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A MAÇONARIA NOS ANOS VINTEHistória
Em 1922 explode, no Rio, a Revolução dos Tenentes. O estopim foi o fechamento do Clube Militar e a prisão, ordenada pelo presidente Epitácio Pessoa, do marechal Hermes da Fonseca. A repercussão da vitória dos comunistas na Rússia se deu no Brasil com a fundação do partido comunista em fevereiro de 1922. Acirra-se o debate entre capitalistas e socialistas. A agitação atinge o auge nesse ano e o Estado de Sítio é decretado. Duraria quatro anos, durante todo o governo de Arthur Bernardes. Essa agitação política decorria principalmente da modificação que a estrutura social do pais vinha sofrendo nos últimos tempos, com a chegada dos imigrantes, a substituição do trabalho escravo por trabalhadores livres nas fazendas e pelo surgimento de uma classe média, resultante da industrialização e do desenvolvimento do comércio. A antiga elite dominante, oriunda principalmente das velhas oligarquias do ‘café com leite”, se via agora contrastada pelas novas idéias dos modernistas, que surgiram com o processo de desenvolvimento econômico do país. No Rio Grande do Sul o maçom Borges de Medeiros desencadeia a sua Revolução redentora. Em 5 de julho de 1924, a revolução dos tenentes, chega a São Paulo e Mogi das Cruzes acaba sendo afetada. Centenas de pessoas, fugindo dos bombardeios que as tropas legalistas faziam contra a capital vêm se asilar em nossa cidade. A maçonaria mogiana participa ativamente das ações assistenciais a esses refugiados, arrecadando alimentos, remédios, cobertores e outros gêneros de primeira necessidade. A revolução tenentista se espalhou pelo país inteiro. Era a luta das novas classes sociais, formada na idéia progressista do desenvolvimento econômico com políticas sociais, contra o conservadorismo das velhas oligarquias que temiam perder o poder que haviam conquistado na República Velha. No Rio Grande so Sul Luis Carlos Prestes começa a mobilização da sua famosa Coluna Prestes, que durante três percorreria o Brasil de sul a norte, praticando uma guerra de movimento, tentando sublevar as populações do interior contra o governo. A revolução dos tenentes terminaria oficialmente em 1924, com a derrota dos revolucionários. Mas os ecos dessa revolução continuariam a ressoa durante toda a década de 20, culminando com a revolução de 1930.Em 15 de novembro de 1926, no entanto, é eleito para a presidência da República o maçom Washington Luis Pereira. Acalmaram-se os ânimos revolucionários, mas a situação econômica do país estava indo de mal a pior. Uma superprodução de café, o principal produto de exportação do país, fez cair de tal forma o seu preço que levou muitos cafeicultores à falência. A política dos governos brasileiros tinha sido sempre a de controlar os preços internacionais do café mediante a compra dos estoques. Com isso tinha mantido uma saudável prosperidade durante as duas primeiras décadas do século vinte, o,que agradava os cafeicultores. São Paulo, o maior estado produtor, em decorrência da sua pujança econômica, domina também a cena política nacional e isso gera um grande desconntamento no resto do país.[1]Em 1929 o colapso da Bolsa de Valores em Nova Iorque, dando início á Grande Depressão daquele ano pegou em cheio a economia do país, já preocupada com a superprodução O pânico toma conta dos cafeicultores.Montanhas de café encalham nos armazéns.O PRP (Partido Republicano Paulista) que dominou a cena política no país durante todos esses primeiros anos da república, havia sofrido um sério baque em 1926 com a fundação do Partido Democrático, que congregava a maioria dos jovens políticos que procuravam um lugar ao sol e se ressentiam do domínio dos velhos caciques. A indicação do paulista Julio Prestes para a sucessão de Washington Luís provocou um amplo movimento de reação nos demais estados, visando quebrar a hegemonia paulista. Á frente desse movimento estava o gaúcho Getúlio Vargas.
Mogi nos anos vinte
Em 1920 o Brasil tem cerca de trinta milhões de habitantes. O Estado de São contabiliza cerca de 4.600.000, sendo já o segundo estado brasileiro com maior população perdendo apenas para Minas Gerais, com cerca de 5.900.000 habitantes. Mas já é, de longe, o estado mais rico do país, graças principalmente ao trabalho e ao engenho dos imigrantes, que se instalaram em São Paulo e deram início à sua industrialização.[2]Em Mogi, os ecos da imigração maciça dos italianos, japoneses, portugueses, espanhóis e famílias de várias outras nacionalidades, começam a se fazer ouvir. Nomes como Torquato, Bourg, Dasambiágio, Straube, Bracato, Savastano, Grinberg, Pasqualline, Zogbi, Dominguez, Grieco, Cury Andere, Morrone, Nassif Salemi etc., começam a aparecer constantemente junto com os tradicionais Vilela, Mello Freire, Cardoso, Passos, Almeida, Lopes, Mello e outras, nos eventos mais significativos da cidade. Era o resultado da imigração que chegava a Mogi das Cruzes e já mostrava o fruto do trabalho desses pioneiros no processo de desenvolvimento do Brasil e particularmente da nossa cidade.Essa disposição também pode ser observada na composição da maçonaria mogiana nos anos vinte. Lá encontraremos nomes como os dos irmãos Fernando Tancredi, Salim Baccach, Frederico Benatti, Francisco Wichan, Constanzo de Finnis, entre outros, ilustres descendentes de imigrantes, que trouxeram a maçonaria para Mogi e a ajudaram nos seus primeiros passos.
