João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


CAPÍTULO I- LIVRO: Á PROCURA DA MELHOR RESPOSTA - ED. 24X7- 2010

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“ Pedi,  e dar-se-vos-à; buscai e encontrareis;  batei e abrir-se-vos-à.
“ Porque, aquele que pede recebe, e o que busca encontra; e ao que bate,  se abre.”


                                                                                                                                  Mateus 7:7,8

PRIMEIRA PARTE PROGRAMAÇÃO
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CAPÍTULO 1
O QUE É PNL

“Acredita em ti: todo coração ressoa em consonância com essa corda de ferro. Aceita o lugar que a providência divina te designou, a convivência com teus contemporâneos, a correlação de acontecimentos. Os homens ilustres sempre agiram assim e confiaram, à maneira das crianças, no gênio de sua época, revelando sua percepção de que o absolutamente digno de confiança encontrava-se assentado em seus corações, trabalhava pelas suas mãos, predominava em todo seu ser.”
                                                               Ralph Valdo Emerson

Pedagogia do comportamento eficiente

     A PNL – Programação Neurolinguística – é uma técnica que tem como objetivo pesquisar a experiência subjetiva humana, com o propósito de identificar e mapear os processos segundo os quais ela é construída. Utilizando as técnicas da PNL é possível descrever, de maneira detalhada, a estrutura segundo a qual as atividades humanas são desenvolvidas em nosso sistema neurológico, que forma tal que nos permita, conscientemente, interferir nesse processo e realizar, rápida e eficientemente, mudanças profundas e duradouras em nossos comportamentos. A cura rápida de fobias, a eliminação de hábitos indesejáveis, como fumar, beber, comer em excesso, roer unhas, insônia, procrastinar obrigações, etc. bem como eliminar conflitos entre casais, famílias e grupos de trabalho, melhorar a interação entre os colaboradores de uma organização, para que funcionem com mais harmonia e atinjam maiores níveis de produtividade, eliminar o estresse, eliciar motivação e construir estados positivos e propícios à atividade criativa são alguns dos resultados visíveis e prováveis alcançados pelos praticantes de PNL.      
     Como disciplina acadêmica, a PNL começou a ser desenvolvida no início dos anos setenta por Richard Bandler, psicoterapeuta interessado em informática, e John Grinder, professor-assistente de lingüística na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz. A partir da análise sistemática da forma de atuar dos famosos terapeutas americanos, Fritz Perls, Virginia Satir e Milton Erickson, cujos resultados nessa área eram considerados excepcionais, eles criaram um modelo para estudar as experiências humanas bem sucedidas, e com base nesse estudo, determinar quais as estruturas neurológicas que estão na base das habilidades das pessoas talentosas.
     Com fulcro nas descobertas realizadas em seus estudos junto a esses profissionais, Bandler e Grinder verificaram que a mente humana, embora seja capaz de registrar a totalidade das informações recebidas pelos sentidos, só utiliza uma pequena parte delas para formatar o conhecimento que temos do mundo. Isso significa que ela suprime uma grande parcela da informação recepcionada pelos sentidos, razão pela qual há sempre uma defasagem entre o mundo real e o que pensamos a respeito dele. Essa defasagem ocorre em razão da incapacidade que a nossa linguagem tem para representar, para nós mesmos, a experiência tal qual ela ocorre na realidade.
     A partir dessa descoberta, Bandler e Grinder deduziram que a mente humana funciona como se fosse uma espécie de biocomputador, programado pelos resumos que ela faz das experiências vividas pelo organismo. E que esses resumos são semelhantes a programas de computador ( ou mapas),que ela elabora para orientar as respostas que damos ao mundo. Em conseqüência, concluíram que quanto maior for o número de alternativas de resposta que desenvolvermos para a solução de um problema, mais amplo será o nosso “mapa” e maior será a probabilidade de respondermos com eficiência aos problemas que a vida nos coloca.
      E mais: para ampliarmos o nosso “mapa” de alternativas de resposta, é preciso ampliar a capacidade de representar o mundo em nossas mentes. Isso implica numa melhor utilização dos nossos sentidos externos e internos, os primeiros para aprender a captar a informação com qualidade, e os segundos para representá-la em nossas mentes com acuidade.  
      A idéia que está embutida nesse processo sugere que se soubermos trabalhar adequadamente as informações que a mente recebe, poderemos modificar a nossa forma de ver o mundo e formatar “programas” capazes de nos dar respostas mais eficientes aos desafios que a vida nos apresenta. Fundamentalmente, abriremos a nós mesmos a possibilidade de assumir o comando das nossas próprias vidas, escolhendo as ações mais eficazes, os caminhos mais seguros e os modelos mais apropriados para orientar os nossos comportamentos e as nossas decisões. Isso pode ser feito através da utilização mais eficiente dos nossos sentidos e do aperfeiçoamento dos nossos modelos lingüísticos. Daí o nome dado à técnica: programação neurolingüística.
     Com o sucesso obtido nas experiências realizadas nos campos da terapia e da comunicação principalmente, a PNL desenvolveu-se e passou a ser utilizada em vários ramos da atividade humana, tais como a informática, a psicologia, a filosofia, a saúde, a medicina, a pedagogia, o esporte, a religião, etc. Pela eficácia dos resultados obtidos, ela pode ser considerada hoje uma espécie de pedagogia do comportamento eficiente, isto é, uma forma prática e segura de ensinar pessoas a gerar novos e criativos comportamentos, e também eliminar aqueles cujos resultados não interessam à felicidade do indivíduo. Em outras palavras, trata-se de ensinar as pessoas a descobrir e usar suas habilidades de forma eficiente e habitual.    
      Hoje em dia, uma plêiade de esportistas, artistas, comunicadores e profissionais de todos os ramos de atividade utilizam as técnicas desenvolvidas pela PNL como ferramentas para aperfeiçoar suas habilidades e melhorar seus rendimentos como pais, professores, amigos, parceiros, ou simplesmente como seres humanos, já que nada tem sentido, se nessa qualidade, não obtivermos bons resultados.
       Paciência, moderação, confiança e um sólido conjunto de crenças bem formuladas, são as únicas exigências prévias para que alguém se inicie nesse programa de aprendizagem. Afinal, Deus já colocou á disposição de todos os seres humanos os recursos necessários para eles sejam eficientes na arte de viver. Isso não sou eu quem está dizendo, mas sim o maior de todos os mestres: “O reino de Deus já o tendes dentro de vós”, afirmou ele, e isso nós sabemos que é a mais pura verdade, porquanto esses recursos já fazem parte da herança conferida à nossa espécie. Pertence ao acervo conhecido como Direito Natural, o direito que todos temos à auto-estima, à realização profissional, ao amor, à reprodução, à qualidade de vida, e fundamentalmente à escolha do próprio caminho. Isso tudo é igual ao que chamamos de felicidade.  

