João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


                                                RECADO AOS POLÍTICOS 
 

     No tempo em que os animais falavam, houve um fazendeiro que mantinha alguns bois em sua fazenda. Eles eram muito úteis, principalmente para fazer o trabalho pesado da propriedade.
Um dia, um dos mais fortes e sacudidos daqueles bois caiu em um buraco fundo e estreito, e lá ficou preso de tal modo que não conseguia sair por si mesmo. Por mais que se debatesse e tentasse escapar, só conseguia se ferir mais e mais a cada tentativa. 
Ao ouvir seus mugidos, o fazendeiro correu em seu socorro, mas ao ver a situação do animal, encalacrado naquele buraco fundo e estreito, todo ferido, logo desanimou. Seria impossível tirá-lo dali. Ele estava entalado de tal maneira que qualquer tentativa para resgatá-lo, além de difícil e custosa, seria, a seu juízo, infrutífera, pois o boi já estava muito machucado e certamente morreria.
Então ele chamou alguns de seus empregados e mandou que o sepultassem de vez naquele buraco. Seria, com certeza, uma solução mais barata e lógica, além de poupar sofrimento ao animal, que estava se machucando cada vez mais com suas tentativas de escapar.
Os empregados começaram a jogar terra dentro do buraco. Mas quanto mais terra eles jogavam, mais o boi se sacudia, fazendo a terra se espalhar em baixo dele. Em consequência, a terra foi se acumulando no fundo e ele foi subindo para a superfície á medida que o buraco ia sendo enchido. Depois de algumas horas daquela operação, o boi foi tirado do buraco, bastante ferido, mas bem vivo.
─ Graças a Deus conseguimos salvá-lo. Eu já estava conformado em perder o melhor boi da minha fazenda. Agora  vamos embora, que temos muito trabalho a fazer ─ disse o fazendeiro para o boi, na maior alegria, tentando meter uma canga no seu pescoço e puxá-lo para o campo.
─Aqui para você ─ respondeu o boi, metendo uma chifrada no traseiro do fazendeiro. ─ Eu estou vivo pelo meu próprio esforço. Se fosse por sua conta eu já estaria morto e enterrado. Para você eu não trabalho mais. Vá procurar outro bobo que derrame suor para enriquecê-lo, e na primeira dificuldade que tiver que enfrentar, consinta em ser esquecido e enterrado vivo. Quanto a mim, vou procurar outro patrão que tenha mais respeito pelo meu trabalho.
E lá se foi o boi falante. E os outros bois, ouvindo e vendo tudo aquilo, resolveram acompanhá-lo, deixando o fazendeiro ingrato boquiaberto e sem fala.
     Dedico essa fábula a todos os políticos, que depois de eleitos se comportam igualzinho a esse fazendeiro. Para lembrá-los que o ano que vem haverá eleições e nosso voto merece respeito. Todos os traidores, corruptos e safados, que pensam que seus eleitores são animais de carga que só servem para enriquecê-los, haverão de receber a devida recompensa. 
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 21/11/2017


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