João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos

romeu e julieta        ROMEU E JULIETA


Você pode não ser um aficionado de novelas, mas certamente tem uma idéia do porque os autores costumam fazer os mocinhos sofrerem durante a novela toda e só no final serem felizes.  É que eles sabem que a nossa estrutura sentimental está fundamentada na esperança de que , no fim, tudo dê certo.
Mas como nas novelas tudo sempre acaba bem, dois dias depois já nos esquecemos como foi que ela terminou. Você sabe por que a história de Romeu e Julieta continua a dar IBOPE até hoje? Porque é uma história de amor que acabou mal. Se Shakespeare tivesse bolado um final diferente para a história, fazendo o jovem casal terminar juntos e felizes para sempre, ninguém mais se lembraria deles. Mas como tudo deu errado , a nossa mente mais profunda   ( que é onde habita a nossa alma), cada vez que assistimos ao drama dos jovens amantes de Verona, sempre espera que, um dia, o final possa ser diferente.
Aliás, quem sabe se não foi por isso que Jesus escolheu terminar a sua missão daquele modo? O que teria acontecido se o prefeito Pilatos fosse um juiz corajoso e justo, defensor da democracia e dos direitos humanos, e enfrentasse o Sinédrio judeu, libertando Jesus e permitindo que ele continuasse a pregar as suas idéias até a velhice, morrendo de morte natural , rodeado de filhos e netos ? Você já ouviu falar de um cara chamado Simão Cananeu, o Mago da Galiléia? Pois esse cara viveu na mesma época de Jesus e foi, em vida, mais famoso que ele......
Bem, o que queremos dizer é que a nossa mente tem o estranho costume de arquivar rapidamente o que deu certo e a mania de querer “consertar” o que deu errado. Por isso fica a remoer mágoas passadas, a lamentar pelas coisas que não disse, pelas decisões que não tomou, como que a querer encontrar um novo final para as histórias que vivemos no dia a dia.
Mas a vida não é uma novela e nós não queremos ser uma história triste que as pessoas sempre recordem com lágrimas nos olhos. E Jesus Cristo é um só. Por isso será melhor que ensinemos a nossa mente a não cultivar essa mania de querer construir “finais felizes” para histórias que terminaram mal.  Enterremos nossos mortos para que possamos escrever mais histórias com finais felizes.  Não precisamos andar pela vida como se estivéssemos acompanhando o nosso próprio funeral. 
    
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 29/07/2009
Alterado em 01/10/2009


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