Programas de desenvolvimento pessoal

     A PNL também pode ser vista como técnica de modelagem da excelência humana, já que objetiva desenvolver métodos que permitem a qualquer pessoa aprender o que cada ser humano sabe fazer de melhor. Isso é conseguido através de um mapeamento dos caminhos neurológicos que ela percorre para obter esses resultados. Com tais mapas, é possível estabelecer “padrões”, ou seja, “modelos” de excelência comportamental, que podem ser aplicados em todas as atividades, por qualquer pessoa interessada em melhorar suas próprias habilidades.
      Robert Dilts, (A Estratégia da Genialidade, Vol.1 e 2- Sumus Editorial), ao mapear os padrões lingüísticos utilizados por grandes personagens da história da humanidade – Aristóteles, Mozart, Einstein, Freud e outros – nos dá uma boa mostra da existência de padrões neurológicos comuns nas experiências efetivadas por esses “mágicos.
      A partir desse conhecimento, a PNL passou a ser utilizada como uma técnica de comprovada eficácia para ajudar as pessoas a conhecer e organizar, com melhor proveito, os processos internos que orientam as suas ações. Além disso, ensina como é possível dar mais qualidade às nossas ações, através de uma orientação neurolingüística adequada. Essa orientação nos permitirá construir uma base positiva de dados neurológicos que nos ajudarão a administrar a nossa vida emocional com eficácia e fornecerá também uma gama de recursos que nos possibilitará oferecer respostas mais eficientes aos desafios que a vida nos apresenta diariamente.
     Partindo desse pressuposto, podemos dizer que a PNL tem como meta desenvolver modelos para reconhecimento, aprendizagem e aplicação do que há de melhor na experiência humana. Além disso, procura desenvolver técnicas para aperfeiçoá-los e instalá-los nas pessoas, como se fossem programas de desenvolvimento pessoal.
     Através dessas técnicas uma pessoa pode melhorar sensivelmente o seu desempenho em qualquer campo da atividade humana. Isso é fato provado e fartamente documentado pelos praticantes de PNL, e as nossas próprias experiências nesse sentido só reforçam a nossa crença na veracidade dos pressupostos que ela dissemina.  Essas técnicas funcionaram comigo e com muitas outras pessoas que acreditaram e souberam aplicá-las ao longo de suas vidas para melhorar suas performances. Com elas pude vencer as barreiras da timidez e da baixa auto-estima que ela acarreta. Ganhei força e confiança para vencer obstáculos que de outra maneira teriam me condenado a uma vida medíocre e sem qualquer perspectiva.
     Não se trata de mais uma teorização sobre a aplicação do chamado pensamento positivo, mas sim, uma fórmula prática e segura para utilização dos nossos recursos físicos e mentais de maneira mais eficiente. Elas agora estão à disposição de todas as pessoas de boa vontade e com disciplina suficiente para aprendê-las e adotá-las como programas de vida.

