João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


                             APRENDIZ DE MAQUIAVEL
 
Que o governo Temer nunca se preocupou com ética, moralidade e transparência que, minimamente, um governo deve manter, todo mundo sabe. Aliás, exigir essas virtudes de um governo que conta com figurinhas carimbadas como Eliseu Padilha, Moreira Franco, Romero Jucá, Gilberto Kassab, Helder Barbalho e outros notórios morcegos da vida pública brasileira seria o mesmo que pedir ao PCC que impeça seus agentes de vender drogas na porta das escolas ou esperar que a OAB, o CRM, o Vaticano, a OPEM e outras associações desse tipo só mantenham em seus quadros pessoas de ilibada reputação e reconhecido estofo moral.
Segundo Maquiavel, os meios serão sempre julgados honrosos e louvados por todos, porque o povo julga pelas aparências e pelo resultado das coisas. Isso significa que o fim justifica os meios, e sempre que o resultado pretendido for obtido, a sombra que ele projeta sobre o fundo obscurece a vista do povo e ele não enxerga nada mais além disso.
É o que espera Temer e seus asseclas. Que os bons resultados obtidos na economia possam obnubilar os olhos do povo brasileiro, para que eles deixem de focar a sujeira moral que esse governo acumula. Aliás, essa é a regra que tem norteado o comportamento da grande maioria dos políticos brasileiros. Um maquiavelismo tupiniquim que se pauta pela velha frase usada, se não me engano, pelo imperador Nero, ao queimar metade da cidade de Roma para reconstruí-la de acordo com a sua visão megalomaníaca: Ninguém condena aquele que faz um pouco de mal, se desse mal se obtém um bem maior.
Tudo bem que o governo Temer tenha adotado as ideias do filósofo florentino para justificar o desprezo que esse governo mostra pela ética e pela moral. Por isso o presidente ostenta na mídia os baixos níveis de inflação e os pífios índices de crescimento econômico conquistados neste seu primeiro ano de governo, ao mesmo tempo em que tenta impor ao país figuras como Cristiane Brasil, filha do notório e confesso corrupto Roberto Jefferson, a qual, em sua folha corrida, confirma o ditado de que filha de peixe, peixinho é. Temer parece disposto a afrontar a opinião pública do país inteiro e até o Poder Judiciário para fazer valer o seu maquiavelismo. Mas talvez ele tenha esquecido alguns pressupostos importantes colocados por Maquiavel, e que a par da sua política de resultados, são fundamentais para o julgamento que se faz de um governante. Pois Maquiavel também disse que o primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta e a primeira impressão que se tem de um governante e da sua inteligência é dada pelos homens que o cercam.
Dito isso, seria bom Temer começar a olhar um pouco para as pessoas que ele admite em sua equipe, sob pena de passar á História, mais como um chefe de quadrilha do que como um presidente aprendiz de Maquiavel.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 11/01/2018
Alterado em 11/01/2018


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