O Alfórbio e Tau
Alfórbio e Tau são dois símbolos utilizados no ritual do grau 25 da Maçonaria para transmitir diversos ensinamentos. São alegorias de alto valor iniciático.*
A doutrina desenvolvida no grau se refere à aplicação da Justiça. Simula-se um tribunal, onde o juis presidente é Moisés, e os irmãos são os jurados. TRata-se de julgar alguns acusados. No ritual os acusados são absolvidos das acusações que lhe ao imputadas, razão pela qual são passadas folhas de alfórbio nas cadeias que lhes prendem os pés. O alfórbio é uma planta que a tradição sustenta ser capaz de corroer o ferro. Aqui encontramos, novamente, uma influência da tradição alquímica. Essa planta, no caso, tem a mesma função do chamado dissolvente universal dos alquimistas.
Da mesma forma que o dissolvente universal, “que dilui o material da Obra, liberando a sua alma”, o alfórbio também liberta o iniciado de suas correntes, para que ele possa subir a montanha e contemplar o TAU, vara onde se enrosca o místico réptil dos Grandes Mistérios que, desde a Índia até o Egito e a Grécia, e entre todos os povos antigos, simboliza o poder místico da serpente.
O TAU é uma cruz em forma de T, com uma serpente nela enroscada. É um símbolo que evoca antigas tradições que foram devidamente apropriadas pelos Cavaleiros Templários. E é dessa origem cavaleiresca que a Maçonaria do Grau 25 se alimenta para a composição dos trabalhos do grau. Embora todos os dignatários da Loja se refiram a personagens bíblicos, na verdade, a organização e os trabalhos que ali se realizam lembram tradições relativas aos cruzados e suas atividades na Terra Santa.
O TAU, nesse caso, é o emblema que representa o ciclo da energia cósmica do universo, energia essa que lhe dá a capacidade de regeneração. Por isso ele é revenciado como o símbolo máximo do grau.**
O exotérico e o esotérico se fundem no catecismo do grau 25. Misturando evocações ao Direito e à Justiça – pois não se pode esquecer que a Maçonaria é a reprodução de uma sociedade arquetípica, governada por esses dois princípios, que juntos formam o reino da Maat –, o grau 25 exterioriza um ensinamento que repousa na capacidade regenerativa do homem, a partir da atividade do seu espírito. É sabido que toda mística ligada á serpente, desde os antigos egípcios com seus mitos ligados ao ovo cósmico, ou o ovo da serpente, que continha o universo primordial, ás tradições druidas que evocavam símbolos análogos para representar sua concepção do mundo primordial, até as seitas ofitas, que cultuaram a serpente como símbolo de poder e capacidade regenerativa, o emblema da cruz com a serpente nela enroscada, sempre evocou variantes desse poder.
Como bem observou Jean Palou, o adorno do grau 25, representado pelas iniciais S.T., se traduz pela palavra Seth, que na iconografia egípcia, geralmente aparecia representado por uma serpente. E as iniciais S.T., “símbolos” da Serpente de Bronze, estão relacionados com uma árvore, ou bastão, que traz enroscado em torno de si uma serpente, simbolizando o eixo em torno do qual se movimenta a energia cósmica para formar a Árvore da Vida.
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*O Tau ou Caduceu, representa o poder regenerador do universo, por isso foi adotado como símbolo da medicina.
** Uma lenda conta que Moisés, ao observar que uma serpente morta, em contato com uma erva de nome eufórbio recuperava a vida, passou a tratar os israelitas doentes, e os picados por serpentes com aquela planta. A serpente de bronze, que ele fundiu tinha, nesse caso, uma função iniciática, já que destinava-se a captar o poder de regeneração do réptil, para fins de auxiliar o doente na cura.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 14/01/2010
Alterado em 22/02/2010