O segredo das pessoas eficientes

     As técnicas desenvolvidas pela PNL não são exatamente novas, embora somente tenham sido sistematizadas por Bandler e Grinder a partir dos anos setenta. Todavia, desde os primórdios da nossa história, os grandes comunicadores e os homens que fizeram diferença em todos os campos da atividade humana as têm utilizado, ainda que de forma empírica, para produzir os resultados que fizeram deles as figuras excepcionais que a história registrou.
     Essas pessoas foram os líderes que mudaram o curso da experiência humana, tornando-a fantástica, maravilhosa, digna de ser vivida. Foram eles que construíram os grandes impérios políticos e econômicos, fundaram religiões, produziram obras artísticas geniais e deixaram para a posteridade exemplo notáveis de vida, que a uma pessoa comum só podem figurar como obra de Deus.
     Podemos dizer que Moisés, Jesus Cristo, Maomé, Sidarta Gautama,  o Buda, Lao-Tse, Confúcio e todos os grandes construtores do espírito humano foram mestres na técnica da neurolingüística. Nesse rol podemos também alinhar homens da estatura de Alexandre Magno, Júlio César, Péricles, Sócrates, Aristóteles, Martinho Lutero, Napoleão Bonaparte, Gandhi, Abraão Lincoln, Sigmund Freud, Winston Churchill, Santos Dumont, Albert Sabin, Madre Teresa de Calcutá, Walt Disney, Henry Ford, Antonio Ermírio de Moraes, Roberto Marinho, Bill Gates e todos aqueles que, pelo poder da mente, pela capacidade de comunicação ou de ação, realizaram grandes feitos históricos ou humanitários, ou simplesmente conseguiram aliciar multidões para comungarem dos seus sonhos e suas visões, como fazem os grandes empreendedores, atletas, artistas e comunicadores que conseguem atingir extraordinários resultados em suas atividades. 

