O Nível e o prumo
Na Maçonaria Simbólica, o nível e o prumo são símbolos que representam o trabalho do maçom, como construtor do universo moral e material. Ambos estão relacionados com questões esotéricas e filosóficas, trabalhadas pela Maçonaria. O Nível é a ferramenta com a qual o profissional de construção verifica se uma superfície está livre de arestas, já que para a edificação de um alicerce seguro é fundamental para que uma superfície esteja devidamente preparada.
O Prumo é o instrumento que permite aferir a inclinação da parede que está sendo erigida, já que essa é uma condição fundamental para assegurar a sua estabilidade.
Na simbologia maçônica, níveis e prumos são ferramentas que simbolizam a igualdade que deve existir entre os Irmãos e a retidão de caráter que deve ser a marca registrada do maçom. Na tradição maçônica, a escolha do prumo para simbolizar a retidão do caráter do Irmão tem a sua justificativa na visão do profeta Amós, 7: 7,8, que diz: “ Mostrou-me também isto: Eis que o Senhor estava sobre um muro levantado a prumo; e tinha um prumo na mão. O Senhor me disse: Que vês tu, Amós? Um prumo, eu disse. Então respondeu o Senhor. Eis que porei um prumo no meio do meu povo de Israel; e jamais passarei por ele.”
Essa visão significa que Deus colocou uma regra de conduta para o povo de Israel, a qual deveria ser seguida estritamente para que o povo escolhido se desenvolvesse reto como um muro feito a prumo. E que jamais Ele (o Senhor) deveria ser questionado quanto à retidão de seus preceitos. Essa é a mesma regra colocada ao maçom. Seu caráter dever ser reto como um muro erguido a prumo e sua fidelidade ao Grande Arquiteto do Universo jamais pode ser contestada. Essa é, inclusive, a oração de abertura da Loja de Companheiro.
Há outra analogia que se pode fazer com a simbologia do nível e do prumo. Na tradição maçônica é comum comparar-se o universo material com a construção de um edifício, e este, simbolizado pelo Templo maçônico (uma réplica do Templo de Jerusalém), é, por isso mesmo um simulacro do cosmo. Por isso, o mapa celeste, conforme visto pelos antigos hierofantes caldeus e persas, geralmente são reproduzidos no teto dos templos maçônicos. Tudo isso significa que a prática maçônica no templo é um exercício de construção cósmica, imitando nesse mister o trabalho dos “Mestres do Universo”, que a Grande Tradição da Cabala chama de Anjos Construtores.Enquanto esses “Mestres” trabalham para construir o universo de cima (as realidades celestes), seus Aprendizes, os homens, constroem o universo de baixo (as realidades terrestres). Em meio a esse processo existem os “companheiros”, que representam uma etapa intermediária entre o Mestre e o Aprendiz, que na Cabala são os anjos caídos, ou seja aqueles que traem o seu Mestre e procuram perverter os Aprendizes. Essa alegoria cabalística tem a sua mais exata configuração no ritual de passagem do Grau de Companheiro para o Grau de Mestre, quando o os “traidores” são castigados e o Companheiro é devidamente “resgatado” para a Obra maçônica.¹
Nesse sentido, o nível e o prumo aparecem como importantes ferramentas do labor construtivo que o maçom coloca em sua obra. Com o nível se comprova a horizontalidade que ele adquiriu em seu trabalho de construção do seu edifício interno, ou seja, o seu caráter. Da mesma forma, o prumo mostra que o edifício está perfeito em sua verticalidade. Destarte, podemos relacionar nível e prumo com os dois sentidos que a Maçonaria quer dar ao edifício do caráter humano, ou seja, horizontal (energia Yin) vertical (energia Yang). Significa que o maçom deve crescer no sentido dos dois raios que formatam o universo em sua expansão: extensão e profundidade, que também lembra latitude e longitude, simplicidade e complexidade, tempo e espaço etc., sendo o prumo o eixo vertical que indica o sentido da ascensão( em direção ao espírito, o céu) e o nível o eixo horizontal, que indica o sentido da extensão em direção aos quadrantes da terra).
Diz a tradição que o Templo maçônico, que reflete o Cosmo, é construído a prumo com o eixo do mundo, cujo centro é a Estrela Polar. Dela desce um eixo imaginário, em torno qual o universo todo gira. No templo maçônico esse prumo estaria no centro da abóbada e cairia perpendicularmente até o centro do retângulo da nave onde se situa o Oriente, ou mais propriamente, no centro do Altar do Venerável.
Assim sendo, o prumo poderia simbolizar o “Eixo do Mundo”, ou seja, o instrumento pelo qual o Grande Arquiteto do Universo esquadreja e erige o universo, de horizonte a horizonte e de cima até em baixo.
Também na estrutura fisiológica do ser humano podemos utilizar a simbologia do nível e do prumo para figurar o homem em sua posição horizontal, que denota o equilíbrio, e o homem na sua posição vertical, que significa a sua postura perante todas as demais espécies, ou seja, a postura ereta.
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¹ Cf. Robert. A Franco Maçonaria. São Paulo, Ed. Ibrasa, 1999. Veja-se também a nossa Obra “Mestres do Universo”, Ed. Biblioteca 24x7-S.Paulo
DA NOSSA OBRA LENDAS DA ARTE REAL, NO PRELO.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 05/07/2011
Alterado em 04/08/2011