João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

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A VIRTUDE DA EGRÉGORA

A força da Maçonaria é encontrada na chamada egrégora formada pelos Irmãos. É através dessa estrutura um tanto mística, mas não menos arquetípica do que todas os demais alicerces que sustentam o pensamento humano, que a Irmandade se alimenta e encontra o necessário vigor para realizar seus objetivos. 
Egrégora, (do grego egrêgorein) significa velar, vigiar. É um termo que designa o antigo costume grego de “concentrar” o povo em uma assembléia, com a mente voltada para um determinado objetivo. Esse era um costume muito utilizado em épocas de guerra ou de acontecimentos importantes da vida daquele povo. Com o tempo, esse costume se tornou uma verdadeira tradição popular, invadindo todos os segmentos da vida grega, sendo praticado na religião, através dos festivais conhecidos como Mistérios, nos esportes, por ocasião das famosas Olimpíadas, e até na política, quando as assembléias dos cidadãos da pólis eram reunidas na praça pública (ágora) para resolver assuntos de importância para a comunidade.
Esse tipo de prática pode ser verificado já entre os gregos mais antigos, como se percebe nas obras de Homero, particularmente a Ilíada, onde as assembléias dos povos arguivos, “concentradas” para planejar a guerra contra os troianos, nos mostra como funcionava o espírito da egrégora entre os gregos daqueles tempos míticos. 

A idéia da egrégora fundamenta-se na existência de entidades psíquicas denominadas egrégoros, que são centelhas de energia espiritual manifestadas pela mente das pessoas congregadas em estreita união, e na crença de que elas podem influenciar os acontecimentos no mundo físico.
Essas”entidades” estão presentes em todas as coletividades, seja nas mais simples associações, ou mais propriamente nas assembléias religiosas. São geradas pelo somatório de energias físicas, emocionais e mentais de duas ou mais pessoas quando se reúnem para qualquer finalidade em que suas emoções estejam envolvidas. É com base nesse conceito que Jesus expressou o famoso ensinamento segundo o qual “ele estaria no meio” de qualquer grupo que se reunisse em seu nome.
Dessa forma, podemos dizer que todos os agrupamentos humanos geram seus egrégoros particulares. Por isso nós os encontraremos nas empresas, nos clubes, nas igrejas, nas famílias, nas equipes esportivas e em todas as associações de pessoas onde as energias físicas e espirituais dos indivíduos são eliciadas para “trabalhar” por um resultado.
A idéia que está no centro dessa crença é a de quando um grupo se reúne e promove sinergia, a energia que é gerada por essa comunhão de pensamento forma uma espécie de corrente que influencia o meio em que ela atua. Essa corrente seria a força que dá efetividade a um grupo de oração, espíito de luta á uma equipe esportiva, motivação á um grupo de trabalho e assim por diante. Assim, a técnica de formação de egrégoras hoje está base dos modernos métodos de treinamento nas empresas e nos grupos de influência na sociedade.

CORRENTE DE ENERGIA

Destarte, egregóros podem ser vistos como esferas de energia, emanadas da mente dos indivíduos agrupados e ligados espiritualmente por um objetivo comum. São como átomos que se agrupam e formam uma “corrente de energia”, que aproveita aos objetivos do grupo e também favorece a cada um dos individuos pessoalmente.
Hoje, a estratégia da formação de egrégoras está disseminada por todas as atividades que envolvem trabalho coletivo. Num hospital, por exemplo, o ambiente é preparado para formar uma “central” destinada a concentrar energias para a cura dos pacientes. Em uma fábrica, uma empresa comercial, uma equipe de futebol, os exercícios coletivos, as orações comunitárias, os momentos de reflexão e concentração, tudo são estratégias usadas para eliciar a energia do grupo para a consecussão de um objetivo..
Na crença do espiritismo esse conceito é conhecido pelo nome de “formas-pensamento”, ou seja, idéias projetadas pela mente humana e materializadas no mundo espiritual como “entidades” que sobrevivem na esfera astral e podem influen- ciar os objetivos para os quais são dirigidos. É nesse sentido que funciona o que chamamos de “mau olhado” e as projeções negativas ou positivas de pensamento, que influem no comportamento das pessoas e as leva a praticar determinadas ações no mundo físico..
Assim, uma egrégora se caracteriza pelo espírito de congregação, que é obtido pela soma das manifestações mentais emitidas pelo grupo e que a todos beneficia, individual e coletivamente. Dái esse termo ser constantemente utilizado na prática maçônica.

ORIGEM DOS GRUPOS CORPORATIVOS

Com o tempo essa idéia evoluiu para uma prática muito comum entre os diversos grupamentos humanos. Assim, a adéia da egrégora, que em princípio tinha uma função religiosa e servia ao próprio sistema de governo praticado nos antigos tempos, passaram a ser usadas por grupos particulares na defesa de seus interesses corporativos. O egregôrein tornou-se uma estratégia de organização social e ganhou uma aplicação prática na forma de corporações associativas, formadas para os mais diversos fins.
Nasceram assim as associações de classe, as corporações obreiras, os partidos políticos, os clubes sociais, mas agora já despregados da concepção original, que hospedava um misto de religiosidade, componentes raciais e até política de estado. O objetivo passou a ser a defesa das próprias conquistas do grupo, a sua preservação como sistema corporativo e o desenvolvimento e o compartilhamento de valores culturais, econômicos e sociais.
Situam-se nesse espectro as antigas corporações de obreiros, tipo “Collegia Fabrorum” dos romanos, as Corporações de Ofício da Idade Média (guildas) e as chamadas Lojas operativas dos pedreiros medievais, famosos construtores de igrejas e edifícios públicos, dos quais o termo maçom foi emprestado. Todas essas corporações tinham, na estrutura nuclear dos seus fundamentos, uma noção de egrégora a uni-los. Eram estruturas de pensamento coletivo, voltadas para a realização de um objetivo comum.

A EGRÉGORA MAÇONICA
 
A Maçonaria é uma estrutura mental arquetípica, cuja origem repousa na idéia de que existe uma ordem social perfeita que pode ser realizada pela união dos homens de boa vontade. Essa união promove o aprimoramento dos espíritos nela congregados, dando como resultado da egrégora formada pelos Irmãos em estreita comunhão. Essa egrégora, que é sustentada pelas qualidades pessoais que cada um deles trás para o grupo, promove de um lado o desenvolvimento coletivo, permitindo a realização dos seus objetivos, e de outro o enriquecimento ontológico de cada um dos indivíduos dele participante.
Sabemos que como estrutura arquetípica, a Maçonaria é contemporânea das primeiras civilizações. Desde os tempos mais antigos, os povos que alcançaram os mais altos estágios civilizatórios cultivam a tradição de preservar sua cultura, seus conhecimentos e suas conquistas através da reunião de grupos específicos de indivíduos que comungam de interesses mútuos. Esses grupos se formam por cooptação, procurando aglutinar, na forma mais nivelada possível, os “iguais” dentro de uma sociedade, fundamentados na crença de que aqueles que estão mais envolvidos com determinado sistema é que têm maior interesse em preservar os seus valores.
É neste amplo espectro, que funde religião, política, mitologia e história que iremos encontrar, por exemplo, as antigas manifestações culturais conhecidas como Mistérios, que vários autores maçons costumam invocar como sendo as estruturas mais antigas da Maçonaria.  Aqui caminhamos nas sombras e só podemos fazer conjecturas baseadas em analogias entre os ritos praticados por aqueles povos e os símbolos comuns compartilhados por eles e pela Maçonaria moderna, mas é certo que existe uma ligação e uma relação de antecedente e conseqüente entre essas manifestações espirituais dos antigos povos e a Arte Real hoje praticada. E o vínculo que os une é justamente a força da egrégora, sendo a prática iniciática presente em todos eles nada mais que uma estratégia desenvolvida para captar a energia emanada do grupo e dirigi-la para a consecução dos seus objetivos.   

É evidente que a Maçonaria praticada pelos nossos antecessores das idades antiga e medieval era muito diferente da que conhecemos hoje. Dela não sobreviveram registros suficientemente precisos para dar ao historiador uma noção bastante clara de como era a Arte Real praticada por esses Irmãos de outros tempos. Os fragmentos dos ritos e os documentos manuscritos que versam sobre aspectos particulares dessas sociedades são muito controversos. Os próprios registros de suas atividades, que sobreviveram á ação do tempo, por falta de continuidade histórica e pela ausência de um padrão de unidade entre as práticas por elas adotadas, e depois pelas Lojas operativas dos maçons medievais, acabam mais por confundir do que esclarecer quem se propõe a escrever sobre a antiga Maçonaria. Dela fica sempre uma idéia de corporativismo, temperado por uma mística muito própria da cultura daquelas épocas, quando a religião era o único sistema de balizamento dos espíritos e todas as instituições sociais eram condicionadas por esse fator.
A origem da Maçonaria sempre foi um assunto muito obscuro, e mesmo hoje, apesar da farta literatura já publicada, ainda suscita muitas dúvidas aos estudiosos dessa matéria.Como instituição é costume situar suas origens no início do século XVIII, a partir da Constituição que lhe foi dada pelos maçons ingleses, liderados pelo pastor anglicano James Anderson. Mas o que estes fizeram não foi exatamente a criação de algo novo, mas sim a sistematização de uma prática já várias vezes centenária.  Sabemos que muito antes da fusão das Lojas londrinas e das Constituições de Anderson, os maçons já se reuniam nos canteiros de suas obras para praticar alguma coisa parecida com a Arte Real. A essas reuniões, por algum motivo ainda não suficientemente esclarecido, eles chamavam de Lojas. E a Loja, por definição nada mais do que uma assembléia de maçons em forma de egrégora. (...)
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João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 02/08/2012
Alterado em 03/08/2012


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