João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


 Sexta-feira 13- O dia da infâmia

 
     Na sexta-feira, dia 13 de outubro de 1307, os franceses acordariam com uma notícia espantosa, transmitida de boca em boca pelas ruas e tabernas de suas cidades: O Castelo de Paris, sede da poderosa Ordem do Templo havia sido invadida pelos senescais do rei Filipe IV, e um grande número de cavaleiros Templários encontrava-se, agora, na prisão. O próprio Grão-Mestre da Ordem, o poderoso Jacques de Molay, juntamente com o preceptor de Paris, Geoffroy de Charney, haviam sido detidos e confinados nas masmorras do castelo.

      Essa uma notícia difícil de acreditar. A Ordem do Templo, há dois séculos, se constituía num poder paralelo dentro do reino da França, e seu Grão-Mestre, o Cavaleiro Jacques de Molay, uma das figuras mais importantes do país. Era um fidalgo de alta estirpe e comandava uma das mais respeitadas organizações do mundo cristão. Além disso, era amigo do rei, protegido do Papa, e retinha sob o seu comando um exército de combatentes, muito melhor preparado do que as próprias forças armadas do reino de França. Destarte , a Ordem era mais rica do que o próprio estado francês, e a coroa devia a ela muito dinheiro.
       A notícia pegara de surpresa o bom povo de Paris, pois no dia anterior, inclusive, todo mundo vira Jacques de Molay caminhando junto ao rei no funeral de Catarina de Courtenay, esposa de seu irmão Carlos de Valois. Até segurara um dos cordões da mortalha da distinta dama, durante o cortejo fúnebre, como era de direito, devido a sua alta posição. Portanto, nada prenunciava, na atitude do rei, a arrojada ação que ele viria a desencadear no dia seguinte contra essa poderosa organização. Nessa oportunidade, inclusive, Filipe conversara com  o Grão –Mestre Jacques de Molay sobre algumas questões políticas que o preocupavam.
 
    – O Sr. d’Artois chegou ontem da Inglaterra com más notícias sobre a questão escocesa - disse o rei ao Grão-Mestre.
    – Que notícias são essas, Majestade? – perguntou o Grão-Mestre.
    – Os ingleses derrotaram o exército de Bruce em Perth e Argyl e ele se refugiou nas terras altas. Ninguém sabe onde se encontra agora, nem se terá condições de continuar a luta.
    – Imagino que isso não convenha á Vossa Majestade – disse o Grão-Mestre, cofiando a volumosa barba branca, separada em dois fartos tufos, que lhe desciam até a metade do peito.
    –  Qualquer coisa que fortaleça a Inglaterra não convém ao reino de França – disse Filipe.
    – Compreendo a preocupação de Vossa Majestade – respondeu Jacques de Molay. – O jovem filho de Eduardo Longshanks é casado com vossa filha Isabel e isso pode trazer complicações para a sucessão na França. Não é conveniente que ele consiga pacificar a ilha e possa voltar suas atenções para o continente – completou o Grão-Mestre.
   - Isso mesmo- disse o rei. Entendestes bem a questão. Por isso é que preciso enviar mais recursos a Bruce- emendou Filipe, olhando de soslaio  
para  o Grão-Mestre do Templo, que logo entendeu a mensagem.
     Jacques de Molay sabia do apoio político, estratégico e financeiro que Filipe estava dando aos rebeldes escoceses, embora oficialmente o negasse. O rei esperava que Eduardo II, agora no lugar do seu belicoso pai, o belicoso Eduardo Longshanks, o Pernas Longas, ficasse tão enredado com a rebelião escocesa que não tivesse recursos nem disposição para se envolver em disputas no continente.
   
      – Aquele sodomita do meu genro que cuide dos seus amantes e não se meta com a França – disse Filipe, com uma mal disfarçada cólera na voz, que ao Grão-Mestre soou inusitada num rei sempre tão composto e fleumático.  
      – Acreditais então, que a guerra na Escócia não tem futuro ?– perguntou o Grão-Mestre.
      – Acredito que ela poderá ser prolongada– disse o rei, com uma expressão estudada. – Mas teremos que dar aos escoceses um apoio maior do que fizemos até agora.
  
