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Princípio orientador do Guerreiro
" Não chore, meu filho,
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que aos fracos abate,
Mas ao forte, ao bravo,
Só pode exaltar".
Gonçalves Dias
Eis alguns elementos típicos do Arquétipo Guerreiro.
1. O Guerreiro é ao mesmo tempo mago, líder, protetor, a-ventureiro e explorador de oportunidades. Essas características podem ser observadas na personalidade de guerreiros históricos como o Rei Davi, Alexandre, o Grande, o Rei Arthur, Rodrigo de Bivar (o El Cid), Willian Wallace, o grande herói escocês, Napoleão Bonaparte, Jorge Washington, o Sultão Saladino, o chefe apache, Jerônimo, o Apóstolo Paulo de Tarso, etc. 2. Como sua virtude guia é mostrar-se e estar sempre presente, ele se apresenta para o trabalho, não foge da luta, está sempre por perto quando se precisa dele. 3. Mostra honra e respeito por todas as pessoas e coisas. Isso faz dele um ser respeitador e tolerante, o que o faz ser respeita-do e admirado até pelos seus inimigos.[1]4. Sabe estabelecer limites e determinações para seus comandados e principalmente para si mesmo. Isso significa que ele é disciplinado e disciplinador. 5. É responsável e justo. Isso significa que ele não exige dos outros mais do que ele mesmo se dispõe e é capaz de fazer. 6. Faz uso correto do poder. Quer dizer que não é despótico nem usa o poder em benefício pessoal. 7. Entende e sabe usar os três “poderes universais” do Espírito de Luta, que são: presença, comunicação e posicionamento. 8. Sabe que a hora de retirar-se de cena é mais importante que a hora de entrar. Assim, ele é verdadeiramente modesto. 9. Mantém perfeita congruência entre postura e comporta-mento. Sua linguagem verbal não contrasta com sua linguagem corporal. O que ele diz é o que ele faz. 10. Pauta suas ações, não pelo que ele quer obter para si, mas sim pela necessidade da missão a ser cumprida.
As virtudes do Guerreiro
O Guerreiro cultiva um conjunto de virtudes que fazem dele um sinônimo de líder natural. Essas virtudes são.
I. Sabe honrar e respeitar coisas e pessoas
Honrar é reconhecer valor nos outros. O que há de bom no seu próximo? O que pode ser aproveitado na idéia dele ou o que há de útil no seu comportamento, na sua atitude? O Lutador sabe que toda intenção é positiva, independente do resultado obtido. Sem abstrair os resultados negativos da ação, ele as analisa com objetividade e os computa exatamente como são: apenas como resultados e não como erros ou ações mal intencionadas. Respeitar significa ter disposição para olhar de novo o acon-tecido. Essa palavra vem do latim respicere, que quer dizer reexaminar. Isso significa adotar sempre uma postura de tolerância, flexibilidade e ecletismo. É saber examinar e valorar as diferenças (nossas e dos outros). É ter flexibilidade e estar sempre disposto a dar um segundo olhar para as coisas antes de tomar uma decisão.
II- Sabe fazer comunicação criteriosa
Fazer comunicação criteriosa é ser consistente em palavras e ações. Nunca dizer uma coisa e fazer outra. A política do Guerreiro é honesta e digna. Isso é o que se entende por congruência. Como disse Jesus: Seja o seu falar sim, sim, não, não, pois o que dai passar procede do mal. Não dizer o que pensamos e o que queremos das pessoas é a principal causa dos mal entendidos e da desconfiança que se instala entre pessoas e grupos. Por isso o Lutador é congruente em palavras e ações, e isso o torna confiável. Ele tem “fio de bigode”, honra seus compromissos, não promete o que não sabe fazer, nem se compromete com o que sabe não poder cumprir.
