João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


A Olimpíada tirou o foco do noticiário de cima dos políticos para concentrá-los nos atletas e suas façanhas. Bom seria se sempre fosse assim. Se a mídia fosse preenchida apenas com fatos marcantes, produzidos por homens e mulheres que superam barreiras cada vez maiores, alargando as fronteiras da própria condição humana.
Parece que o ar fica até mais respirável quando a sujeira não é continuamente exposta nos noticiários do dia. Ninguém agüenta mais ver a cara de pau do Eduardo Cunha, negando fatos que estão mais do que provados; nem a Dilma, com aquele semblante de cachorro que caiu da mudança, ficar esperneando na TV e nos jornais, se fazendo de vítima de um golpe que ela deu em si mesma, graças á sua incompetência e a sua omissão, e por que não dizer cumplicidade, com a quadrilha do PT.
A Lava a Jato continua desmanchando crostas de corrupção e lavando a sujeira acumulada em décadas de safadeza, malandragem e impunidade, que fez da nossa política um antro de bandidos e vigaristas de todo tipo. Mas as eleições estão aí, e uma multidão de candidatos se apresenta ao eleitorado, ávidos para conquistar uma “boquinha” para mamar nas tetas dessa vaca gorda e de fartos úberes, que são os cofres públicos.
Só aqui na minha cidade, para vinte e três vagas na Câmara Municipal são mais de mil candidatos. Será que o cargo atrairia tantos candidatos se não fosse -remunerado? Se fosse preenchido, por exemplo, por voluntariado? Se toda essa gente estivesse se candidatando pelo simples e bom motivo da prática da cidadania, seria um fato a comemorar, tão importante como um dos nossos atletas ganhar uma medalha de ouro olímpica. Afinal, nas Olimpíadas, o que vemos são exemplos de superação. Pessoas que saem dos mais baixos níveis sociais e superam, com garra, denodo e muita fé as dificuldades, para chegarem a um momento glorioso desses.
Infelizmente não se pode dizer o mesmo da maioria dos candidatos a um cargo político. Dá pena (do povo) e do país em ver essa malta de desclassificados que se apresenta como candidato a um cargo de vereador. Uma boa parte deles não passaria em um concurso público para gari; e se formos olhar a vida pregressa de cada um, sequer os admitiríamos como empregados domésticos, pelo temor de que eles “limpassem” literalmente a nossa casa. Alguns têm “capivaras” tão compridas quanto os membros do PCC.
Mas como são, em muitos casos, figuras populares (não importa que tipo de popularidade eles tenham) os caciques políticos cooptam essa gente para puxar votos para seus partidos. E com isso eleger o maior número de candidatos possíveis. Por isso é preciso urgentemente reformar o nosso sistema político. O sistema atual só serve para eleger vigaristas, que uma vez eleitos, formam verdadeiras quadrilhas para saquear os cofres públicos.
As olimpíadas estão servindo como analgésico para amortecer a dor que a corrupção e a bandidagem política têm provocado no país. E é verdade que ela estava se tornando tão insuportável que as pessoas estavam começando a desligar a TV na hora do jornal. Todo dia é a mesma coisa. Esquemas e mais esquemas de bandidagem política sendo desmontados.
Não se salva ninguém. Por isso o alívio do esporte. Mas não podemos nos esquecer que toda dor é um aviso do organismo nos dizendo que alguma coisa vai mal com ele. E que é preciso procurar um remédio para esse mal. Remédio, que muitas vezes, é amargo.
Sérgio Moro, os procuradores do Ministério Público Federal e a Polícia Federal deram um bom pontapé de início nessa partida. Agora cabe a nós jogar o jogo da política para tirar de vez de circulação esses vigaristas que emporcalham a vida pública da nação e envergonham o nosso país. A verdadeira Olimpíada começa agora. E essa é a Olimpíada que realmente nos interessa. Se continuarmos omissos e descomprometidos com essa causa corremos o risco de seguir servindo de trampolim para esses vigaristas ganharem suas "medalhas de ouro".
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 17/08/2016
Alterado em 17/08/2016


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