        Jacques de Molay sabia o que isso significava. O teremos do rei fora pronunciado de forma bem direta. Filipe ia precisar de mais dinheiro. Ele já havia expropriado os judeus e sangrado o quanto podia os banqueiros lombardos. Taxara as rendas da Igreja e não recuara nem em face a um conflito com o papa,Agora, só restava a sua organização...
      Essa era uma questão que o preocupava. A Ordem do Templo, da qual ele era o comandante supremo, havia se tornado uma organização multinacional, apátrida e neutra, que tinha interesses em todos os reinos europeus. Sua política sempre fora se manter acima dos conflitos dinásticos, evitando se envolver diretamente neles. Isso lhes proporcionara, até o momento, gordos dividendos, pois tendo se tornado os principais banqueiros dos reinos, e o principal organismo de apoio burocrático deles, ostemplários haviam aumentado de tal maneira a fortuna e a sua influência política, que, muitas vezes, era a ela a quem os soberanos recorriam para afiançar os acordos e as tréguas resultantes dos conchavos que se faziam. Não era comum a Ordem do Templo figurar como fiadora e garantidora de resgates e pagamentos de indenizações firmadas nessas ocasiões.  
      Assim, a política do Templo era sempre se manter neutra, jamais se envolvendo diretamente nos combates, embora, por tradição, a fama de monges guerreiros, a eles atribuída, fosse uma das principais qualidades que os distinguia.  
     Não obstante, nos últimos tempos, a Ordem se notabilizara por uma atuação mais política e econômica do que militar. Certamente que não abdicara do seu perfil bélico. Entre os anos de 1298 e 1302, por exemplo, os Templários estiveram envolvidos em diversas campanhas militares no Oriente Médio. O próprio Grão- Mestre Jacques Molay passara todos esses anos em Chipre e na Ásia, combatendo os mamelucos que ameçavam os últimos domínios cristãos na região. Tentou até costurar uma aliança com os mongóis para recuperar Jerusalém, o que nunca chegou acontecer.    
      Em Setembro de 1302 os Templários foram expulsos de Arwad, uma de suas últimas fortalezas em terras sírias, e os planos para a reconquista de Jerusalém foram definitivamente abandonados. Foi então que eles se fixaram defintivamente em suas possessões na ilha de Chipre, de onde passaram a controlar um proveitoso comércio entre a Ásia e a Europa, o que fez da Ordem do Templo uma das grandes potências comerciais da época.
     A partir daí voltaram suas atenções políticas para assuntos europeus, deixando de lado o seu lado militar, se ocupando, principalmente, de administrar o imenso capital político e econômico que havia acumulado.
  
     No caso do conflito inglês/ escocês, havia ainda o fato de a coroa inglesa ser uma grande devedora da Ordem, da mesma forma que Filipe, O Belo. Desde os tempos do Rei Henrique II, o Plantageneta, o tesouro inglês vinha sendo abastecido por empréstimos concedidos pelos Templários. A dívida da coroa inglesa aumentara ainda mais com os financiamentos concedidos ao Rei Ricardo I, o Coração de Leão, para sua cruzada na Terra Santa. Dessa forma, Molay sabia que tanto na França, quanto na Inglaterra, o poder real tinha suas pendências com o Templo, o que o levava a desconfiar e a tratar com muito cuidado as relações que mantinha tanto com o rei inglês quanto o rei francês.      
      Por outro lado, interessava á Ordem, politicamente, que a rebelião escocesa tivesse sucesso, pois havia entre o líder da rebelião, Robert The Bruce e os escoceses, uma relação muito mais próxima e confiável deste com os Templários, do que com o rei inglês, cuja tendência para o calote já era conhecida pelo Grão-Mestre.
     Não muito diferente tinha sido a relação do Templo com o rei francês. Filipe, o Belo, lhes devia muito dinheiro. Sempre se socorrera do tesouro templário para financiar suas guerras e equilibrar o empobrecido tesouro real, sucessivamente esvaziado pelas campanhas militares. No ano anterior, ele havia expropriado os judeus, confiscando todos seus bens e expulsando-os dos territórios. Depois voltara sua cobiça contra os Lombardos, os banqueiros italianos, em cujas mãos estava grande parte dos negócios financeiros na França. Sob ameaças de fazer com eles o mesmo que fizera aos judeus, arrancara-lhes um vultoso empréstimo, que jamais pagaria.
      Não contente com isso, lançou impostos abusivos sobre as rendas do clero e promoveu uma massiva revalorização de moeda, que imediatamente repercutiu sobre a economia do reino, gerando um grande pânico nos negócios e na já difícil vida diária dos cidadãos franceses. A revolta popular não demorou a eclodir. Acossado por uma população furiosa, que certamente o trucidaria, se o apanhasse, ele se refugiou no edifício do Templo. Os Templários lhe deram abrigo e o salvaram do motim popular. Isso o tornou ainda mais dependente da Ordem e representou um grande golpe ao seu orgulho. O rei percebeu que, se não tomasse alguma medida em relação ao Templo, logo se tornaria refém dos Templários.
   