III- Sabe estabelecer limites e determinações Dizer sim por não, ou não por sim, significa perda de poder e credibilidade. Mais que um aspecto da boa comunicação, o Guerreiro sabe que estabelecer claramente a diferença entre o sim e o não é uma questão de respeitabilidade. Dizer sim não significa que gostamos da pessoa com quem concordamos. Quando dizemos não, isso não implica que estamos rejeitando a pessoa de quem discordamos. Sentimentos pessoais não estão envolvidos nessa relação. Sim e não são limites que podem ser demarcados sem que isso envolva emoções. O Guerreiro sabe quando pode dizer: sim, isso é possível fazer; não, isso não estamos em condições de cumprir. Probidade e critérios judiciosos estão na raiz dessas atitudes.
IV- Tem responsabilidade e disciplina
O Lutador sabe ser responsável e disciplinado. Entende que não é o acontecimento que importa, mas a forma como o interpretamos, porque é a interpretação que dele fazemos que orienta a resposta que damos a ele. O que uma pessoa diz ou faz não tem tanta importância quanto à forma como interpretamos a informação, ou a sensibilidade com que recebemos a mensagem ou a ação. O Guerreiro assume responsabilidade por tudo que diz e faz. Se disse, disse. Se fez, fez. Jamais desdiz o que disse, ou nega o que fez. Não admite indulgência consigo mesmo, mesmo que possa tolerá-las nos outros. Ele é o primeiro a cumprir o que foi estabelecido antes de exigir que seus comandados o façam.Quanto à disciplina, esta significa encarar os problemas de frente e organizar bem as informações antes de agir. O Lutador é discípulo de si mesmo, ou seja, ele conhece o próprio ritmo e o respeita. Ele sabe que quando temos muito a fazer, podemos perder o rumo porque corremos o risco de agir com precipitação; se nada temos a fazer, acabamos nos acostumando com a ociosidade e acabamos perdendo a oportunidade de agir no momento certo.
V- Sabe distinguir entre estrutura e função
O Guerreiro sabe também distinguir e respeitar a estrutura do sistema e a função dos grupos e dos indivíduos. Estrutura é sinônimo de formalidade, regramento, burocra-cia. Função é ação, ímpeto, liberalidade. Pouca estrutura leva á desorganização; muita estrutura leva á calcificação, à cristalização de comportamentos e tolhe a criatividade. Pouca funcionalidade é sinal de estagnação e emperramento; muita funcionalidade pode implicar em desperdício de energia e criatividade sem direcionamento. De outra forma, pouca estrutura é a falta de organização, de regras claras de conduta. Muita estrutura são regras rígidas demais. Muita funcionalidade é sinônimo de exagerada liberdade de ação, o que permite ás pessoas extrapolarem suas competências; pouca funcionalidade significa que as pessoas estão presas unicamente à sua função, sem liberdade de criar nem operar além da sua competência funcional. É preciso saber dosar com equilíbrio a estrutura e a função, para que uma não atrapalhe a outra ou para que o resultado não seja prejudicado pela falta ou pelo excesso de uma ou outra.
VI- Sabe fazer uso correto do poder
O grande desafio do Guerreiro é aprender a usar correta-mente o poder. Ele não precisa abdicar da sua autoridade nem se tornar arrogante, autoritário, intolerante. Poder e remédio, aqui são sinônimos de bom resultado. O uso correto do poder é remédio para curar os males que contaminam os relacionamentos e enfraquece a sinergia dos grupos. O poder não deve ser usado como estimulador de prazeres egocêntricos. O Guerreiro não diz “eu, posso, eu quero”. Diz: “nós podemos, nós queremos.” O Guerreiro sabe fazer uso da sua força para solucionar problemas ou atingir resultados. Usar a força, quando necessário, não é abuso de autoridade. A força, neste caso, vem da autoridade conquistada e só pode ser utilizada por quem a tem. Imposições externas, alheias aos resultados que se pretende obter, não interferem na sua vontade. Suas decisões são baseadas no interesse da causa ou do grupo, e não por força de pressões externas, interesses de grupos ou ameaças. Isso é ter verdadeira autoridade. Autoridade concedida, autoridade conquistada.
[1] Como o lendário cavaleiro medieval Rodrigo de Bivar, o El Cid de Espanha, que recebeu esse título dos seus próprios inimigos, os mouros. El Cid, na língua moura, quer dizer "O Senhor."
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Do Livro Códigos da Vida- Clube dos Autores- 2011
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 16/06/2013
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