O ponto

Nas antigas tradições o ponto representava o universo primordial, o ”ovo cósmico”, configuração inicial do cosmo, onde tudo estava encerrado na forma de potência, ou seja, energia ainda não manifestada no mundo real. Essa manifestação do espírito dos povos antigos mostra que já nesses primórdios da vida da humanidade já se intuía a forma esférica dos corpos celestes, dos grãos fundamentais da matéria, dos átomos e do próprio universo, que segundo a moderna astronomia, também apresenta essa forma geométrica.
Na Cabala ele é chamado de Ain, e é representado por Kether, a coroa, o Princípio, a Inteligência Admirável, Potência Incriada, origem de tudo que existe. É o próprio Grande Arquiteto do Universo, enquanto forma energética, Primeiro Explendor, O Número Um, indivisível, inacessível á consciência humana. Condensa todas as formas e expressões do universo em potência, assim como o ovo condensa a forma do ser que ele encerra. Por isso é chamado de Vasto Semblante, ou Semblante Imenso. É a mônada da filosofia de Leibnitz, principio único e fundamental, a partir do qual o universo foi gerado. Na física atômica, esse símbolo é chamado de Singularidade, um lugar (partícula ou atomo) onde a densidade da matéria é tão grande que a relatividade geral deixa de existir. ¹ 

O ponto dentro do círculo 

O ponto no centro do círculo representa o nascimento do universo, momento em que a luz é tirada das trevas, quando a Energia Fundamental, que é o Grande Arquiteto se manifesta em Luz (potência masculina, positiva, eletricidade, yang).
Na tradição cabalística esse momento da vida do universo é chamado de Ain Soph, correspondente à segunda séfira, cujo nome é Chockmah, representada pela sabedoria. Numéricamente ele corresponde ao dois, segunda manifestação da Divindade, momento sublime em que ele se divide em matéria e espírito, criando o mundo das realidades materiais, ou seja, o mundo que se expande no nada cósmico, gerando galáxias, constelações, planetas, com tudo que há dentro delas.A partir desse momento, o universo passa a ser constituido de matéria(massa) e espírito (luz, energia). 
Segundo a intuição vedanta, esse é o momento sublime em que Bhraman, a alma do cosmo, se manifesta como existência material. Para a tradição gnóstica, é o instante em que o “ovo cósmico” é fecundado pelo Espírito Divino. Na física é o momento em que ocorre o Big-Bang - a grande explosão - que libera a energia luminosa que dará origem às realidades cósmicas. Corresponde também à primeira lei que rege a formação cósmica, ou seja, a lei da relatividade, que permite a expansão do universo a partir do momento inicial da primeira explosão.²

Segundo as antigas tradições essas intuições surgiram na mente dos primeiros hierofantes do Egito e da Mesopotâmea, após cuidadosas observações da mecanica celeste e dos ciclos evolutivos da terra. Mas foram os filósofos da escola pitagórica que deram noções de ciência à essas tradições, integrando à elas os conhecimentos de matemática e geometria que tinham. Assim, deu-se a essas noções, antes circunscritas ao dominio da religião, uma conotação científica, que mais tarde viria a ser a base para grandes descobertas nas áreas da astronomia e da física nuclear. 
No campo das chamadas ciências ocultas, ou esotéricas, essas tradições continuam a despertar muito interesse. Especialmente depois que a física das particulas elementares- a física nuclear- e os estudos mais avançados da astronomia tem comprovado a exatidão dessas intuições, verificando que o universo pode ter se originado da forma como o descrevem os antigos hierofantes. Como disse certa vez um escritor "há sempre um tempo para que os tempos se reencontrem."³   
(continua)

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1. Conceito expresso por Stephen Hawking em O Universo Em Uma Casca de Nóz- ANX-São Paulo, 2002
2. Disse Deus: faça-se a luz; e fez-se a luz. E Deus viu que a luz era boa. Gênesis 1:3
3. Pawels e Bergier- O Despertar dos Mágicos-B. Russel, São Paulo, 42º Ed. 2004