TOTS- teste, operação, teste saída
Quando obtemos sucesso em uma resposta dada, a pressuposição é que a operação foi coroada de êxito e o organismo aprendeu a executar o comportamento correto – ou encontrou a estratégia certa – para chegar a um resultado compensador. Significa dizer que ele aprendeu a responder com eficiência. Quando não obtemos sucesso na resposta dada, a pressuposição é que a estratégia utilizada para dar a resposta não foi adequada ao problema apresentado. Ou a natureza do problema não foi compreendida corretamente (foi estruturado de forma equivocada em nossa mente) ou não soubemos eliciar os recursos adequados para gerar uma resposta eficiente.
Tudo isso faz parte do processo segundo o qual nosso sistema neurológico trabalha para compreender o mundo e dar as respostas que ele requisita de nós. Os psicólogos americanos Miller, Galanter e Priban (Os Planos e a Estrutura do Comportamento – 1960), deram o nome de TOTS a esse processo, (Teste – Operação –Teste – Saída), iniciais do esquema por eles elaborado para demonstrar como o organismo opera na tarefa de aprender a responder. Esse esquema sugere que o objetivo de uma operação de aprendizagem é descobrir qual é a forma mais eficiente para se chegar ao estado desejado.
Resumidamente, seria como se o organismo sentisse necessidade de atingir determinado resultado (Teste) e para isso tivesse que empreender uma “ação” (Operação). Obtido o resultado, é feita uma “verificação”, que consiste em “medir” a satisfação obtida, (Teste); se a satisfação não atinge um determinado nível, satisfatório para o organismo, conclui-se que o resultado não foi atingido. Em conseqüência, promove-se nova tentativa, alterando-se o procedimento; se o resultado foi atingido, a satisfação foi obtida, a aprendizagem é considerada concluída e o organismo sai em busca de novas experiências (Saída).
Em outras palavras, trata-se sempre de aprender a aprender.
As fases da aprendizagem
O nosso cérebro utiliza o recurso da segmentação para realizar aprendizagem. Separando as informações em segmentos menores para absorvê-las, ele libera a mente consciente para se ocupar daquilo que realmente interessa para a nossa realização imediata.
Se a mente consciente tivesse que estar sempre atenta a todas as coisas que temos que fazer diariamente, como levantar da cama, urinar, tomar café, banhar-se, escovar os dentes, vestir roupas, dirigir o automóvel, decorar o caminho de casa para o trabalho e vice versa, etc., simplesmente entraria em colapso. Seria como se tivéssemos, por exemplo, que pensar no significado de cada uma das palavras que lemos para poder entender o contexto de uma frase.
Por isso ela aprendeu a processar as informações em blocos, um passo de cada vez. Uma vez internalizado um comportamento, passamos a outro e assim por diante. Pense em como você aprendeu a dirigir um automóvel ou a soletrar, por exemplo. Você não absorveu o processo todo de uma só vez. No caso do automóvel, você primeiro aprendeu a dar a partida, depois a engatar as marchas, em seguida sair com o carro, logo depois as trocar marchas e assim por diante. Não passou para a etapa posterior sem ter automatizado as anteriores. Um dia descobriu que podia passar marchas, pisar no freio, girar a direção, parar no sinal vermelho, tudo isso automaticamente.
Aprender a ler foi a mesma coisa. Percorreu um longo processo, passo a passo, repetindo muitas vezes as operações, até verificar que podia soletrar as palavras sem pensar nas letras. Depois fez o mesmo com as palavras e as frases. Habituou-se a fazer isso sem que a sua mente consciente tivesse que ocupar-se da tarefa de montar, uma a uma, as palavras, para formar as sentenças.
Assim, o circuito da aprendizagem termina quando a resposta é dada automaticamente sem a que mente consciente precise ficar dirigindo o processo. Por isso a PNL identifica quatro fases a cumprir no processo completo de aprendizagem de um comportamento:
Primeira fase: eu não sei que não sei – fase da incompetência inconsciente; nesta fase a informações ainda não chegou à órbita dos meus sentidos e a realidade que ela veicula não existe para mim. Não tenho nenhum registro dela em meu mundo, por isso não existe uma relação entre eu e ela. Sou como um índio que vive na floresta sem jamais ter visto nem ouvido falar a respeito de uma coisa chamada automóvel; não sei que existe tal coisa e também não tenho consciência da minha ignorância a respeito.
Segunda fase: eu sei que não sei – fase da incompetência consciente: aqui as informações entraram na órbita dos meus sentidos, mas eu ainda não posso fazer uma representação mental delas, por falta de uma linguagem neurológica que me dê condições para isso. Não tenho imagens dessa informação, nem sons, nem cinestesias(cheiros, tatos, gostos) que a minha mente possa usar para montar uma representação mental dessa informação. Aqui sou o mesmo índio que ouve alguém falar a respeito de um automóvel, mas não consegue pensar a respeito dele por jamais ter visto um. Eu sei que tal objeto existe, mas não sei como ele é.
Terceira fase: Eu sei, mas ainda tenho que pensar para entender ou utilizar a informação – competência consciente; eu tenho a informação, posso representá-la em minha mente, mas ela ainda não é um processo organizado de conhecimento. Aqui, eu sou o nosso índio que viu um automóvel, ouviu o som do seu motor, tocou, cheirou, e foi posto dentro dele com um manual de direção nas mãos, mas que ainda não consegue dirigi-lo. Não consegue entender como funciona, para que serve, nem sabe usá-lo para suas finalidades.
Quarta fase: eu sei que sei – competência inconsciente. A informação já está perfeitamente organizada em forma de conhecimento em minha mente e eu já desenvolvi uma resposta automática para ela. Essa é a fase final da aprendizagem (a informação processada), quando o estado desejado é atingido. Eu aqui sou o índio que se tornou um perfeito motorista. Posso me ocupar de outras coisas enquanto dirijo.
Atingido o estágio da competência inconsciente, a resposta é automática e podemos dizer que a aprendizagem foi completada. É nesse momento que adquirimos uma habilidade. No esquema TOTS esse é o momento de sair para nova aprendizagem, pois a consciência está liberada para recomeçar o processo de segmentação e seqüenciamento de outras informações e o inconsciente passa a ser o responsável pela execução do comportamento aprendido. É assim que aprendemos a fazer as coisas, tanto as que nos levam a bons resultados, ou seja, habilidades, aptidões, quanto as que nos levam a maus resultados (vícios, compulsões).
Aprender a organizar conscientemente esse processo de entrada, seleção, organização, interpretação, utilização e aperfeiçoamento das informações em nosso sistema neurológico é a chave para encontrarmos sempre a melhor resposta para as nossas vidas. Esse é o objetivo da PNL enquanto técnica de aprendizagem da excelência comportamental.
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Do livro "A Procura da Melhor Resposta"- Ed. Biblioteca 24x7, São Paulo, 2009
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 05/01/2011
Alterado em 05/01/2011