João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos



OS TRÊS VIAJANTES

Para ilustrar, este lindo poema de Olegário Mariano. Você conhece? Ele quer dizer que Amor e Saudade são inseparáveis. Convivem no mesmo corpo e onde houver um encontraremos fatalmente o outro. Mas o Amor é muitas outras coisas mais.   Onde ele estiver, muitos outros estados desejáveis, pelos quais a gente luta a vida inteira, são encontrados. 

AS DUAS SOMBRAS

Na encruzilhada silenciosa do Destino,

Quando as estrelas se multiplicaram
Duas sombras errantes se encontraram.
 
A primeira falou: - Nasci de um beijo
De luz, sou força, vida, alma, esplendor.
Trago em mim toda a glória do Desejo,
Toda a ânsia do Universo... Eu sou o Amor

O mundo sinto exânime a meus pés...
Sou Delírio... Loucura... E tu, quem és?

- Eu nasci de uma lágrima, sou flama
Do teu incêndio que devora...
Vivo dos olhos tristes de quem ama
Para os olhos nevoentos de quem chora.

Dizem que ao mundo vim para ser boa
Para dar do meu sangue a quem me queira
Sou a saudade, a tua companheira
Que punge, que consola e que perdoa...

Na encruzilhada silenciosa do Destino.
As duas Sombras comovidas se abraçaram
E, desde então, nunca mais se separaram.


E agora uma pequena fábula.
 
Num pobre casebre, á beira de um caminho, chegaram, um dia, três viajantes. Cansados, sedentos, famintos, bateram á porta do casebre e pediram comida, água e abrigo. Nesse casebre moravam três pessoas: um homem, sua esposa e a filha do casal, uma menina de dezoito anos.
– Quem são vocês e de onde vem? – perguntou o homem.
– Como se chamam? – perguntou a mulher.
– O que desejam?– perguntou a filha.
– Nós somos três andarilhos. Viemos de lugar algum e vamos para onde formos desejados – respondeu o que parecia ser o mais velho dos três.
– Meu nome é Sucesso e os meus dois companheiros se chamam Fortuna e Amor – respondeu o segundo, que parecia ser o mais ativo dos três.
– Queremos que vocês nos aceitem como hóspedes em sua casa– respondeu o terceiro, o que se chamava Amor, e parecia ser o mais jovem dos três.
O homem olhou para a esposa e para a filha, que anuíram, com um sinal de cabeça.
–Está bem– disse ele. Mas nossa casa é pequena e nós só podemos abrigar um dos três. Não temos lugar para todos. Um entra e os outros dois terão que passar a noite no paiol.
– Então escolham a qual de nós deseja abrigar – disse o Sucesso.
Pai, esposa e filha se entreolharam. Confusos, pediram para confabular entre eles por uns instantes.
– Vamos acolher o Sucesso – disse o pai. – Ele parece ser o mais sábio.
– Não. É melhor abrigar o Fortuna– disse a esposa. – Acho que é mais seguro.
– Pois eu prefiro o Amor – disse a menina. – Dos três é o mais bonito e confiável.
Depois de alguns minutos de discussão, finalmente, a família optou pelo desejo da filha.
Abriram a porta e pediram para o Amor entrar naquela casa.
– Sábia decisão a de vocês– disseram Fortuna e Sucesso. – Se tivessem escolhido a um de nós dois, vocês teriam feito uma escolha incompleta. Mas ao escolher o Amor, vocês terão a todos nós juntos.
E num passe de mágica, o Sucesso e o Fortuna se incorporaram no Amor, se transformando em uma pessoa só. E assim, os três entraram naquela casa.
 



 
João Anatalino, Olegário Mariano e fábula inspirada numa metáfora contada por Alexandre Rangel
Enviado por João Anatalino em 14/09/2013
Alterado em 14/09/2013


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