João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


Introdução

A casa exterior

Neste início do século XXI nós todos já descobrimos que não basta desenvolver um grande cabedal de conhecimentos técnicos para fazer sucesso em nossa vida pessoal e profissional.
Aliás, parece que quanto mais nos aprofundamos no conhecimento tecnológico e científico de algum aspecto da vida em particular, mais sentimos que estamos perdendo o sentido de relação que ela mantém com as demais necessidades da nossa existência.
Algumas nações se desenvolvem e se tornam potências econômicas, militares e políticas. Tudo vai bem até que percebem que suas reservas ambientais estão comprometidas e seus valores morais se deterioraram. Então começa a derrocada e os grandes impérios desmoronam como se fossem velhos edifícios cujos alicerces foram minados.
Assim também fazem os indivíduos com suas vidas particulares. Gastam todos os seus recursos psíquicos e físicos na acumulação de bens, até perceberem que comprometeram a saúde, a felicidade e a própria qualidade de vida nessa empreitada.
Há muito que os grandes sábios da humanidade vêm chamando a nossa atenção para o caráter desintegrador da cultura materialista e reducionista que nós criamos. Ela nos leva a viver em mundos privados, construídos somente para nós mesmos, e a pensar de forma linear e seccionada, esquecendo que o universo é uma obra que se constrói por integração entre todas suas partes.
No entanto, independente da condição econômica em que viva, todo homem tem duas casas. Uma interior e outra exterior. A interior é o seu “eu” e a exterior o ambiente em que vive, tanto na visão micro, que são os seus arredores, quanto na visão macro, que é o próprio planeta Terra, e se quisermos ir um pouco mais longe, o próprio universo.

Visto dessa forma, a casa onde vivemos não é mais que um "cantinho", onde a nossa segurança só será efetiva se o condomínio inteiro também o for. Por isso pensamos que a maior parte dos nossos problemas está na separação que a sociedade moderna nos obriga a fazer entre estas nossas duas “casas”. Enquanto procuramos dotar o nosso “cantinho” de todos os confortos necessários, como se ele fosse um refúgio, um último bastião de defesa contra os perigos do mundo, esquecemos que os perigos do mundo lá fora são conseqüência das nossas próprias atitudes de descaso, desleixo e indiferença com tudo que acontece na nossa casa exterior.
Não leva muito tempo para que uma atitude como essa acabe nos levando a confundir o nosso “cantinho” com a nossa própria casa interior, ou seja, o próprio “eu”. E quando ocorre uma violação qualquer desse “espaço vital” que nós demarcamos como nossa casa interior, o sentimento é de que o nosso próprio “eu” foi violado.
Porque nós nos transformamos nas coisas que amamos. E quanto mais nos isolamos no nosso “cantinho”, mais nos apegamos á nossa própria individualidade, se esquecendo que essa individualidade só pode ser preservada quando a segurança do próprio condomínio for alcançada. Este é um dos propósitos do tema tratado neste livro: efetuar a religação do indivíduo com o seu meio, para que, dessa forma, ele possa recuperar a identidade ecológica que perdeu no seu apego ao “cantinho” da sua individualidade.(1)       

A casa interior

Por outro lado, Jesus advertiu que se não nos tornássemos crianças novamente não entraríamos no reino dos céus. Quis ele dizer que se quisermos recuperar esse estado de equilíbrio, paz interna, virtude e verdadeira participação nos processos que constroem o mundo – que constituem a única e verdadeira sabedoria que precisamos para sermos realmente felizes – é preciso dar ouvidos aos nossos “eus” mais antigos, esses arquétipos fundamentais que formam a base da nossa personalidade.
Eles são comuns a todos nós, como bem viu Jung, e representam a sabedoria da “alma da humanidade”. Na vida diária, eles são fontes nas quais podemos beber água vitalícia para encontrar alívio para as nossas dores e desenhar mapas que podemos consultar diariamente na busca de caminhos mais seguros para as ações que tivermos que realizar em nossa vida.
Este é o outro objetivo deste livro: proporcionar acesso consciente aos quatro arquétipos que formam a base da nossa personalidade. Eles são as marcas registradas do comportamento humano e transparecem nas tradições de todas as sociedades do mundo, manifestadas em seus contos, poemas, danças, música, arte, ciência e mitologia.
Neste trabalho vamos propor uma viagem pelo interior do inconsciente coletivo da espécie humana e um mergulho na nossa própria interioridade, para de lá emergir com os elementos que precisamos para construir a nossa psique individual, eliminando os temores e os estereótipos. E também modificar os padrões e as crenças que enfraquecem o nosso desempenho, diminuem a nossa auto-estima e nos impedem de atingirmos melhores resultados  em nossa vida.
A meta é desvendar os caminhos que fazem de uma pessoa um ser humano completo, assim entendido o indivíduo que tem um padrão de comportamentos singular, que o leva a se distinguir num grupo e obter o reconhecimento dos seus pares como sendo um líder natural. E com isso promover a saúde do ambiente em que vive e uma natural reintegração nele, desta vez com consciência da sua importância e valor.
Esses padrões estão alicerçados em quatro arquétipos básicos, que segundo a tradição xamânica, são o Guerreiro, o Curador, o Visionário e o Mestre.
Neste livro o leitor descobrirá como acessar esses quatro arquétipos e de que forma poderá utilizá-los para escolher os melhores comportamentos face aos desafios que terá que enfrentar em sua vida pessoal e profissional. Em outras palavras, aprenderá como buscar, no acervo dos seus recursos neurológicos, aqueles que lhe são necessários para viver com mais qualidade num mundo que se torna cada vez mais competitivo, e por isso mesmo, desumano.
Para tanto utilizamos as técnicas desenvolvidas pela PNL. Programação Neurolinguística, disciplina que vem revolucionando o estudo e a prática do chamado comportamento eficiente. Estas, aliadas á natural sabedoria do nosso inconsciente, formatada nos quatro arquétipos aqui estudados, fornecerá ao leitor um conjunto de ferramentas realmente eficazes para ajudá-lo a decifrar esses verdadeiros Códigos da Vida, que a natureza colocou em nosso inconsciente para que pudéssemos nos comunicar com ela numa relação de parentesco e frutificativa parceria.
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(1) A palavra Ecologia vem do grego oikos(casa). Por isso não se pode falar de equilibrio, seja na sociedade ou no indíviduo se não tratarmos das duas "casas" do homem.

INTRODUÇÃO DO LIVRO "CÓDIGOS DA VIDA": CLUBE DOS AUTORES, 2013.  


João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 17/04/2013
Alterado em 17/04/2013


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