João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos



 
As duas faces da arquitetura
 

A mais antiga das artes aprendidas pelo ser humano foi a arquitetura. Pelo menos, foi a necessidade de construir um abrigo para si e para sua prole que o motivou a pensar nas melhores formas estruturais para essas fábricas, e desse exercício intelectual ele derivou uma das maiores concepções que o engenho humano já produziu.
   Sim, pois não há entre as ocupações humanas, com exceção, talvez da medicina, uma só que se compare á arquitetura, em termos de emulação para a totalidade do ser; a ela podem ser associadas todas as emanações da pessoa humana, enquanto obra que se desenvolve no domínio das realidades manifestadas no mundo físico, ou como virtude que se inscreve no domínio mais sutil do espírito. Por isso é que a essa nobre arte sempre se associou uma atividade operativa, que se transformou numa das mais respeitadas ciências do acervo cultural da humanidade, e uma atividade especulativa, que se completa no mais recôndito das estruturas psíquicas do homem, que é onde se desenvolvem todas as etapas do processo que faz dele uma consciência, uma alma e um espírito.
   A arte de construir exige intensa atividade nos dois domínios em que o ser humano se formata. No domínio do imenso, que é o domínio da matéria, da técnica, da ciência, da sabedoria epistêmica, organizada, profana, é preciso trabalhar intensamente com a mente e com as mãos para dar forma aos objetos que se cria; e no domínio do ínfimo, que é a região onde a energia criadora se enrola sobre si mesma, criando as grandes realidades do espírito, é preciso um grande trabalho de organização, para que a sinergia promovida por esse processo não resulte no descalabro da mente, ao invés de formatar uma consciência superior.
   A arquitetura apresenta, pois essas duas faces. Uma que é profana, operativa, exotérica, e outra, que é sagrada, especulativa, esotérica. A primeira destina-se a construir o mundo da imensitude, das realidades físicas, da vida cósmica manifestada em obras; a segunda ocupa-se em construir o mundo da infinitude que se hospeda no território do espírito, vida cósmica que não se manifesta em formas, mas que existe e é o verdadeiro estofo de onde tudo emana. 
   Todo homem é arquiteto de si mesmo e do cosmo. Constrói para fora de si o mundo em que vive e para dentro de si o mundo em que quer viver. Nesse sentido é preciso que ele tenha consciência do que faz, e aprenda a fazê-lo cada vez melhor, ois o mundo de dentro e o mundo de fora são reflexos um do outro, e a cada melhoria produzida em um o outro dela se beneficia na mesma proporção. Por isso, diziam os hermetistas, tudo que existe fora é igual ao existe dentro, e o que há em cima é igual ao que há em baixo.
    
Nesse velho adágio hermético não existe apenas a formulação misteriosa de uma sensibilidade que não se define em construções lógicas, mas sim uma sabedoria muitas vezes milenária, suficientemente testada e produtora de extraordinários resultados práticos para a arte de bem viver e do bem pensar. Ela diz, simplesmente, que um ser humano completo não pode ser construído em uma única direção. Que ele precisa crescer por dentro, no domínio do espírito, e para fora, no território da moral e da virtude. Essas duas direções do ser humano não são mutuamente exclusivas, mas sim completivas em cada ação que se pratica e em cada pensamento que se emite. Por isso é preciso aprender a pensar para agir e agir para um melhor pensar.
   A Maçonaria é a arte de construir o edifício da moral social, objetivo profano, exotérico, coletivo; é também a arte de construir o edifício do espírito, objetivo sagrado, esotérico, individual. Pela consecussão do primeiro realiza-se a Vontade do Grande Arquiteto do Universo, que tem nos seres humanos os seus Demiurgos da produção universal, e pela realização do segundo conclui-se o projeto do Ser Universal que é a totalização de todo o real existente, manifestado num ponto único de densidade energética, que é o Espírito Primordial, o próprio espírito do Grande Arquiteto em sua real essência.
   Em todo ser humano há um maçom operativo e um maçom especulativo. Por isso, a Maçonaria é uma arte, uma filosofia, um processo, um magistério, um plano e uma prática de vida. Daí o apelido que se lhe dá, de Arte Real
   Todo mundo sabe que não se constroem edifícios sem um plano, sem um alicerce, sem uma estruturação. O formato das construções, das obras, de tudo que a mão humana produz, já foi elaborado antes na mente de alguém. O plano do real manifestado no mundo físico é uma imagem que se forma primeiramente no mundo das idéias. O cosmo, em sua totalidade, esteve desde sempre na mente divina. Dali emergiu, em suas primeiras manifestações, e continua emergindo, eternamente, em ondas de luz que se formatam em realidades físicas. Da mesma forma, as obras humanas são ondas de luz que fluem, primeiro em forma de pensamentos, e depois se formatam em obras.
 
