Nos invernos destas ruas, eu menino,
Já carregava a casmurrice dos descrentes,
Que forçados por decretos do destino,
Só acreditam num Deus cruel e indiferente.
Em minha estrada, sem postos de esperança,
Só se erguiam soturnas torres de melancolia,
Paisagens tristes, de invernal semelhança,
Com os lugares miseráveis em que eu vivia.
Quando um dia te encontrei no meu caminho,
Me pareceu que todo o cinzento da paisagem
Era trocado por um painel de cor e variedades.
Desde então nunca mais me vi sozinho,
E a minha vida, a mais segura das viagens
E cada dia um infinito mapa de possibilidades.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 25/02/2010