      O mundo real pode não ser como pensamos que é, e certamente não é. Mas é possível fazê-lo ficar como gostaríamos que fosse: um lugar onde a nossa condição de ser humano pode ser exercida plenamente. É o que a maioria dos grandes mestres vem dizendo desde a aurora da nossa história. E alguns deles, mais ousados, provaram isso realizando feitos extraordinários, que fizeram a diferença.
     É que eles acreditaram em suas visões internas e partiram para a ação, acreditando que tudo que viam, pensavam e sentiam podia ser transformado em coisas reais. Dessa forma, organizaram seus mundos internos com crenças fortes e positivas, que refletiram em seus comportamentos, de uma maneira tão efetiva, que os levou à realização dos objetivos sonhados.
      Os sábios, especialmente os orientais, sempre sustentaram que é preciso deixar que a nossa sabedoria se organize naturalmente, sem deixar que preconceitos e idiossincrasias particulares a deturpem. Por isso, as religiões orientais, especialmente, recomendam uma atitude de fascinação perante a vida, encarando todos os acontecimentos como se fossem oportunidades de aprendizagem. 
      Os budistas até criaram um termo próprio para designar essa atitude: koan. Uma pessoa em atitude koan é uma criatura postada perante a natureza esperando surpreendê-la em pleno processo de criação. Eles não pensam nos acontecimentos como coisas que precisam ser explicadas, pois entendem que não é na consciência que se hospeda o verdadeiro conhecimento, mas sim no inconsciente, e é de lá que a mais pura sabedoria emerge com sua verdadeira identidade. Para eles, o que vem da consciência é sempre uma interpretação incompleta da realidade, mutilada pela necessidade que a mente tem de conformá-la aos nossos valores, crenças e necessidades.   Essa também é a postura adotada pelos praticantes do Taoísmo, doutrina desenvolvida na China, no século V antes de Cristo, por Lao Tse, que tem como meta principal a perfeita in tegração do homem com a natureza. 
    Para os praticantes dessas disciplinas o perfeito conhecimento só pode ser obtido mediante uma visão correta das coisas. Essa perspectiva não conflita com a interpretação dada pela PNL, segundo a qual o mundo que temos em nossa mente não é o mundo que se apresenta externamente, pois ele é um modelo estruturado a partir das perspectivas individuais de cada pessoa.  A diferença entre a visão oriental e a PNL está principalmente nas conseqüências que cada cultura extrai desse conhecimento. Enquanto os orientais utilizam essa sabedoria para obtenção de resultados no campo da espiritualidade, a PNL a sistematizou num conjunto de técnicas capazes de fornecer às pessoas um plano de trabalho, mediante o qual elas podem aumentar sua eficiência comportamental, visando a obtenção de resultados práticos na vida. Devemos isso à natural tendência do homem ocidental para o pragmatismo, que o leva a procurar sempre o que funciona ao invés de entregar-se a especulações que não se traduzam em resultados positivos.
     
      A PNL valoriza a experiência sensorial por entender que essa é a forma mais efetiva que temos de conhecer o mundo real. Isso porque a experiência sensitiva é uma maneira direta de vivenciar a relação do homem com o ambiente em que vivemos.  É dessa relação que o nosso organismo vive e se alimenta, tanto física como espiritualmente, razão pela qual não podemos evitá-la. Antes, é preciso vivê-la intensamente. Na essência, isso nos leva às técnicas de percepção direta, utilizada pelos místicos orientais e pelos adeptos da psicologia cognitiva. Juntando as duas visões, podemos dizer que um praticante de PNL (practitioner), assemelha-se tanto a um profissional de psicologia, no trabalho diário em sua clínica, quanto a um praticante do budismo zen, ou do taoísmo, ioga, tantrismo, etc., cujo objetivo é vivenciar experiências internas – quer as chamemos de psíquicas ou espirituais – com o objetivo de atingir a plenitude do ser..
      Não é sem razão que a prática da PNL sugere tais analogias. Afinal, um praticante de PNL primeiro tem que estudar os conceitos e digerir as teorias que sustentam os pressupostos da técnica com a qual vai se familiarizar; depois tem que treinar sob a orientação de um mestre, para ser capaz de realizar suas próprias vivências do aprendizado. Somente quando conseguir obter resultados efetivos em suas experiências pessoais, poderá se considerar um iniciado. Isso faz dele um técnico, capaz de detectar, utilizar e modificar as próprias experiências internas e das outras pessoas, ajudando a si mesmo e a elas, no sentido de resolverem seus problemas e melhorarem suas performances na vida; ao mesmo temo consegue levá-las a experimentar estados superiores de consciência, como os que são alcançados nas práticas chamadas iniciáticas.
     É nesse sentido que nós podemos ver a PNL como a projeção tecnológica de um poderoso conhecimento empírico que vem sendo utilizado por pessoas extraordinárias desde tempos imemoriais. Foi essa sabedoria que permitiu a realização dos grandes feitos que lhes são atribuídos, e lhe deu a grandeza de alma de que eram possuidores.
     Esses conhecimentos podem ser modelados e utilizados por qualquer pessoa que queira desenvolver suas próprias habilidades e ganhar uma maior capacidade de resposta para dar aos desafios que a vida lhe coloca.   Por isso, a PNL é conhecida como a ciência da modelagem, ou seja uma forma prática e segura de aprender o que de melhor a experiência humana já foi capaz de produzir.

