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‘Todo mundo possui seu próprio mapa ou modelo de mundo e nenhum é mais verdadeiro ou real do que qualquer outro. Ao contrário, as pessoas mais eficientes são aquelas que possuem um mapa de mundo que lhes permite perceber o maior número de opções e perspectivas possíveis.” Robert B. DiltS
O território e o mapa
Como seres humanos, nós não operamos diretamente sobre o mundo real, mas sobre uma cópia personalizada dele. Isso quer dizer que nós “criamos”, dentro da nossa mente, uma representação dele, ou seja, um “mapa” ou modelo de mundo, que usamos para orientar as nossas ações. Essa representação mental que fazemos do mundo determina, em larga escala, o que pensamos e sentimos a respeito das experiências que vivenciamos e os comportamentos e atitudes que tomamos como resposta a essas experiências. O mundo de fora – o mundo físico, material – independe de nós para existir. O mundo de dentro – mundo psíquico, espiritual – só existe porque nós o formatamos com as informações que recebemos e a interpretação que fazemos delas. No entanto, nós nos comportamos como se o mundo real fosse o que temos dentro da cabeça e não o que existe na realidade. Quer dizer, trabalhamos com um mundo ideal e não com a realidade nele existente. Nossos mapas de mundo são traçados com informações neurolinguísticas. Informações neurolinguísticas são as diferentes manifestações dos nossos sentidos. Eu vejo um objeto ou uma cena. Através do meu sistema visual, eu capto uma imagem dessa cena, ou objeto, que é transmitida ao meu cérebro. Imediatamente ele a transforma em uma fotografia ou num filme, nos quais os elementos neles presentes são identificáveis por atributos tais, como cor, luz, contraste, dimensão, forma, localização, movimento, etc. Da mesma forma, se escuto um som, imediatamente meu sistema auditivo o leva para dentro do meu cérebro, onde ele é representado por um sinal sonoro, no qual podemos identificar atributos de volume, duração, timbre, tonalidade, intensidade, etc. Assim também são tratadas as sensações prioceptivas, sejam elas gustativas, aromáticas ou táteis, que serão reconhecidas e valoradas pela minha mente através de um código neurolingüístico que se traduz por peso, altura, movimento, localização, temperatura, textura,gosto, etc. O conjunto dos atributos com os quais desenhamos os nossos “mapas” do mundo – visuais, auditivos e cinestésicos– é o que podemos chamar de alfabeto neurológico, ou seja, ele é a linguagem que usamos para organizar o mundo em nossas mentes, a linguagem da percepção. Por isso é que, em PNL, se diz que o “mapa não é o território”, pois nunca um evento do mundo real consegue ser representado em nossas mentes tal como ele é. Ora ele é representado com mais ou menos luz; ora nos aparece mais silencioso ou ruidoso, ora pode ser mais quente ou frio, macio ou áspero, enfim, sua conformação depende da linguagem neurológica com a qual nós o montamos dentro da nossa mente. Destarte, o relacionamento que mantemos com o mundo real ocorre através do nosso processamento neurolinguístico. Se não tivermos suficiente linguagem neurológica para representá-lo adequadamente para nós mesmos, ele nos aparecerá como um “mapa” incompleto, obscuro, falho, e as dificuldades para se achar caminhos seguros dentro dele serão sempre maiores. Como disse o filósofo Wittgeistem, com muita propriedade, ( Tratado Lógico- Filosófico- Viena, 1929), “ os limites da linguagem são os limites do mundo”. Isso é verdade, porquanto em nossa mente só tem existência aquilo que pode ser representado através do nosso alfabeto neurolinguístico. Deve-se ao lingüista Alfred Korzibsky ( 1933-1994), a descoberta de que as representações mentais que fazemos da informação recebida não correspondem à totalidade informada pelos nossos sentidos justamente por causa da incompetência que o nosso sistema de linguagem neurológica tem para reproduzi-la. Com isso ele criou o lema “o mapa não é o território”, significando que aquilo que sabemos do mundo é apenas uma ínfima parcela dele, apenas o que podemos representar em nossas mentes com a capacidade de linguagem que temos.[1] A PNL leva na devida conta o fato de a nossa mente não conseguir reproduzir com fidelidade as informações que recebe. Foi a partir dessa constatação que ela começou a ser sistematizada. John Grinder, como lingüista, já havia dado importantes contribuições no campo da chamada gramática transformacional, ramo da psicologia que estuda como o significado das estruturas mais profundas da experiência subjetiva humana, ( níveis neurológicos, subjetivos, pensamentos), se transforma em linguagem, (níveis biológicos, objetivos, comunicação). Foi com base nos estudos realizados nesse campo que mais tarde, juntamente com Richard Bandler, ele montou o chamado metamodelo de linguagem, desenvolvido especialmente para o ramo da terapia, o qual viria, posteriormente, tornar-se a matriz da PNL.Esse modelo pressupõe um tratamento mais qualitativo da informação que os sentidos enviam aos centros processadores do cérebro, bem como uma atualização nos “programas” já instalados no sistema neurológico. Nesse processo é importante levar em conta que o que foi aprendido não pode ser esquecido nem cancelado. Isso quer dizer que não podemos voltar ao passado para apagar experiências vividas. Essa é uma diferença importante entre o cérebro humano e o computador. Enquanto na máquina os programas podem ser retirados, trocados, modificados, substituídos, no cérebro essa possibilidade não existe. O que foi registrado não pode ser cancelado, a não ser em casos de patologias específicas em que o cérebro tenha sido danificado de alguma forma. Todavia, a mente não trabalha com fato em si, mas com o registro e a interpretação que ela faz dele. Assim, a lembrança de uma experiência não pode ser modificada, mas o significado que ela tem para nós pode. Isso geralmente é o que ocorre com o tempo, quando novas informações vão sendo adquiridas e sobrepostas às antigas, modificando o entendimento que tínhamos a respeito de determinado assunto. Desas forma, os “programas” que nos fazem agir de certo modo não são estáticos, definitivos, imutáveis. E ainda bem que é assim,pois se tivéssemos que tomar decisões na vida baseados sempre no mesmo modelo, jamais passaríamos da infância mental.
[1] Exemplo da nossa incapacidade neurolinguística: nossos ouvidos não conseguem captar ondas sonoras abaixo de 20 ou acima de 20.000 ciclos; nossos olhos só conseguem “ver” entre 380 e 680 milimicron. Ondas luminosas formadas abaixo ou acima desses limites não são detectadas por nossos olhos. Com as sensações também estamos submetidos a muitas limitações. A intensidade das sensações no corpo varia em pontos diferentes da pele, da mesma forma que de indivíduo para indivíduo.
DO LIVRO "À PROCURA DA MELHOR RESPOSTA"-BIBLIOTECA 24X7- SÃO PAULO 2010
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 16/10/2011
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