    Por volta das quatro horas da manhã, Filipe mandou chamar seu fiel ministro Guilherme de Nogaret.
 
    – Está tudo pronto para a ação? – perguntou o rei.
    –Sim, majestade. O Senhor de Perreiles já tem os seus arqueiros em guarda. Só aguardamos as vossas ordens.
    – Pois já as tendes. Podeis dar início á ação.
 
      As ruas de Paris estavam silenciosas naquela hora. Por isso ninguém viu, ou ouviu, a marcha célere dos arqueiros do rei, comandados pelo seu capitão, o Cavaleiro Alain Parreilles e pelo delegado do rei, Reinald de Roye. Nem mesmo o som abafado dos cascos dos cavalos dos senescais comandantes dos pelotões de arqueiros, teria tirado os cansados cidadãos parisienses de suas camas naquela madrugada fria e úmida da sexta-feira, 13 de agosto de 1307. 
     Ao lado do capitão dos arqueiros, trotava, impassível, o inefável Guilherme de Nogaret. Finalmente, todas as maquinações que perpetrara contra a Igreja e sua principal aliada, a Ordem do Templo, iria atingir o seu objetivo final. Esse seria o golpe fatal nessa guerra surda e suja que ele próprio travava contra o Papa e tudo que ele representava.  
 
       Era a hora prima quando os arqueiros de Parreilles ocuparam, sem nenhuma resistência dos cento e quarenta Templários que se encontravam no grande e vetusto edifício, as dependências do Templo. Ainda sonolentos e perplexos, foram todos detidos e acantonados no pátio do castelo, sob a mira das mortais balestras dos arqueiros do rei. Quanto á Jacques de Molay, o Grão-Mestre da poderosa Ordem, este estava na capela, fazendo a sua oração da manhã, quando o próprio Nogaret, junto com o delegado do rei, Reynald de Roye, e um pelotão de soldados, irromperam no pequeno e sombrio aposento, ornamentado apenas com uma cruz de madeira e iluminado por algumas velas. As sombras fantasmagóricas dançavam na parede, e o ambiente, já por si mesmo soturno e constrangedor, se tornou ainda mais pesado, quando Nogaret anunciou sua prisão.
                                                                                    
    – Por Ordem do Rei e da Santa Igreja estais detido, Senhor de Molay. Aconselho-vos a se entregar sem nenhuma resistência – disse Nogaret, sem ostentar nenhuma emoção na vez.
     O já idoso Grão-Mestre, ajoelhado no rústico piso da capela, levantou-se com alguma dificuldade. Não parecia haver surpresa em seus olhos.
    – Sob que acusação, Senhor?
    – Tereis oportunidade de responder a elas perante o tribunal do Santo Ofício – respondeu Nogaret, impassivelmente.
    – Dizeis que a Igreja está de acordo com essa ação?– perguntou, desta vez com surpresa, o Grão-Mestre.
    – Não estaríamos aqui para realizá-la se não estivesse – respondeu Nogaret.
 