Nos primeiros anos da década de vinte, Mogi das Cruzes estava em franco desenvolvimento, como se pode perceber pelo número de indústrias e estabelecimentos comerciais que existiam no município. O comércio havia crescido de tal maneira que motivou a fundação da Associação Comercial da cidade, em 1920. Várias fábricas instalam-se no município. A fábrica de louças dos irmãos Pavan; a fábrica de meias dos maçom Francisco Wichan; várias fábricas de tecidos, chapéus e meias, a fábrica de louças de Angelo Rizzi, etc. Segundo a publicação “Municípios Paulistas", Mogi das Cruzes, em 1925, conta com fábricas de tecidos, de louças, de chapéus, colas, adubos, químicos, bordados, móveis, ladrilhos, calçados, meias, vinagres, bebidas, pólvora e fogos de artifício, além de diversos moinhos, olarias, cerâmicas, cortumes e engenhos de cana.[3]As autoridades mogianas engajaram-se desde logo na revolução tenentista de 1924 optando pelo lado legalista. Dessa forma, o prefeito Manuel Alves dos Anjos requisitou todos os carros e a gasolina existente na cidade, colocando tudo à disposição das forças legalistas. Construiu-se, da noite para o dia, uma pista de pouso para aviões de combate, na Vila Cintra; as dependências do Teatro Vasques foram adaptadas para receber os refugiados; a Santa Casa local transformou-se em enfermaria de guerra, com o dr. Deodato Wertheimer à frente da equipe médica. Mais tarde a Santa Casa seria transformada em hospital militar, para atender aos feridos na revolução, condição que seria revertida logo após o termino das hostilidades.[4]
A Maçonaria nos anos Vinte
Funda-se a Corporação musical Santa Cecília, até hoje uma glória da cultura mogiana. A testa desse empreendimento, estava o irmão Galdino Alves, que viria a ser venerável da Loja no biênio 46/47. Em 2 de agosto de 1928 é criado oficialmente o Hospital Santo Ângelo, destinado a tratar de doentes portadores do Mal de Hansen (hanseníase). Em 29 de outubro de 1920, é fundada a ACIMC, Associação Comercial de Mogi das Cruzes, órgão de classe dos comerciantes mogianos, que tanto tem feito pelo progresso da nossa cidade. Entre os fundadores iremos encontrar vários irmãos da Loja União e Caridade IV. Registra-se que seu primeiro presidente foi o irmão Emilio Navajas, um dos fundadores da Loja. Junto com ele destacam-se os irmãos, Ângelo Pereira Passos, Adelino Torquato, Isidoro Boucalt, Francisco Afonso de Melo, João Baptista dos Santos Cardoso e Fernando Tancredi.[5]Exercem o cargo de venerável da Loja, nos anos 20, os seguintes irmãos: José Ribeiro Xisto (1920/21); Constanzo de Finnis(21/22); João Batista dos Santos Cardoso (22/23 e 23/24); Manoel de Barros (24/25 e 25/26); Lourenço Raimundo de Oliveira(27/28); Antonio Martins Coelho (28/29).
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RESUMO DO CAPÍTULO II -CEM ANOS DE MAÇONARIA EM MOGI DAS CRUZES, A SER COMPOSTO PARA O CENTENÁRIO DA LOJA MAÇÔNIA UNIÃO E CARIDADE IV. SOLICITAMOS A QUEM TIVER QUALQUER INFORMAÇÃO SOBRE OS NOMES CITADOS ACIMA E QUISER COMPARTILHAR CONOSCO, FAVOR COLOCÁ-LAS AQUI SOBRE FORMA DE COMENTÁRIO OU MANDAR PARA o email jjnatal@gmail. com.
[1] Brasil, Nosso Século, Vol. 4
[2] Brasil, Nosso Século, Vol 3, op citado.
[3] Citado por Isaac Grinberg- História de Mogi das Cruzes, citado.
[5] Robson Regato e Vanice Assaz- Históriaa do Comércio Mogiano, ACIMC, 1988
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 29/03/2012
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