Para aprender a formatar realidades físicas há que se aprender as fórmulas de sua construção. Esse magistério constitui o objetivo das ciências e das técnicas, e do seu cultivo depende a melhoria das condições de vida do homem. É preciso estudá-las, é preciso entendê-las, desenvolvê-las e ensiná-las aos nossos descendentes. Esse é o trabalho das nossas escolas, das nossas universidades, das nossas associações culturais, corporativas, comunitárias e filantrópicas.
   Da mesma forma, não se fazem indivíduos úteis a uma sociedade livre, justa e fraterna se não através de um adequado magistério. Esse magistério, entretanto, não se desenvolve nos bancos das nossas universidades nem nas atividades das nossas associações laicas e nas nossas unidades de produção. É, na verdade, mais um produto de igrejas, de taumaturgos solitários e de sociedades de pensamento, como a Maçonaria, por exemplo. Em todas essas unidades se executa tarefa de aperfeiçoamento de espíritos, que, em ultima análise, se assemelha a um trabalho prático de construção.
   O maçom completo, que realmente aproveitou o magistério, sabe por que foi iniciado nessa arte e que dele se espera obra de lavor manual e obra de verdadeiro espírito. A primeira é conseqüência das conquistas de cada dia, na árdua tarefa de viver e tornar a vida mais feliz para quem, de alguma forma, se intera com ele; a segunda advém como conquista do espírito de quem, efetivamente, assimilou e viveu de acordo com esse magistério.
 
A arquitetura do espirito
 
Maçonaria, portanto, é a arte de construir, para fora, um mundo melhor para si mesmo e para seus semelhantes, e para dentro, um estado de consciência superior, que se pode chamar de espiritualidade. É um processo de aprendizado em direção ao exterior do ser, que se consuma na construção de uma sociedade justa e perfeita, e na direção do interior do ser, que se consubstancia na aquisição de um espírito livre, fraterno, leve, isento de preconceitos, ódios, temores e vícios que impedem o homem de ser verdadeiramente feliz.
   Esse processo é longo e exige máxima paciência, infinita tolerância e nenhum açodamento. É como trabalho de operário em construção, erguendo paredes, de tijolo em tijolo, ou de trabalhador de pedreira, desbastando, manualmente, as pedras que comporão o edifício.
   Para o maçom, a pedra bruta que precisa ser lavrada é ele próprio. É seu próprio ser, sua própria mente que precisa ser libertada das “asperezas”, da mesma forma que a matéria prima sobre a qual trabalha o talhador. Iniciado, ele é uma pedra bruta que será trabalhada pacientemente a cuidadosos golpes de ponteira, como o faziam antigamente os maçons operativos. Quando ele se transformar numa pedra talhada deverá sofrer novo processo de aperfeiçoamento para se tranformar numa pedra cúbica. Então será levado ao “canteiro de obras da construção maçônica” e ali deverá cumprir uma função no “edifício” que a Arte Real se propõe a construir. 
     O maçom trabalha com martelo e cinzel da mesma forma que o artesão das pedreiras. Executa golpes estudados sobre a pedra para dar-lhe a conformação desejada: é bem como diz Lavagnini: “ Para labrar e pulir la piedra, asi como para darle o imprimir e grabar em ella uma forma ideal determinada, el martillo, solo nos sirve em proporción de como se aplica, de uma manera inteligente y disciplinada, sobre el cinzel. Y la combinasión de los dos instrumentos, expresando una idea o imagem ideal, hará de aquella misma piedra bruta ( que puede ser inútilmente hecha pedazos com el sólo martillo, empleado sin la inteligencia constructiva) una hermoza obra de arte que, como La Vênus de Milo y el Apolo de Beldevere, son evidencias de um genio inspirador”[1]
   Trata-se, portanto, de um processo, um magistério, um aprendizado que não se adquire em um só estágio, mas que demanda uma iniciação, uma preparação, um aperfeiçoamento e um acabamento. Uma longa jornada, que vai da mais humilde tarefa, praticada como mero reflexo muscular ativado pela repetição, á mais elaborada arte de engenho, na qual o espírito se envolve no seu mais alto grau de concentração.
 
