João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


Vi ontem um velho filme da saga Planeta dos Macacos. Nesse filme, que é o segundo ou terceiro da série, não sei bem, mostra-se que o advento da queda dos seres humanos e sua substituição pelos macacos, no controle do planeta,  começou com um não. Foi um chipanzé chamado César (nome bem sugestivo), que criado por um casal de cientistas, aprendeu a falar que desencadeou a tragédia.. E a sua primeira palavra foi “não”.
O “não” do macaco César começou uma revolução que mudou a estrutura antropológica e social do poder no planeta terra, e inverteu até a vontade divina, pois segundo a Bíblia, a raça humana foi posta aqui para encher a terra com seus descendentes, subjugar e dominar todas as demais espécies vivas. Ao invés disso acabou sendo escravizada por uma raça supostamente inferior, a dos macacos.
Lembrei-me de outros “nãos” que a história registrou. Também foi um não, dito pelos deputados burgueses dos Estados Gerais da França, em 1789, que precipitou a Revolução Francesa que derrubou o “ancien régime” e decepou as cabeças do inefável rei Luís XVI e sua bela rainha Maria Antonieta. ““Retornai e dizei ao vosso senhor que aqui estamos pela vontade do povo e daqui só sairemos pela força das baionetas”., disse Mirabeau, o tribuno do povo, quando o emissário do rei, com uma tropa de soldados, invadiu a sede do Parlamento para dissolver a Assembleia que ali se realizava para dar à França uma nova constituição. Por coincidência, a França também passava, naquele momento por uma grave crise política, econômica e social. Ninguém acreditava mais no governo e o povo se sentia esmagado e enganado por uma classe politica mesquinha, corrupta e inútil, que só fazia dilapidar  a riqueza do país, sob os olhares complacentes e cúmplices do rei e seus ministros.
Qualquer semelhança com o Brasil dos dias de hoje não terá sido mera coincidência. Escrevo este texto enquanto observo, na televisão, os preparativos para o protesto contra a presidente Dilma e seu partido, o PT. Lembro-me que, não faz muito tempo, o povo foi ás ruas para derrubar outro presidente inepto, corrupto e sem vergonha que enganou o povo com uma campanha propagandística maciça e depois deixou que uma quadrilha se instalasse no poder para saquear os cofres públicos. Naquela época havia um mar de bandeiras vermelhas, com uma estrela no meio, nas ruas pedindo o impeachement do presidente Collor. Os petistas, naquela época, não disseram que era golpe derrubar o presidente. Participaram do movimento com um entusiasmo digno dos revolucionários franceses. Se o Collor e sua mulher da época, saíssem á rua naquele dia, seriam enforcados em praça pública pelos então “democráticos salvadores da pátria” petistas.
Mas agora não. O PT promoveu o maior esquema de corrupção que já se viu na história deste país. Perto da rapinagem petista o escândalo Collor não passou de um golpe praticado por estelionatários de segunda classe. Mas os petistas dizem que derrubar Dilma é golpe. Petista parece torcedor fanático de futebol. Quando o juiz marca pênalti contra o seu time é roubo; se é a favos, é lance legal.  
O macaco César, Maria Antonieta, revolução. Toda revolução começa com um “não” e acaba com outro “não.” Aliás, se eu tivesse que escolher um símbolo para representar uma revolução escolheria um circulo fechado ou uma cobra que morde o próprio rabo. Os lideres dos cara-pintadas que derrubaram Collor acabaram se tornando deputados, governadores, senadores e uma boa parte deles hoje está encalacrada nas garras da Lava a Jato. Os burgueses franceses que derrubaram o rei e mandaram cortar o pescoço dos membros do antigo regime também acabaram com o pescoço cortado alguns anos depois. E de quebra abriram caminho para a ditadura de Napoleão.
Eu acho que a Dilma, o PT e todo esse sistema que está aí, sacaneando com a gente e acabando com o nosso país merecem um sonoro “não”. Mas precisamos ter cuidado com o que vamos por no lugar do monumento derrubado. Para não termos que derrubar tudo de novo daqui há alguns anos.
 
 
 
 
 
 
                                                                                      
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 16/08/2015


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