A Árvore Sefirótica ou Árvore da Vida
A Árvore Sefirótica da Cabala, ou Árvore da Vida, é um símbolo presente em todas as culturas antigas, pois é uma representação pictórica da mesma idéia. Representa o fluxo energético que formata as realidades universais, emanadas de um ponto único, que é o Grande Arquiteto do Universo.
A Árvore Sefirótica é um desenho mágico-filosófico que representa Adão Kadmon, o Homem Cósmico, feito à imagem de Deus, e as muitas dimensões onde Ele se manifesta e opera. É um esquema místico que tenta mostrar num diagrama, como as forças cósmicas formatam as realidades universais. A Árvore Sefirótica é composta por dez pontos, que são as Emanações divinas, nos quatro mundos ou Dimensões em que elas se manifestam. Esses pontos, ou emanações, são chamadas séforas ou séfiras. As séfiras representam também as diversas Ordens de seres espirituais que se manifestam no Universo.
Os quatro mundos da Cabala chamam-se Atziloth (Princípio), Briah (Criação), Yetzirah (mundo angelical) e Asiah (o mundo da matéria). A Doutrina Secreta ensina que a Árvore Sefirótica representa a evolução cósmica em toda a sua integridade física e relacional. Ela daria todos os passos para que o homem, de substância material possa converter-se em ser puramente espiritual. Segundo essa doutrina, a atual Humanidade estaria na Quinta Ronda, ou seja, passou o ponto no qual o espírito humano pode transcender para uma realidade mais sutil do que aquele em que ele vive. A partir desse ponto, cada espírito deve procurar, por esforço próprio, o direito de converter-se em divindade. Como diz H.P. Blavatsky: “ O alento se converteu em pedra, esta em planta, a planta em animal, este em homem, o homem em espírito, o espírito num Deus."
Cada Ordem séfirótica é uma dimensão que possui seus atributos, poderes e virtudes particulares. Conhecendo os mantras e exercícios apropriados para se entrar em contato com cada uma dessas dimensões, o praticante da Cabala consegue manipular os atributos dos Seres de cada um daqueles planos. Elas atuam como se fossem “potências angelicais” que podem ser influenciadas pelos influxos da mente humana e assim podem ser levadas a agir no sentido de responder a esses influxos. É a aplicação cabalística do conceito da Maat, segundo a qual o que é feito na terra repercute no céu e vice versa.
Energias criadoras
Quando a tradição cabalística fala em deuses, nomes divi-nos, arcanjos e anjos, na realidade o que ela está fazendo é referenciar as energias intermediárias que existem no universo. Essas energias se situam, como nas fases de um processo, entre a Unidade Suprema (Kether) e seus dois pólos (Chokmah e Binah) que são o positivo e negativo, o pai e mãe, etc. e as realidades fenomênicas efetivamente manifestadas no universo, como leis naturais e morais. Essas leis, desde a primeira, fundamentais e necessárias, são as chamadas séfíras que compõe a Árvore da Vida, ou Árvore Sefirótica. Essas séfiras, ou energias, percorrem toda a Árvore da Vida, que é uma representação mística do universo, desde a primeira até a última, formatando o Cosmo inteiro, em sua parte material. Na parte física elas atuam como leis naturais, e na parte espiritual, elas são o que chamamos de leis morais. Daí as séfiras serem dez, assim como o Decálogo, que dela tirou a sua conformação.
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A Árvore da Vida também representa o corpo esotérico do homem do céu, Adão Kadmon, arquétipo celeste do homem da terra. Por isso as palavras da Bíblia: “façamos o homem à nossa imagem e semelhança.” Assim sendo, cada séfira também pode ser relacionada às distintas partes do corpo humano. Dessa forma temos que:
– Kether, Chokmah e Binah constituem a cabeça, sendo Kether o centro (cérebro) e Chokmah e Binah correspondem ao olho esquerdo e direito, respectivamente; e correspondem também a cada um dos hemisférios cerebrais.
- Hesed é relacionada com o braço esquerdo e Gueburah ao direito, enquanto o coração, ou tronco da Árvore, deve atribuir-se à Thifereth.
– A Netsah é a perna e o quadril esquerdo e Hod corresponde do lado direito, enquanto Yesod se relaciona aos genitais, ficando finalmente Malkhuth em relação com os pés.
Essas analogias são válidas tanto para os destros como para os canhotos, sendo que, neste último caso, a Árvore ser observada de maneira invertida.
As séfiras, sendo energias criadoras, funcionam, no corpo humano, como chacras onde ele recebe as força cósmicas. Assim, quem souber invocar, de maneira apropriada essa energia, conseguirá manter a saúde física e mental em condições ideais.
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Adão Kadmon é o arquétipo celeste que simboliza o corpo mística da divindade, segundo o qual foi modelado o corpo do homem.
A Doutrina Secreta aqui referida é A Teosofia, doutrina desenvolvida pela escritora russa Helena P. Blavatsky, que também era maçom.
Os significados e relações que podem ser extraídos desse símbolo extraordinário são muitos e demasiadamente profundos para o objeto e o nível deste trabalho. Para mais informações a respeito do assunto recomendamos a leitura das seguintes obras: Knor Von Rosenroth, A Cabala Revelada, Madras, São Paulo,2005; Dion Fortune, A Cabala Mística, Ed. Pensamento, São Paulo, 1957. Ann Willians- Heller, Cabala, O Caminho da Liberdade Interior, Ed. Pensamento, São Paulo, 1990, Charles Fielding, A Cabala Prática, Ed. Pensamento, São Paulo, 1989, Papus, A Cabala, Tradição Secreta do Ocidente, Ed.Pensamento, São Paulo, 2005, Cabala, Éliphas Lévi, Ed. Pensamento, São Paulo, 1982
Segundo a Teosofia, o espírito humano não é exatamente uma entidade do mundo espiritual, mas sim do mundo material. Ele é uma manifestação da matéria que está sendo submetida a um processo de aperfeiçoamento. No fim desse processo sim, o espírito humano poderá transcender do mundo da matéria para o mundo espiritual.
Podemos estabelecer analogias entre as séfiras e as leis físicas, morais e espirituais. Leis da gravidade, da relatividade, da conservação das massas, das causas e conseqüências, etc. assim como as leis kármicas, que também são séfiras atuantes, formatando o mundo da espiritualidade.
( resenha extraída do capítulo XI do livro CONSTRUTORES DO UNIVERSO), NO PRELO.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 18/02/2010
Alterado em 12/10/2012