João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


NOVAS HISTÓRIAS DE AMIZADE

 
O PASTOR E AS CABRAS
 
Esta é a estória de um pastor que tinha um grande rebanho de cabras, algumas já de muita idade. Mas eram cabras muito produtivas, que nunca deixaram de produzir muito leite, do qual o pastor fazia coalhos, queijos e outros produtos, de cuja venda vivia. Um dia, ao pastorear suas ovelhas, verificou que entre elas havia algumas cabras selvagens, que tinham se juntado ao seu rebanho. O pastor ficou contente, e ao invés de expulsá-las, conduziu-as para o seu estábulo junto com as suas cabras amestradas. E passou a tratá-las com muito carinho e refinamento, para que elas se domesticassem e passassem a fazer parte do rebanho. Dava-lhes o melhor da sua ração, e em doses mais generosas, enquanto que ás demais, servia o mesmo repasto de sempre. Dias se passaram e o pastor, achando que as cabras selvagens já tinham sido domesticadas, soltou-as juntamente com os demais animais do rebanho. Quando chegaram em campo aberto, as cabras selvagens fugiram e levaram com elas uma boa parte do rebanho.
−Ingratas− choramingou o pastor. – Dei a vocês um tratamento melhor do que dou às minhas cabras domésticas e vocês me pagam desse jeito?
−Esse é o problema−responderam as cabras selvagens. – Se é assim que você trata os seus amigos de longa data, negligenciando-os em favor dos novos, nós não queremos nos tornar seus velhos amigos.
 
MELHOR DAR QUE RECEBER
 
Uma seca tão terrível acontecera naquela terra que todos os rios e lagos secaram. Ninguém tinha água para beber salvo um pequeno fazendeiro que havia furado um poço e por sorte dera com um belo lençol de água subterrânea. Com isso ele e seus  animais eram os únicos que estavam conseguindo sobreviver naquela terra. Um dia chegaram dois sujeitos e disseram ao camponês: −por favor amigo, dê-nos água que nós, em troca vigiaremos sua fazenda contra os ladrões. O camponês respondeu: −muito obrigado meus caros amigos, mas eu tenho dois bons cachorros que já fazem isso. Prefiro dar minha água para eles. Depois disso apareceram mais três pessoas, também pedindo água e prometendo puxar o arado para o camponês. A resposta foi a mesma: −Obrigado, meus caros, mas eu já tenho dois bois que fazem esse trabalho.Prefiro dar minha água para eles. E várias foram as pessoas que vieram à fazenda em busca de água, sempre prometendo algo em troca. E a resposta era sempre a mesma: que ele já tinha um animal que fazia isso para ele. Então as pessoas se enfureceram e perguntaram para ele? – Mas porque você recusa nossa amizade e nossas promessas? Porque prefere a companhia dos animais à nossa? O camponês respondeu. – Porque a verdadeira amizade é aquela que cumpre antes de receber. E ela está sempre presente e não aparece só na hora da  necessidade.
 
SOMBRA E FRUTOS
 
Dois sujeitos estavam perdidos num deserto. Cansados, com o sol a pino sobre suas cabeças, estavam a ponto de morrer de insolação. Já à beira da exaustão, avistam um oásis, com uma pequena fonte de água e uma frondosa palmeira sobre ela. Reunindo as últimas forças, correm para lá, atiram-se no pequeno poço dágua e bebem até se fartar. Depois, exaustos deitam-se á sombra da palmeira e descansam, revigorados. De repente, um deles abre o olho, olha para a palmeira e diz: - bem que essa porcaria de árvore poderia ser uma tamareira em vez de uma palmeira, diz ele com sarcasmo.
−É, seria bom se fosse− respondeu o segundo. –Mas como não é, demos graças a ela pela sombra amiga que nos dá e pela água pura que ela conserva fresca.
E assim, os dois sujeitos descansaram à sombra da palmeira. O primeiro não conseguiu dormir, pois não conseguia se conformar que a árvore não fosse uma tamareira cheia de frutos para matar a sua fome. O segundo dormiu como uma pedra e acordou revigorado, pois com toda sua alma tinha agradecido a Deus pela graça de ter posto na sua frente aquela sombra e aquela água.   
Assim diz a sabedoria: aos que sabem agradecer o que recebem, seja o que for, nunca se lhes falta o necessário. Entre os dois, adivinhem quem sobreviveu. 

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 08/11/2011
Alterado em 15/11/2011


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