Fonte perene de recursos

Uma das proposições da PNL sustenta que todas as pessoas têm, pelo menos potencialmente, os recursos que precisam para serem eficientes na arte de viver.
     A filosofia das religiões psíquicas ensina que a chama divina habita no interior de todas as pessoas e quando é acesa, conduz à iluminação. Já as religiões reveladas dizem que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus.  Em qualquer dos casos, o que se propaga com esses pressupostos é uma idéia de humanismo positivo que sustenta o otimismo que devemos manter em relação ao destino da espécie humana. 
      Seja qual for a concepção adotada – psicológica ou religiosa – isso quer dizer que o ser humano é muito superior ao que parece ser, pois ele possui recursos insuspeitados dentro de si. E, em qualquer caso, só precisamos encontrar a chave certa para abrir os caminhos para a iluminação ( em se tratando de religião) ou para a máxima excelência em nossas performances ( em se tratando da vida em geral). .
      Na liturgia das religiões, são as preces, os jejuns, as cerimônias rituais, a recitação de mantras etc., que preparam a mente do fiel para a recepção do “programa”. Este é veiculado depois através das crenças embutidas nos pressupostos sobre os quais elas se fundamentam. Instalada a crença, o fiel adquire um “filtro” que irá processar dali para frente as experiências que tiver e conformá-las aos valores por ela determinados. Por isso é que quanto mais retumbante, impressionante, vistoso, emocionante, for o ritual utilizado para “instalar o programa”, mais profundamente ele impregnará a nossa mente e com mais força nos fará acreditar e trabalhar segundo o que ele sugere.
      Da mesma forma que os atos litúrgicos dos ofícios religiosos, os exercícios desenvolvidos pelos praticantes de PNL funcionam como “rituais” que proporcionam acesso à estrutura mais profunda da nossa mente e nos dá a possibilidade de organizar ou reorganizar as nossas experiências internas de um modo que elas se tornem um aprendizado positivo e não uma limitação à nossa capacidade de encontrar respostas positivas para os desafios da vida. Esses exercícios funcionam como sugestões neurolinguísticas que modificam a nossa maneira de ver o mundo, e consequentemente, proporcionam diferentes respostas aos problemas que ele nos coloca. Em outras palavras, amplia nossos recursos e aumenta a capacidade de resposta.

Dádiva de Deus

     A capacidade de pensar é uma dádiva de Deus, concedida a uma espécie em particular. É possível que Ele nos tenha premiado com essa distinção para poder contar com uma força executiva para a construção do universo. Essa é uma crença minha.  Acredito piamente que Deus existe e age no universo através das criaturas que engendrou, pois é através das nossas vidas, que são condensações energéticas do pensamento divino, que Ele constrói o mundo. Como diziam os filósofos gnósticos, Deus “pensa” o universo e nós, os seus pedreiros, o construímos.  Aliás, acho que foi para isso que Ele nos selecionou entre as espécies que colocou no mundo e nos confiou essa missão. Pensando assim, parece lógico que Ele tenha incluído, de alguma forma, no nosso gabarito biológico, um “programa” específico que nos leva a procurar naturalmente as informações que precisamos para organizar nossas vidas em um processo de evolução real e ascendente, que tem por objetivo aperfeiçoar cada vez mais a nossa capacidade de resposta.
     Nós não somos o que somos por força de qualquer elemento externo, alheio à nossa vontade e que está além do nosso controle. Nós somos as criaturas que aprendemos a ser, por conta de “programas” implantados em nosso sistema neurológico, os quais, além de determinar as escolhas que fazemos na vida, também regulam o nível de habilidade com que agimos para executar nossas ações. Se eu escolho me alimentar de carne ao invés de frutas ou legumes, essa é uma opção que eu faço por conta de um hábito alimentar adquirido pelo meu organismo; da mesma forma, se eu escolho uma determinada cor de roupa, um modelo de carro, um perfume, isso também é resultado de um critério que me dita esta ou aquela alternativa. Tudo isso são escolhas orientadas por um processo neurológico interno que se estrutura de certo modo.

