João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


A morte do Ministro Teori Zavascky, justamente no momento mais crucial da Operação Lava a jato, quando ele estava para homologar a delação premiada dos executivos da Odebrecht, vai, sem dúvida gerar infinitas especulações. Para os amantes das teorias da conspiração, então, será um prato cheio.
Mas esse é um fato que desperta reflexões, mesmo para o mais cético dos observadores Desde aqueles que acreditam no Mak Tub, ou seja, que tudo que acontece é gerido pela vontade de Deus, e que só o Criador tem nas mãos o plano dos acontecimentos, aos teóricos do livre arbítrio, que creditam á ação humana a responsabilidade por tudo que acontece no mundo. Ou pelo menos na terra.
Se olharmos pela visão dos fatalistas maktubenses, a morte do Ministro Teori foi um acidente, cujas causas só podem ser creditadas ao incompreensível (para nós) mecanismo que Deus criou para a manutenção da ordem universal. Pois só Ele sabe o que é certo e errado. E tudo que acontece, só acontece por conta da vontade dele. Até as guerras que estão destruindo os países árabes, as matanças nos presídios brasileiros, a eleição do fascista Donald Trump para governar o país mais poderoso da terra, a destruição progressiva do clima do planeta, e por aí adiante. Jung poderia usar esses acontecimentos para desenvolver alguns temas da sua teoria sobre a sincronicidade dos eventos universais e Emile Zola aproveitaria bem essas ideias para seus romances que falam nas coincidências significativas que ocorrem na vida das pessoas. Ele diz que essas coincidências fossem percebidas conscientemente, nós poderíamos modificar os nossos destinos, porque, segundo Zola, tudo que nos acontece e vai acontecer já está escrito na natureza. Basta aprender a ler as mensagens que ela nos manda.
Coincidências significativas, sincronicidade ou Mak Tub, o fato é que a morte do Ministro Teori suscita muitas reflexões. Nem se precisa invocar o famoso teorema de James Gluk, conhecido como Efeito Borboleta, para saber que essa ocorrência nas aprazíveis águas de Paraty vai provocar um maremoto (ou terremoto) de imprevisíveis consequências em todo o território brasileiro.
Teori Zavasky, até o momento, funcionava como uma garantia explícita de que a campanha profilática que o Juiz Sérgio Moro iniciou teria uma continuidade e poderia livrar, pelo menos em parte, as instituições que regem a vida pública brasileira da lama que ela tem acumulado ao longo dos séculos. Sempre se mostrou um magistrado sério e pouco propenso a conchavos. Preocupa a destinação que será dada aos processos da Lava a Jato. Alguns de seus membros, como Dias Toffoli, Gilmar Mendes e principalmente Ricardo Lewandowsky já deram mostras de que não gostam nem um pouco do rumo que esses processos estão tomando. Suas cores políticas e suas inclinações partidárias são por demais evidentes para esperar que sigam o mesmo rumo que o Ministro Teori estava dando ao caso. Isso sem falar no Ministro basco Marco Aurélio Mello, cuja cabeça parece ser orientada sempre pelo princípio da contradição.
Vamos esperar as investigações para saber se foi Deus ou a Lava a Jato que matou o Ministro Teori. Mas seja o que for, teremos sempre que concordar com Victor Hugo. A vida humana está mesmo sujeita á ação de uma tríplice ananké (fatalidade): a ananké das leis, a ananké da natureza e a ananké dos dogmas. A natureza, nesta época do ano, costuma ser severa com o nosso país. As nossas leis servem mais para criar direitos para os poderosos do que fazer justiça. Quanto á corrupção, no Brasil ela já virou dogma.  Uma das três derrubou o avião do Ministro Teori. Qual delas será?
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 20/01/2017
Alterado em 20/01/2017


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