João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


ENTENDENDO AS RAZÕES DO AMOR
 
Passamos as nossas vidas procurando atribuir rótulos, identidades e valores às coisas. Quanto vale para você aquele estado de enlevamento místico, quase mágico, chamado amor? Quanto valia para um poeta romântico do século XIX, ou para um jovem, ou uma jovem que tenha modelado o amor através de um arquétipo tipo Romeu/ Julieta, por exemplo?
Talvez você pense que esses arquétipos não existem na vida real, que foram criados pela imaginação de um autor, apenas para despertar emoção nas pessoas. Mas eles existem sim. Existiam antes de Shakespeare contar a sua história sobre os jovens amantes de Verona, e continuaram a existir depois disso, com muito mais naturalidade.
O quanto você pode gostar de uma pessoa para se recusar a continuar vivendo sem ela? O que nos leva a experimentar uma intensa paixão por alguém? Certamente é o fato de nós associarmos à pessoa amada todos os atributos que o nosso sistema neurológico valoriza. E ao mesmo tempo dissociar dela aqueles que nos incomodam.
Outras pessoas podem ver que aquele (a) a quem damos o nosso amor é fisicamente sem atrativos, antipático (a), agressivo  (a), cheio(a) de defeitos. Nós, no entanto, não temos essa visão. Quem ama o feio, bonito lhe parece, já diz um antigo ditado, e isso é verdade. Ora, o que é isso senão o efeito swish[1]
provocado pela emoção do amor? Quer dizer, o nosso sistema neurológico só enxerga a pessoa pela emoção que ela nos provoca, e isso faz com que ela apareça à nossa mente com as cores mais favoráveis, os sons mais agradáveis, as sensações mais deliciosas.
Isso não quer dizer que não enxergamos os defeitos da pessoa amada. Enxergamos sim, mas não damos a eles uma valoração negativa. Porque nesse caso, quem dirige o processo é o nosso inconsciente. É ele quem valora a informação que nos chega dela. E essa valoração vem carregada de informação positiva. Daí não aceitarmos que a pessoa amada tenha uma voz irritante, um corpo desajeitado, uma postura deselegante, um odor desagradável, etc. Os outros escutam, veem e sentem isso  isso, nós não.

O amor, como qualquer outro estado interno que nós experimentamos é construído com informações neurolinguísticas. Existem, na pessoa amada, algumas informações que o nosso inconsciente recebe e nos levam a “crer” que aquela é a pessoa que corresponde aos nossos padrões de valores sentimentais, e consequentemente, a química do amor é liberada.
Essa química é feita de códigos neurolinguísticos. São as cores, o brilho, o foco, a imagem, o modo de olhar, de vestir, enfim, tudo que está ligado ao sentido da visão; são também as informações auditivas que vem dela, tais como o sotaque, o ritmo, a cadência, a clareza, a altura, a harmonia, o padrão de voz, tudo que se liga ao sentido da audição; e por fim, aquilo que a pessoa inspira em termos de sensações cinestésicas, como temperatura, maciez, suavidade, pressão, peso, aroma, leveza, paladar(a pessoa gostosa) etc. Estas são sensibilidades ligadas aos nossos sentidos prioceptivos. São esses códigos neurolinguísticos que fazem nascer o sentimento chamado primeiro de admiração, depois de enlevamento, em seguida de encantamento e por fim de amor. Daí nascem as metáforas que antecedem a instalação desse estado: ele(a) é um pão, ele(a) me dá um calor, ele(a) pega gostoso, etc (informações cinestésicas); Ela (a) é uma visão maravilhosa, um colírio para os olhos, (informações visuais); Ela(e) fala bonito, ouvi sinos, coro de anjos, quando o (a) beijei, a voz dele(a) me encanta etc. (informações auditivas);

Assim, da mesma forma que o amor é instalado através de informações neurolinguísticas, ele também é desinstalado, pelo mesmo processo, pela falta ou pela mudança dessas informações. Cadê o cuidado com a aparência que ele(a) tinha quando estavam namorando? Ele (a) hoje se arruma tão bem como naqueles tempos em que estavam namorando? Cadê as frases de amor, o tom doce e modulado que ele (a) colocava na voz quando conversavam? Cadê o carinho que ele (a) punha naqueles toques, cadê a pressão daquela “pegada” dos primeiros tempos? Cadê o calor daqueles beijos, a suavidade daqueles toques?
Todo sentimento é criado e alimentado por informações. O amor também. Quando a informação vai desaparecendo, ou mudando, o estado interno que ela alimentava também vai enfraquecendo. E de repente, um dia, a gente descobre que o amor acabou. Mas não foi o amor que acabou. Foram as informações que o alimentavam que deixaram de ser servidas. O amor, como qualquer outro estado interno é como é como a anedota do cavalo do fazendeiro inglês: quando está quase aprendendo a viver sem comer, ele morre.
Mantenha os seus sentidos bem informados. Assim o seu coração nunca mudará de ideia sem que você queira, nem jamais o enganará.

 
 
[1] Swish é um tipo de exercício desenvolvido pelos praticantes de PNL para “apagar” da mente informações neurológicas que geram estados internos limitantes. É um processo que ensina a usar a memória das nossas experiências como se ela fosse um filme rodado ao contrário.

 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 25/02/2015
Alterado em 02/03/2015


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