     A mesma coisa acontece com os nossos sentimentos. Todos eles são estados internos determinados pelos “programas” que implantamos em nosso sistema neurológico. Não ficamos tristes ou alegres por força de uma disposição inata do organismo que nos faz assumir este ou aquele estado de espírito, em razão de um determinado acontecimento; nem amamos ou odiamos porque uma divindade nos inspirou um estado de enlevamento e ternura, ou porque existem espíritos maus que adoram promover a discórdia entre os seres humanos. Nem o nosso coração – que os poetas dizem ter razões que a própria razão desconhece – tem alguma coisa a ver com os nossos sentimentos, a não ser o fato de que ele é grandemente afetado por eles. O coração não pensa nem gera sentimentos: ele apenas os reflete, da mesma forma que o fígado, os pulmões, os intestinos, o estômago e todos os demais órgãos desse complicado sistema, que é o corpo humano.
     Há pessoas que não se sentem “obrigadas” a ficar tristes com a morte de um parente e outras que não se alegram nem mesmo com os acontecimentos mais felizes. Todos nós conhecemos pessoas assim, que parecem “icebergs”, extremamente frias, impassíveis perante qualquer situação, como se fossem criaturas sem nervos. São os seus “programas” que os fizeram assim. Em seus sistemas neurológicos não há um padrão que reconheça a utilidade de sentimentos de piedade, solidariedade, comiseração, etc. Por outro lado, há pessoas que se emocionam com extrema facilidade. Uma cena triste em uma novela de televisão, ou em um filme, tira delas copiosas lágrimas. Choram, se enternecem, gritam horrorizadas, tremem de medo, excitam-se, mesmo sabendo que o que estão vendo ou ouvindo é mera encenação.
    Tudo isso só prova uma coisa: o mundo em que realmente vivemos não é o mundo real, mas sim aquele que criamos em nossas mentes. Esse mundo é o resultado dos “programas” que são implantados em nosso sistema neurológico desde o momento em que somos concebidos, pois mesmo no útero materno nossa mãe já está nos “programando” através das informações que recebe do mundo e e do que pensa e sente a respeito delas. Assim, podemos dizer que a mente humana não é exatamente uma “tábula rasa” ao nascer, como afirmou um renomado filósofo, mas sim um “soft” interativo, que possui “programas” específicos que são desenvolvidos à medida que nos interamos com o mundo. 

