O CORPO FALA
Assim ensinou o Mestre:
"Que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e aproximando-se do primeiro, disse-lhe:Filho vai hoje trabalhar na minha vinha. E respondendo-lhe ele, disse: Não vou. Mas depois, tomado de arrependimento, foi. Dirigindo-se em seguida ao outro, disse-lhe da mesma forma. E respondendo-lhe, disse-lhe: Eu vou, Senhor. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?" Mateus, 21, Vs. 28 a 31.
“ Quando eu faço uma pergunta e a testemunha demora para responder e olha para o alto, à sua direita, já sei que vai inventar alguma coisa.” Ali Mazlum- Juiz de Direito (Entrevista ao jornal Estado de São Paulo, 18 de maio de 2003)
É. Não tente adivinhar o que pessoas pensam nem se fie no que elas estão dizendo para você. É a coisa mais comum as pessoas pensarem uma coisa e dizerem outra. É que não há uma conexão direta entre a representação mental de um pensamento e o centro da fala. Eles obedecem a comandos diferentes, gerados em diferentes setores da mente. Até porque falar e imaginar estão ligados a dois sentidos diversos, que são a visualização e a audição.
Só há duas maneiras de saber se o que as pessoas estão dizendo é realmente o que estão pensando: a primeira é fazer as perguntas certas, de maneira que elas não consigam “imaginar” respostas, mas sim construir imagens mentais que estejam relacionadas com o assunto questionado. Bons profissionais de direito, jornalistas, investigadores de polícia competentes, sabem fazer isso naturalmente. Essa é uma técnica muito difícil de aprender, mas há métodos bastante eficientes que podemos copiar para fazer isso com alguma competência. É o chamado método Sherlock Holmes, que Robert B. Dilts descreve muito bem em seu livro Estratégia da Genialidade Vol II, onde ele estuda o método usado por esse conhecido personagem de Conan Doyle para extrair das pessoas o real conteúdo das mensagens neurolinguisticas que elas emitem na sua comunicação.
O outro método é prestar atenção na linguagem não verbal da pessoa que fala. O corpo, de uma forma geral, é mais explícito que a língua. Ele “fala” geralmente aquilo que a língua oculta. O centro da imaginação, do pensamento fantasioso, ou seja, aquela representação mental que dá suporte ao pensamento construído sem memórias de experiências já vividas está situado no lado direito do cérebro. Já o centro da descrição, que dá suporte aos nossos pensamentos construídos com memórias de experiências realmente vividas, está do lado esquerdo do nosso cérebro. Essa conformação mental é própria das pessoas destras, da mesma forma que as pessoas canhotas poderão ter essa conformação invertida.
Assim, se uma pessoa está imaginando, isto é, está construindo pensamentos sem base em realidades realmente vividas ou observadas,(não significa necessariamente que esteja mentindo, pois a mentira é um pensamento organizado de maneira deliberadamente falso, com intenção de iludir o ouvinte), ela fatalmente jogará seus olhos para a direita e para cima, pois o nervo ótico irá buscar no centro formador da imaginação o conteúdo da representação mental (fantasiosa ou falsa) que ela está construindo. Da mesma forma, se uma pessoa estiver realmente buscando dentro da sua mente uma representação de algo que efetivamente viu ou viveu, ela jogará seus olhos para o alto, á sua direita, pois é nessa direção que se encontra o centro da memória.
Essa é uma boa sabedoria. Não se preocupe muito com o que as pessoas dizem para você. Preste atenção que elas fazem com seu corpo e principalmente com seus olhos. Os olhos são a janela da alma; o corpo é o livro onde a mente escreve mensagens que não podem ser falsificadas. Palavras revelam intenções; atos são intenções cumpridas. Que os atos acompanhem as palavras.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 12/01/2011
Alterado em 22/01/2011