O primeiro maçom   
 
Nas pedreiras de antigamente, o trabalho de cortar, desbastar e lavrar pedras era uma atividade de caráter iniciático. Trabalhava-se com maço, ponteira e  cinzel em etapas distintas, conforme se quisessem pedras para alicerce, para parede ou para acabamento. Cada tipo de pedra era trabalhado por operários especialmente treinados para o mister. Daí as graduações que se estabeleceram entre aprendizes e profissionais. Mais tarde, a atividade do artesão do maço (o maçom), evoluiu para um tipo mais sofisticado de trabalho, que já se podia chamar de arte. Foi quando ele começou a tirar da pedra outras formas, imitando a natureza no seu trabalho de formatação das realidades físicas. Esse tipo de trabalho demonstrava que o homem possuía uma inteligência criadora e que sua consciência podia ser refletida na natureza através das obras de suas mãos.
   A história da aplicação do engenho humano nas pedras se confunde com a história da evolução do seu próprio psiquismo. O termo maçom é derivado dessa ocupação e a espiritualidade que acompanha essa profissão é decorrente dessa projeção da consciência sobre a matéria, formatando coisas e objetos, numa imitação da própria atividade criadora de Deus.
   O primeiro maçom foi o homem que desbastou a primeira pedra bruta, transformando-a em material de construção. Daí dizer-se que a Maçonaria é tão antiga quanto a presença humana sobre a terra, pois ela é uma prática que pode ser considerada contemporânea dos primeiros grupos humanos. É bom que se diga, entretanto, que essa antiguidade só pode ser colocada enquanto prática operativa e atividade especulativa. Não é a Maçonaria como instituição, porquanto esta só apareceu no inicio do século XVIII a partir do trabalho de Anderson e seu grupo.
    
É também nesse sentido que podemos definir a Maçonaria como a arte de interar a mente humana com os elementos da natureza para produzir obra de criação. Como prática operativa ela é o trabalho que constrói o mundo, e como atividade especulativa uma fórmula que aprimora o espírito. Em ambos os sentidos ela é arte de construir, é arquitetura. 
     Nos antigos canteiros de obras do Egito e da Mesopotâmea já se costumava separar os trabalhadores em grupos distintivos pelos seus graus. Aprendizes não comungavam com Companheiros nem estes com seus Mestres. No próprio canteiro de obras do Rei Salomão, por ocasião da construção do Templo de Jerusalém, havia, segundo a Bíblia, profissionais e aprendizes de todos os tipos, desde cavouqueiros para abrir as valas, serventes para acarretar e transportar cargas, até mestres arquitetos e fundidores, como Hiram e Adoniram, este último também administrador da obra. Porém, a tradição iniciática que inspirou a formação da Loja Simbólica em Aprendizes, Companheiros e Mestres tem inspiração nos antigos canteiros de obras egípcios e especialmente em suas pedreiras, cuja hierarquia contemplava essa divisão. Essa tradição iniciática, desenvolvida mais por necessidade prática do que por motivos religiosos, foi repassada aos canteiros de obras medievais. Foi nestes últimos que a tradição de separar os trabalhadores por seus graus de profissionalização sacralizou-se, especialmente pelo fato das organizações dos pedreiros medievais estarem estreitamente ligadas á Igreja.
   Os Mestres maçons da antiguidade já haviam intuído a existência de um elo de ligação entre a arte de construir e as disciplinas morais e espirituais. Mestres que a história nomeou, como Nenrode, Hiram Abiff, Adoniram, Amemhotep, etc. foram, ao mesmo tempo, técnicos em construção de edifícios e taumaturgos. Nas suas obras se percebe, não só a obra do engenho humano mas também a disciplina do espírito, a ensinar-nos que a nossa escalada deve ser feita em duas direções. Em todas essas obras há uma tentativa de conjugar o profano e o sagrado, como forma de realizar a tarefa que o Sublime Arquiteto nos confiou, que é a construção do universo, e ao mesmo tempo, consumar a união do espírito humano com a realidade divina, que é o Espírito do próprio Sublime Arquiteto.
 