O mapa do tesouro

      A capacidade de pensar e sentir – que nos qualifica como seres humanos – implica em outra capacidade, que é a de escolher. Assim, tudo que fazemos na vida são escolhas ditadas por critérios desenvolvidos pelo nosso sistema neurológico. Esses critérios funcionam como “programas” que são instalados no nosso cérebro, da mesma forma que programas de trabalho são implantados na CPU de um computador, para que a máquina execute este ou aquele serviço. Por isso é que o nosso cérebro pode ser comparado à CPU de um computador e o nosso sistema nervoso a uma espécie de rede que transmite ao organismo os comandos que ele gera.
  Os cinco sentidos, que recolhem no mundo externo as informações, são como os terminais de um sistema de computação. Nossos olhos escaneiam o mundo, nossos ouvidos captam os seus sons, e pelos sentidos do paladar, do aroma e do tato, trazemos para dentro de nós o gosto, o cheiro e a conformação física que ele tem. É através desses sofisticados terminais nervosos que nós nos comunicamos com a realidade.  Se fossemos privados de todos os sentidos, o nosso cérebro simplesmente desligaria e nós nos tornaríamos menos que vegetais, pois estes, seja qual for a condição em que existam, serão sempre úteis para o sistema. Nós não, porque a natureza nos construiu para uma função específica, e essa função implica na capacidade de pensar e sentir. Se não formos capazes de exercer essa capacidade, desaparecerá a nossa utilidade para o mundo.
      A nossa condição como ser humano, sem a possibilidade de escolha, fica consideravelmente diminuída em sua potencialidade. Por isso, a mais execrável instituição inventada pelos homens, até hoje, foi a escravidão humana, pois ela privou uma grande parte das pessoas dessa faculdade, atrasando por milhares de anos o desenvolvimento social e psíquico de uma parcela considerável da humanidade.
      A nossa felicidade, como indivíduos, e o progresso da espécie humana, como um todo, depende fundamentalmente da quantidade e da qualidade das opções de comportamento que conseguirmos desenvolver como resposta aos desafios que o ambiente nos apresenta. Se só aprendermos a nos defender das agressões que sofremos com outra agressão, a nossa vida será uma eterna luta, porque a cada momento somos atingidos por alguma coisa ou por alguém. Essa é a opção do animal, cujo sistema neurológico, incapaz de produzir respostas alternativas, denota a sua inferioridade na escala evolutiva das espécies. A sua extinção será devida mais à sua inflexibilidade comportamental do que as mudanças ambientais.
      Da mesma forma, a nível profissional, se aprendermos somente uma única forma de ganhar a vida, no dia em que essa habilidade não tiver mais utilidade para o sistema em que vivemos, ficaremos com a nossa subsistência ameaçada. É assim que muitos profissionais são expulsos do mercado e nunca mais voltam. Em termos psicológicos, se tivermos somente uma resposta – a prostração física e moral – para situações que nos provocam sentimentos de tristeza, abandono, mágoa, aborrecimento, frustração, etc., nos transformaremos em verdadeiros poços de melancolia, pois todo dia estamos sujeitos a viver experiências que nos trazem esse tipo de sentimento; da mesma forma, se não tivermos mais que uma opção de comportamento para enfrentar situações de risco, acabaremos nos tornando criaturas extremamente frágeis, sempre necessitando da ajuda de alguém para sobreviver.
      Bom ditado é aquele que diz:  “ quem vive à espera de um salvador, não merece ser salvo”. E é verdade, pois quem coloca o leme do seu destino em mãos alheias não tem direito de escolher para onde quer ir. É isso que acontece com muitas pessoas que instalam, inconscientemente, ou permitem, por livre vontade, que outras pessoas instalem em seus sistemas neurológicos “programas” que não lhes oferecem possibilidade de gerar respostas eficientes aos desafios da vida. São as pessoas extremamente conformadas, preguiçosas, sem vontade própria, que estão sempre esperando que alguém tome decisões por elas. Suas opções de comportamento são pobres e limitadas, invariáveis quase sempre, e se você lhes pergunta por que não procuram outros caminhos quando as coisas não estão d ando certo, eles dão de ombros como se tudo que lhes acontece fosse uma coisa inevitável, decidida por alguma divindade inflexível e inclemente, que se diverte criando dificuldades para os seres humanos. 
      É verdade que nós só podemos viver no presente e que o futuro é uma mera  abstração. Mas, se a cada dia, procurarmos fazer alguma coisa para aperfeiçoar as nossas habilidades, as vicissitudes da vida jamais nos pegarão desprevenidas. Por isso, o melhor investimento que uma pessoa pode fazer é o recurso que ela aplica em si mesma. E quando dessa aplicação o seu leque de escolhas se amplia, então ela está no rumo certo para encontrar sempre a melhor resposta.

Aspirai aos dons melhores”

     Há muitas coisas no mundo para as quais a nossa sabedoria jamais encontrará explicações definitivas. Mas no terreno das possibilidades humanas não há necessidade de feitiçarias para realizarmos os prodígios mais fantásticos. Nesse mundo, sapos se transformam em príncipes com muito mais facilidade e naturalidade do que nas fábulas infantis.  Não é preciso cozinhar poções mágicas ou lançar encantamentos, nem recitar fórmulas cabalísticas para captar energias desconhecidas. Elas já existem dentro de nós e só precisamos descobrir como acioná-las. No campo das habilidades humanas também não se fazem milagres. Tudo se resume em saber interpretar as mensagens que o mundo nos envia e trabalhá-las adequadamente para gerar as respostas que daremos a elas. E depois executá-las com eficiência.
     Afinal, se analisarmos a vida das pessoas que se tornaram verdadeiros vetores para a humanidade, em todas iremos encontrar alguns traços comuns de organização neurológica. Não consigo acreditar que suas qualidades lhes tenham sido outorgadas pela liberalidade de uma divindade que resolveu premiar, por qualquer razão, um ou outro ser humano, deixando o resto da humanidade patinando numa cruel mediocridade. Pensar assim é atribuir a um Pai amoroso, que tudo fez por um grande ato de amor, uma imensa injustiça. E, como disse Jesus,     “ se vós que sois mau, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais não dará o Pai que está no céu?”
     E isso tudo temos certeza que Ele já nos deu. Podemos não saber qual é o montante dos nossos recursos e o limite da nossa capacidade, mas essa ignorância não significa que somos desprovidos desse manancial.  Por fim, é importante não esquecer que todas as pessoas que fizeram uma diferença na história viveram suas vidas com um senso inabalável de missão. Isso quer dizer que eles acreditavam, realmente, que o que faziam era bom, útil, certo e verdadeiro. Podem até, em algum momento de suas vidas, mas jamais deixaram que a dúvida contaminasse suas crenças, de maneira a enfraquecê-las. Na verdade, eles sempre acreditaram que podiam vencer e venceram.
     A fé é uma certeza que não comporta dúvidas. A dúvida contamina a crença e diminui o ímpeto da ação, por que nos faz dispersar a energia que devemos colocar nelas.
     Dessa forma, creio ser mais útil acreditar que a habilidade para realizar grandes feitos é prerrogativa comum de toda a humanidade, o que significa que, o que alguém já foi capaz de fazer, todo ser humano é, pois somos todos oriundos da mesma célula mater que deu origem à vida. Essa é uma proposição da PNL que merece ser repetida constantemente.
     Primeiro é preciso acreditar que é possível. Em seguida, aprender a fórmula correta de fazer. Com esse conhecimento, estruturar um plano de ação. E por fim, agir. E quando tivermos obtido o resultado desejado, usufruir dele sem culpa, pois certamente o teremos merecido. É bem como disse o Apóstolo São Paulo: “ Aspirai aos dons melhores: eu vos mostrarei um caminho mais excelente.”   

