Errar não é humano

Alguém disse um dia que errar é humano. Quando disse isso, certamente queria justificar a si mesmo por alguma coisa que tentou fazer e não obteve bom resultado. Como a desculpa era boa, todo mundo passou a repeti-la quando comete alguma besteira ou falha na execução de alguma coisa. Mas quem é que disse que errar é humano? Errar não é humano. Errar é desumano. Quando admitimos “arquétipos” desse tipo estamos programando conformidade e limitação. Aliás, é isso que fazemos diariamente. Encaixotamos o universo infinito em nossas mentes e lhe damos um nome: sabedoria. Mas o que é nossa sabedoria além da quantidade ( e da qualidade) de informação que temos? Falta de informação ou interpretação equivocada delas é que são a causa dos nossos erros. A nossa mente não erra. Ela só dá respostas erradas quando os dados com os quais a alimentamos são falsos. Dizer que errar é humano é a mesma coisa que admitir que o homem é originalmente mau. Os maniqueístas diziam isso: o homem é matéria, por isso todo homem é mau. Quanto mais castigar a sua parte material, mais o seu espírito se elevará. Com base nisso, algumas religiões estigmatizaram o prazer, rotulando-o de pecado. Idéias como essa baniram da vida ocidental até o mais salutar dos costumes, que é o banho. Tomar banho era um costume pagão, um prazer que os pecadores romanos se davam, diziam os padres medievais. Por conta disso, os cristãos ficaram 1500 anos sem tomar banho, até que o Renascimento trouxe de volta a idéia de que o prazer é bom e não é pecado. Claro que todos nós temos uma porção má. Mas essa porção má é simplesmente dor física ou moral. A maldade é simplesmente a reação de alguém que está sofrendo. O diabo é apenas a dor que desorienta. Ela nos conduz ao erro. Removamos a dor do mundo e ele será de novo aquele paraíso que até hoje, só existiu em nossas mentes, justamente porque nós, até agora, não conseguimos ainda vencer as nossas dores.