O oficio sacralizado
 
O oficio de construtor sempre teve um caráter sacro, uma mística própria, uma de espiritualidade que o tem acompanhado através dos séculos.   
  Conquanto o costume de sacralizar seu oficio já existisse entre os artesãos da construção na antiguidade, foi somente na Idade Média que esse costume ganhou status de verdadeira tradição. A transformação da habilidade operativa em ideal especulativo foi a grande realização dos nossos irmãos medievais. Foram esses profissionais, mais religiosos que técnicos, mais místicos que filósofos, que perceberam que o oficio de construtor, pelas suas características de integralização de formas, manipulação de símbolos e conhecimentos de geometria e matemática, era o que mais se prestava para atender á inclinação própria de uma cultura, que como a medieval, não distinguia o esotérico do exotérico. A arte de construir era aquela que permitia ao seu praticante, ao mesmo tempo, o provimento das necessidades profanas, necessárias para ganhar a vida, e uma realização espiritual.
    Especialmente a construção de igrejas, pela mística que nelas se imprimia, era o que mais se prestava a produzir nos seus construtores uma sensação de mágica transcendência, que os fazia crer serem eles os canais pelos quais fluía a própria inteligência divina. Na construção daqueles edifícios monumentais, os artistas da pedra acreditavam repetir o trabalho de Deus na construção do universo.
   Com efeito, a catedral medieval não era apenas o local onde os homens podiam sentir-se em comunhão com Deus. Ela era um simulacro do universo, onde todas as manifestações da existência humana se condensavam e encontravam o devido encaminhamento. Fulcanelli descreve magistralmente essa síntese do espírito medieval: “ Santuário da Tradição, da Ciência e da Arte, a catedral gótica não deve ser olhada como uma obra unicamente dedicada ao cristianismo, mas antes como uma vasta coordenação de idéias, de tendências, de fé populares, um todo perfeito ao qual nos podemos referir sem receio desde que se trate de penetrar o pensamento dos ancestrais, seja qual for o domínio: religioso, laico, filosófico ou social” escreve ele, denotando a densidade espiritual que se condensava naquele edifício, refletindo todas as tendências da vida medieval.  “Se há quem entre no edifício para assistir aos ofícios divinos,” prossegue, “se há quem penetre nele acompanhando cortejos fúnebres ou os alegres cortejos das festas anunciadas pelo repicar dos sinos, também há quem se reúna dentro delas noutras circunstâncias. Realizam-se assembléias políticas sob a presidência do bispo; discute-se o preço do trigo ou do gado; os mercadores de pano discutem ai a cotação dos seus produtos; acorre-se a esse lugar para pedir reconforto, solicitar conselho, implorar perdão. E não há corporação que não faça benzer lá a obra prima do seu novo companheiro e que não se reúna uma vez por ano sob a proteção do santo padroeiro[2].
   Aí está, portanto, demonstrada de forma insofismável a convergência do espírito humano para um único ponto, onde ele poderia atingir um pico máximo de densidade, facilitando a comunicação com a divindade. Daí o fato da catedral gótica ter sido considerada o arquétipo perfeito de todas as construções humanas, e o modelo ideal para se realizar o aprimoramento do espírito através do trabalho manual. Essa mística, essa elevação da alma aos domínios mais sutis do espírito só iria ser alcançada mais tarde pela prática da Alquimia, que como veremos, visava a mesma finalidade.
   Diante disso, não causa escândalo o costume dos maçons operativos de dizer que Deus era o Sublime Arquiteto do Universo, enquanto eles eram seus Demiurgos, construindo fisicamente os modelos do universo divino. Com efeito, na perfeição das formas, na solidez das estruturas, na harmonia do conjunto, obtida pela perfeição com que se elaborava cada detalhe, é preciso reconhecer, nessa obra máxima da arquitetura medieval, uma construção de espírito, realizada não só a partir da atuação do engenho humano sobre a matéria, mas da própria interação entre os espíritos da matéria trabalhada e do artesão que a manipulava.  Dessa idéia á uma sacralização do oficio do construtor foi apenas um passo.
    