                                                EXERCÍCIO

1. Pegue uma folha de papel e descreva para você mesmo um objetivo que gostaria de alcançar. Tenha cuidado para fazê-lo de forma positiva. Por exemplo: vou me formar na faculdade de direito daqui a cinco anos, ou vou morar em uma casa de 400 metros no bairro X, na cidade Y, daqui a três anos. Se souber, faça um desenho da casa em que quer morar ou escreva uma pequena biografia do profissional que você quer ser. Isso ajudará sua mente a fixar o objetivo.

2. Sente-se em uma poltrona bem confortável e relaxe. Represente mentalmente esse objetivo, prestando atenção nos detalhes da cena que você está projetando na sua mente. Identifique que imagens, que cores, que sons você associa com o seu objetivo. Preste muita atenção nas sensações que tem quando projeta essa cena em sua mente. Procure identificar em que lugar do seu corpo elas parecem se localizar.

3.  Anote todas essas informações e passe a usá-las diariamente para treinar a sua mente a se adaptar a esses objetivos. Exemplo: se você identificou as cores, procure viver em um ambiente em que elas estejam presentes. Vista-se com roupas que tenham essas cores, pinte seu quarto com elas, decore-o com objetos que as reproduzam.

4. Faça a mesma coisa com os sons. Traga-os para o seu dia a dia.  Quando você estiver desenvolvendo alguma atividade que se relaciona com o objetivo desejado, como por exemplo,  um trabalho que você esteja fazendo ou uma matéria que você está estudando, procure compatibilizar o sentimento que essa atividade lhe provoca  com aquela que a visão interna  do objetivo lhe sugere. Isso fará com que sua mente fique impregnada pelo objetivo que você quer alcançar.

5. Imagine agora que você já alcançou totalmente objetivo. Associe-se à imagem que você projetou mentalmente, como se estivesse vivendo efetivamente aquele momento. O que as pessoas estão dizendo para você? Como é que elas o olham? Como você se parece nesse momento e local? Qual a sua postura, como respira, senta, conversa? Qual é a auto-imagem que você faz de si mesmo nesse momento? Você gosta dela? Não há nenhum sinal de rejeição de alguma “parte” de você? (pensamentos jocosos, zombaria, pouco caso, podem ser sinais dessa rejeição).

6. Se você realmente sente que gosta dessa auto- imagem, “ancore-a” no seu sistema neurológico, com um toque em alguma parte do seu corpo. (na ponta do nariz, na testa, no lóbulo da orelha, etc.)

7. Levante-se, ande um pouquinho, pense em outra coisa para quebrar o estado. Depois faça um teste. Toque naquele lugar do corpo onde você “ancorou” a auto- imagem. Se a primeira coisa que vier à sua mente for essa imagem, então a neuro-associação que você precisava para se motivar foi conseguida. Se não, repita o passo 4.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 13/10/2012
Alterado em 13/10/2012


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