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A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER
Como um artista tentando Pintar uma aquarela Busco fixar em uma tela Aquilo que estou pensando. Mas, qual, a imagem fugidia E tão sutil como a fumaça, E à medida que o tempo passa Some um pouco a cada dia. Por mais que carregue a mão As cores ela vai perdendo Pouco a pouco esmaecendo Até que sobra um borrão Onde nem se distingue forma, Só cores embaralhadas Como tintas misturadas Sem critério, nexo ou norma. Quando olho em meu passado, Vejo os objetos do meu desejo Postos num quarto de despejo Como todo descartado. E ainda bem que isso acontece Memórias são como fotografia Perdendo as cores cada dia A emoção também arrefece. O tempo é como um cadinho Dissolvendo a nossa memória Descarregando o peso da história Pelos tropeços do caminho. E assim tudo se reduz; Feliz o homem que no fim Puder se sentir assim Tão leve como um grão de luz. Deixando pela estrada do viver A insustentável leveza do seu ser.
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Nota: A Insustentável Leveza do Ser, obra do escritor checo Milan Kundera é um romance nihilista que mostra a vida de dois casais procurando no prazer dos sentidos uma forma de preencher o vácuo que uma vida sem comprometimento com uma ideologia, um amor, uma missão de vida, nos provoca. Na Techoslováquia dos anos setenta, as pessoas, vivendo sob a tirania de um regime marxista, cuja doutrina se esforça para demonstrar que a matéria prevalece sobre o espírito e toda a história humana se compõe a partir da necessidade que o homem tem de ganhar a vida e justificá-la de alguma forma, o autor descreve o quadro triste e sombrio da vida humana quando ela não encontra um propósito maior para guiá-la. A fugacidade da vida, o peso de ser nada, o peso da leveza do ser é a grande angústia das pessoas. A Insustentável Leveza do Ser foi um dos maiores best-sellers dos anos setenta justamente por abordar um tema muito em voga naquela época. É um romance a moda de Sartre, existencialista e nihilista, mas que no fim nos leva a uma profunda reflexão: não será exatamente essa leveza de ser que nos proporcionará a verdadeira liberdade?
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 22/11/2012
Alterado em 22/11/2012
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