Foi em Madian que Moisés conheceu Raguel, Sacerdote do Grande Arquiteto do Universo naquele oásis, porque lá também se adorava o Deus único de Israel. E lá também casou-se com Séfora, filha de Raguel, com quem teve dois filhos, o primeiro a quem deu o nome de Gerson, que significa “estrangeiro em terra estranha”e o segundo, a quem chamou de Eliezer, que significa “o auxílio que vem do Senhor”, nomes cuja interpretação deve ser buscada na doutrina secreta..(1)
Por mais de vinte anos morou Moisés em Madian, aprendendo a pastorear e a ensinar aos habitantes daquele país as artes da metalurgia e da produção de artefatos de cobre e bronze, e da fabricação do ouro artificial, que era usado para banhar os vasos e utensílios que se viam nas casas das pessoas ricas, o que fez aquele oásis ganhar fama como terra dos forjadores.
E foi também Raguel quem ensinou a Moisés a verdadeira natureza do Grande Arquiteto do Universo, que não adota um nome definido para conhecimento entre os homens porque Ele é puro Espírito; e a quem Ele revela o Seu verdadeiro Nome, concede também um poder que não pode ser confrontado por nenhum rei na terra. (2)
Raguel ensinou-lhe também que foi pela graça desse poder que Adão, nosso pai, a quem Ele fez do barro da terra e animou soprando-lhe no ouvido o Seu Sagrado Nome, tornou-se alma vivente. E pelo poder desse Nome, Adão também nomeou e deu vida e qualidades a todas as espécies de criaturas sobre a terra, fazendo animais de duas e quatro patas a uns, aves do céu a outras, e também os répteis que andam com seus ventres no chão, os peixes e outros animais aquáticos que vivem nos rios e mares e as miríades de insetos que andam na terra e voam pelos ares.
Todos esses animais lhe ficaram sujeitos até o dia em que Adão desobedeceu ao Grande Arquiteto do Universo comendo um fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, fruto esse que não lhe tinha sido permitido comer até aquele momento, porque na Loja em que Ele congregou toda a humanidade para um fim e uma causa, também é preceito de lei que a sabedoria seja adquirida por graduações e não com violência ou prática ardilosa.
Por castigo o Grande Arquiteto do Universo retirou de Adão e de sua companheira Eva a memória do seu Nome Sagrado e tanto eles quanto a sua posteridade perderam a sabedoria que os permitia pronunciá-lo. Essa era a sabedoria que os fazia semelhantes aos anjos , mas depois que ela foi perdida, os homens tornaram-se iguais (em espécie) aos animais, tendo que disputar com eles os frutos da terra. Isso fez com que muitas espécies animais se tornassem inimigas do homem e passassem a atacá-lo, e também os anjos, que antes se comunicavam com os homens na mesma linguagem, não mais os entendessem.(3)
Assim a Palavra Sagrada, que consiste no Verdadeiro Nome de Deus, ficou por muito tempo perdida, e só foi comunicada séculos depois a um homem chamado Enoc, em quem o Grande Arquiteto do Universo encontrou mérito entre os homens. E desde então, somente uma vez em cada geração, se encontrada for, na terra, uma alma de merecimento, essa palavra a ele é revelada. (4)
Essa sabedoria perturbou muito o espírito de Moisés que não mais deixou de pensar no Nome do Deus desconhecido dos hebreus, que conferia tanto poder ao seu conhecedor; e todos os dias ia ele pastorear os rebanhos de seu sogro Raguel nos pés do Monte Horeb, ficando a olhar para o cume que se ocultava em meio às nuvens que nunca se dissolviam, (porque se dizia que o Grande Arquiteto do Universo costumava visitar às vezes aquela montanha e quando os trovões ribombavam e os relâmpagos iluminavam o cume, era sinal que Ele estava lá). (5)
Estando um dia Moisés a pastorear, aconteceu que algumas das suas ovelhas abandonaram o rebanho e saíram a buscar melhores pastos nas cercanias da montanha. E indo Moisés a procurá-las eis que viu de longe as luzes que brilhavam no cume do monte, porque em baixo não podia vê-las por causa das névoa que a cobria. (6)
Moisés subiu o monte, seguindo a claridade que saia do seu cume, e quando chegou ao topo viu que as luzes que tanto o atraiam saiam de uns arbustos que ardiam como fogos vivos, mas que não se consumiam como madeiras que se colocam no braseiro para alimentá-lo. E estando ele a admirar o que via, eis que uma Voz falou de dentro da chama, que brilhava como a superfície do sol, mas não emitia nenhum calor porquanto era um fogo frio.
E a voz disse: “Moisés cobre o teu rosto para que não suceda ficares cego com a minha luz; descobre também o teu braço direito e descalça as tuas sandálias porquanto o solo da em que pisas é sagrado. Eu te escolhi entre os varões da terra para ser iniciado nos meus Augustos Mistérios e nesta sabedoria entrarás meio nu, meio vestido, para que saibas que a tua natureza é dupla, porquanto é feita de carne e espírito.”
E estando Moisés a cismar do que seria aquilo que a Voz lhe dizia eis que falou novamente o Grande Arquiteto do Universo: “Eu sou Aquele que adoravas na face do Sol quando ainda vivias no Egito e adotavas as crenças daquele povo. Tu e as demais nações da terra me vêem em todas as coisas que existem no mundo e me dão miríades de nomes, mas é a Mim que vedes na face do abismo e na imensidão do céu; é a Mim que os todos os povos da terra oferecem sacrifícios e levantam altares e preces; é a Mim que em vão procuram, recitando hinos e chamando por nomes que não são os meus, porque meu Nome é apenas Um e Eu o comunico apenas a quem Escolho.” (7)
“Quem és tu, Senhor, que falas de dentro de uma chama que não queima e de um fogo que não tem calor, e o que queres de mim?” Perguntou, temeroso, Moisés, tapando os olhos com os braços para protegê-los da intensa luz que emanava do arbusto luminoso.
“EU SOU O QUE SOU”, disse O Grande Arquiteto do Universo. "EU SOU Aquele que comanda a tua mente para que ela transforme em pensamentos as coisas que vês, escutas e sentes; que faz a tua língua transformar em palavras os teus pensamentos e faz os teus nervos e músculos praticarem as obras que a tua mente ordena que faças;” “EU SOU O Que faz com que tudo exista e tenha vida e movimento. “
“Mas EU não SOU a mente nem os pensamentos nem as palavras, nem a vida e o movimento; não SOU nada que tu adoras embaixo do sol, mas sim a razão de essas coisas existirem. Não SOU o Sol, nem a Lua, nem as estrelas, nem qualquer coisa viva ou outra qualquer que possas figurar em tua mente, mas sim a razão do porque elas existem dentro dela, por isso são vãs todas as figurações que de MIM fazem, como vãos são os Nomes que Me dão.” (8)
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João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 25/10/2009
Alterado em 04/03/2010