João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


FORO PRIVILEGIADO OU ASILO PARA BANDIDOS?

O ninho de ratos do Senado está em polvorosa com a prisão do ex-ministro Paulo Bernardo, que segundo a Polícia Federal andou roubando os funcionários públicos federais através do crédito subvencionado.  A grita é porque a polícia varejou o apartamento da senadora Gleisi Hofmann, que é esposa dele, em busca de provas.
A polícia e o juíz que ordenou a busca dizem que a senadora tem foro privilegiado, mas o marido dela não. Salvo melhor juízo, acho que o juiz tem razão. O fato de a senadora morar no mesmo apartamento não faz dele um santuário onde um criminoso pode se homiziar e ficar a salvo das autoridades. Se essa prerrogativa fosse reconhecida, estaria consubstanciada mais um odioso privilégio para quem a legislação já concede favores injustificados.
A senadora Gleisi está certa em defender o marido. Se ela, que dorme com ele, não fizesse, quem o faria? Como diz a sabedoria popular, não existe homem, por mais tranqueira que seja, que não tenha uma mulher que chore por ele. 
Agora, os demais senadores só o fazem por duas razões: a primeira é o espirito de corpo que essa verdadeira colônia de caranguejos que é o Senado, sempre mostra quando é atacado. A segunda é o medo do amanhã.
Hoje é a senadora Gleisi, amanhã pode ser qualquer um deles, pois ao que parece, nesse verdadeiro clube da propina que a nossa Câmara Alta se transformou, se sobrarem meia dúzia de senadores que não se lambuzaram no mel que a colmeia dos cofres públicos lhes fornece com fartura, é muito. E agora que essa farra está sendo cobrada, eles se ouriçam e se protegem como se fossem caranguejos sendo atacados por um predador.
Para um cidadão comum, que não tem esse odioso privilégio do foro privilegiado, a queixa dos senadores contra a Polícia Federal e o juiz de primeira instância que mandou varejar o apartamento dos pombinhos petistas (que se fartaram com o milho dos infelizes funcionários públicos federais que precisaram pegar empréstimos consignados), soa como uma sonora zombaria. É como se a lei permitisse a um criminoso um refúgio seguro onde as autoridades não podem entrar para prendê-lo. Algo mais ou menos como eram as igrejas na época medieval, ou as embaixadas de países estrangeiros, onde a autoridade local não tem competência para entrar. Aliás, não é demais lembrar que o Brasil é um dos poucos países do mundo que ainda mantém em sua legislação essa excrecência legal que só serve a políticos corruptos e bandidos bons de voto, que fazem de seus mandatos um verdadeiro escudo para a prática impune de seus crimes. Ele foi instituído para proteger o mandato de representantes legais contra a sanha dos ditadores de plantão e não para garantir impunidade para criminosos de colarinho branco. Está mais queora na hora de acabar com isso.
A senadora Gleisi Hofmann tem razão em vociferar. Afinal, a batata dela também está assando. Ela é uma das maiores beneficiárias do esquema montado no Ministério do Planejamento. Elegeu-se com o dinheiro arrecadado nas mutretas perpetradas pelo seu consorte. E sem querer fazer trocadilhos, não seria estranho que ela venha agora a compartilhar da sua sorte.
Da nossa parte, aplausos para o juiz e para os federais. Pelo menos, parece que alguém está fazendo alguma coisa para acabar com essa peste negra que as ratazanas da política espalharam pelo país.


 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 27/06/2016
Alterado em 27/06/2016


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras