MORTE DA ESTRELA
Num universo onde a minha estrela não brilha
Prefiro o silêncio de um buraco negro,
Túmulo e útero do cosmo.
Lá serei, pelo menos, ausência,
Sem sofrer o constrangimento da indiferença
Que a minha presença ainda causa.
Ali terei duas alternativas a considerar:
Ou serei expulso novamente como astro radiante,
Ou me recolherei ao silêncio eterno
Das consciências definitivamente extintas,
Sem esperanças, sem sonhos e sem saudade,
Do tempo em que a minha luz
Era a vida de um sistema.
Indiferença, esquecimento,
Este é o inferno de todos os astros,
Cuja vida já se extinguiu
E agora é só uma pequenina mancha amarela
Bruxuleando no passado cósmico
Mas que só pode ser vista no futuro.