A barba de Aarão
Quando Aarão foi instalado como Grão-Mestre do Oriente dos Filhos de
Israel, Moisés mandou que para ele se fizesse umas alfaias, que se
penduravam em seus ombros e desciam até a altura dos seus rins
com os dizeres “‘DOUTRINA E VERDADE”, pois aquela era a divisa que
aquela Fraternidade iria propagar pelo mundo.(1)
As alfaias foram instituídas como substitutas dos ídolos, que eram
proibidos pela tradição hebraica. Segundo a tradição, Jeová não
queria intermediários entre Ele e o seu povo. Por isso Ele baniu os
ídolos (terafins), mas permitiu o uso dos tumins e os urins, que eram
jóias e adereços contendo proposições escritas que demonstravam os
propósitos buscados pela Irmandade de Israel.(2)
E Moisés consagrou o Tabernáculo na forma como o Grande Arquiteto
do Universo havia ordenado, santificando depois a Aarão, espargindo
sobre a sua cabeça o óleo precioso que escorreu para suas barbas e
molhou as orlas do seu vestido.
Segundo o salmo 132, o óleo desce do alto da cabeça de Aarão e para
a orla dos seus vestidos. Esse simbolismo tem uma correspondência
muito significativa nos ensinamentos da Cabala. De acordo com essa
tradição, a barba é o influxo que nasce na primeira Séfora e percorre
toda a Árvore da Vida unificando a totalidade das realidades existentes
no universo.
(Árvore Sefirótica significa o Cosmo como realidade macro e o seu
reflexo no homem como realidade micro). (2)
A palavra barba, em hebraico, (Hachad) significa unidade, e por
aplicação da técnica da gematria essa palavra é igual a 13. A=1, CH=8,
d=4. Esses valores correspondem às partes da barba do Macroprosopo
(O Arquétipo Celeste, imagem do Grande Arquiteto do Universo), cuja
proporção numérica e geométrica (o homem vitruviano) deu origem ao
modelo do homem da terra.
Assim, o Salmo 132, na verdade, é um simbolismo que tem origem no
esoterismo da tradição hebraica, e a Maçonaria, ao adotá-lo na abertura
de suas Lojas simbólicas não está apenas contemplando a idéia da
Fraternidade pura e simples, mas realizando o objetivo cósmico de
integração total de todas as emanações de Deus. (3)
Esse ato tornou-se parte dos rituais desde então e sobre ele se cantaram
salmos e se compuseram hinos que até os dias de hoje se repetem na
abertura dos trabalhos das Lojas maçônicas.
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(1) Razão pela qual muitas Lojas maçônicas mantém a tradição de adotar nomes
que lembram divisas, tais como “Trabalho e Justiça”, “União e Caridade”,
“Sabedoria e Arte”,“ Perseverança e Virtude”, etc..
(2) Urins e Tumins são representações de ídolos, ou amuletos que segundo a
tradição esotérica possuem poderes mágicos. A tradição israelita proibia a consulta
a ídolos e a posse de urins e tumins, mas mesmo com essa proibição sempre havia,
em Israel, quem os consultasse. Famosos personagens bíblicos como Rebeca,
esposa de Jacó, e o próprio Rei Davi não foram infensos a essas práticas.
(3) Porque essa, além da interpretação esotérica dada pelos cabalistas à barba - que
é a manifestação da primeira séfora (Kether, a Coroa) que se derrama pelo resto do
corpo, (Árvore Sefirótica), o salmo 132 também consagra a União fraternal dos
Irmãos em Loja.
(DO LIVRO cONSTRUTORES DO UNIVERSO, NO PRELO PARA PUBLICAÇÃO).
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 28/03/2010
Alterado em 28/03/2010