempre se acreditou, e até hoje se acredita, na seleção natural das espécies e na “mão invisível” que dirige o capital e o trabalho para produção e a distribuição dos produtos que o povo mais necessita.  Ao governo cabe apenas a tarefa de mediação e controle dessa atividade para que os conflitos que naturalmente se estabelecem entre oferta e procura, produtores e consumidores, capitalistas e trabalhadores, normais em qualquer sistema, não se acirrem ao ponto de provocar o desequilíbrio do Estado.
Os esquerdistas dizem que Jesus era socialista, ou comunista, porque seu grupo mantinha seus parcos bens em comum e ele advogava a necessidade de uma reforma social. Talvez fosse. Afinal, poucos personagens na história do mundo foram tão controversos quanto Jesus. Mas a melhor lição de capitalismo que nem Adan Smith foi capaz de superar foi ele quem deu com a sua famosa parábola dos talentos. Aliás, se a Dilma, o Lula e os ideólogos do PT fizessem uma releitura desse e de outros ensinamentos de Jesus, duvido que eles preferissem a companhia dos irmãos Castro, da Cristina “Matamoros”, do “companheiro” Nicolas Maduro  e do índio Evo Morales, ao invés de buscar interação e prestígio entre os principais líderes mundiais. Parece que o único pressuposto que o PT aprendeu na Bíblia foi aquele que diz: “ aos pobres sempre os tereis convosco”. E faz tudo para que esse pressuposto se confirme.
Aliás, a nossa pobre América Latina parece que não descobriu ainda que existe um meio-termo para tudo. Ou guina para a esquerda ou para a direita. Depois de uma ditadura de direita vem sempre uma inclinação para a esquerda. E quando esta se inclina demais e começa a dividir os resultados da pobreza que é uma característica de toda ideologia de esquerda ── sempre aparecem aqueles que sonham com a volta da direita linha dura.
Será que entre Lula e Bolsonaro não sobra um degrau onde este pobre país possa por o pé sem ficar nessa eterna gangorra entre a promessa  da utopia e a perpetuação da miséria? 
                                                                                                                                           
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 27/01/2015
Alterado em 27/01/2015


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