 Jean Palou diz que nos tempos primitivos, o oficio sacralizado já pertencia ao domínio do esoterismo, razão pela qual seus conhecimentos eram transmitidos por iniciação.[3] Isso é verdade, pois embora todos os profissionais da construção, fossem, de certa forma, iniciados, somente a iniciação não lhe conferia uma realização espiritual total. Esta só acontecia com o cumprimento de uma longa cadeia iniciática, na qual se praticava uma liturgia ritual própria, onde o obreiro absorvia o “espírito” da profissão e com ele se interava tornando-se um eleito.”A iniciação”, escreve aquele autor, “em suas formas, em seus meios, em seus objetivos,Una em seu espírito, múltipla, porém, nas diferentes aplicações das técnicas peculiares a cada ofício, pela Sabedoria que preside á elaboração lógica da Obra, pela Fôrça que possibilita sua realização efetiva, e pela Beleza que proporciona o Amor a cada realizador, isto é, o Conhecimento, ajudava o artífice a se despojar do homem velho, para se transformar num novo homem, criador de objetos e forjador de um novo mundo,  finalmente harmonioso.[4]
   Eis o porquê de não se permitir ao iniciado, inicialmente um mero Aprendiz, compartilhar com os Companheiros-Mestres os mesmos símbolos, senhas, comportamentos e práticas. E mesmo entre Mestres se impunham distinções de grau, pois se todos eram iniciados e ostentavam os mesmos títulos profissionais, muitos poucos, entretanto, eram eleitos, ou seja, tinham obtido elevação espiritual de modo a serem considerados Mestres também nesse sentido.
   Quando a Maçonaria operativa evoluiu para o especulativo, e mais tarde, quando o especulativo integrou á sua liturgia as tradições do Hermetismo e da Gnose, a mística da profissão do construtor aliou-se ao encantamento próprio da prática alquímica e ao apelo emocional contido na mensagem gnóstica. Se anteriormente, o oficio de construtor se realizava num domínio que era antes de tudo religioso e social, passou, depois disso, a preencher um vasto campo no domínio filosófico e espiritual, pois a especulação, mais que a prática pura e simples de uma arte, ou uma técnica, exige mais da sensibilidade do artista do que a razão e a habilidade física requerem dele. O artista, o técnico, que antes aliava o sentimento religioso ás técnicas da sua arte, teve que buscar nos domínios do esoterismo as justificativas para a sua prática. Depois, no inicio do século XVIII, quando a Arte Real incorporou a mensagem iluminista, foi preciso o desenvolvimento de uma liturgia ritual que possibilitasse a divulgação da nova filosofia, mas que, ao mesmo tempo, transmitisse a mensagem iniciática original de uma sociedade que jamais abandonara suas tradições de construção, ainda que essa construção, agora, fosse apenas simbólica. A realização espiritual buscada no exercício do ofício, ou na prática da filosofia hermética, passara agora, a ser uma realização moral, onde o iniciado aprenderia a educar-se para ser virtuoso, a partir de um novo arquétipo de homem, que era o Homem Universal. Era um aprendizado de filosofia moral em busca de um êxtase espiritual que a cadeia iniciática da Maçonaria iria proporcionar aos que nela se iniciavam.
 



[1] Aldo Lavagnini,- El Secreto Masonico,pg.61
[2] Fulcanelli- O Mistério das Catedrais, pg. 50
[3] Jean Palou- A Franco-Maçonaria Simbólica e Iniciática, pg. 28
[4]  Idem. Pg.39

do livro Conhecendo a AArte Real- Ed. Madras,  2007
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 30/08/2011
Alterado em 30/08/2011


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras