POEMA DAS QUATRO ESTAÇÕES
INFÂNCIA
A luz entra no quarto sem pedir permissão.
A porta se abre e ela invade o aposento sem qualquer cerimônia.
A sombra se vê subitamente subjugada e perde o terreno.
A escuridão desaparece sem lutar.
Dias e noites de primavera.
JUVENTUDE
As pernas do tempo estão mais ligeiras.
Um cavalo baio galopando por uma trilha na montanha.
Muito sacolejo, medo de cair no abismo.
Sabe-se onde quer ir mas nunca se sabe se está indo.
Dias e noites de verão.
MADUREZA
Manhãs cinzentas, tardes melancólicas,
Noites vazias e circunspectas.
Dias manquitolas e meses claudicantes.
Uma rua silenciosa, guardada por sentinelas descarnadas.
Dias e noite de outono.
VELHICE
A morte é feminina em todas as línguas que conheço.
Muerte, Death, Tod, Mort.
Será que a morte tem sexo de mulher?
Talvez morrer seja um parto para outra vida.
No inverno da desesperança uma esperança.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 11/10/2012
Alterado em 11/10/2012