    Não se tem notícia de qualquer outra palavra, ou de nenhum gesto de resistência que Molay tenha feito para resistir á prisão. Escoltado pelos arqueiros do rei, comandados pelo cavaleiro Reinal de Roye, o outrora poderoso Grão-Mesrre da soberana Ordem dos Cavaleiros de Cristo e do Rei Salomão, foi imediatamente manietado e conduzido á masmorra do sinistro Castelo de Chillon, onde o rei costumava encarcerar seus inimigos. 
     
    Durante todo o sábado, 14 de outubro, Jacques de Molay ficou encarcerado na masmorra do castelo de Chinnon sem receber nenhuma visita. Entretanto, Filipe e Nogaret, juntamente com o Conde de Marigny, camareiro do rei, estavam bem ativos. Por ordem do rei, Nogaret reuniu, no sábado, na sala do Capítulo de Nossa Senhora de Paris, os doutores da Universidade de Paris, os membros do clero e os nobres do reino para ouvirem a leitura das acusações que seriam feitas aos Cavaleiros da Ordem do Templo. Perplexos, essa seleta assembléia ouviu Nogaret dizer, em alto e bom som, que os Templários eram heréticos, sodomitas, idólatras e conspiradores, criminosos que atentavam contra as sagradas disposições da Igreja e envergonhavam a cristandade com a prática dos mais horrorosos crimes.
    No dia seguinte,domingo, 15 de outubro, é o povo de Paris convocado para comparecer na Praça de Notre Dame, para ter ciência de uma ocorrência capital para os destinos do reino. Perante uma platéia perplexa, composta por soldados, membros do clero, e todo cidadão que logrou conseguir lugar na praça lotada, o próprio Nogaret leu o libelo acusatório:
 
    “ Uma coisa amarga, uma coisa deplorável, uma coisa horrível de pensar, terrível de ouvir, execrável de perfídia, detestável de infâmia, uma coisa que nada tem de humano, mas atestada por numerosos testemunhos, chegou aos nossos ouvidos, não sem nos provocar um violento espanto e um horror indizível...”
    Nogaret olha, por um momento, a silenciosa platéia boquiaberta, limpa a garganta e prossegue:
   “ A nossa dor foi imensa com a notícia de crimes enormes contra a majestade divina, a fé ortodoxa, que são uma vergonha para a humanidade, um exemplo de perversidade, um escândalo público...”
    O memento que precede o principal parece começar a enervar o público, que mostra sinais de impaciência com a prolixa linguagem do documento. Então Nogaret se apressa para chegar ao ponto crucial da questão. Diz finalmente, do que os Templários são acusados:
 
     – Quando de sua recepção na Ordem, os membros são obrigados a renegar Cristo por três vezes e cuspir na cruz;
     – Quando de sua iniciação na Ordem, são obrigados a beijar as partes íntimas de seus companheiros;
     – Praticam entre eles atos de sodomia.
     – Adoram um ídolo demoníaco conhecido como Bafometh.
     – Os cônegos da Ordem realizam missas onde a liturgia contraria frontalmente aquela determinada pela Santa Madre Igreja.
      E vai por aí adiante. A cada acusação, um frêmito de espanto percorre a platéia boquiaberta. Os bons e crédulos cidadãos de Paris não podem acreditar no que ouvem.

      A ação provocou perplexidade em todo o país. Afinal, a Ordem do Templo era amada por muitos, odiada por outros, admirada e temida por todos. Seus cavaleiros eram considerados por uns como verdadeiros defensores da fé, por outros como heróis e santos.  Mas também havia quem não gostasse deles, por considerá-los pervertidos, usurários, arrogantes, ignorantes e heréticos. Destarte, a opinião pública se dividiu. Se houve quem aplaudisse a temerária operação desencadeada pelo rei, foram muitos os que a condenaram. Mas ninguém ficou indiferente á notícia, fosse pela coragem atribuída ao rei, ao afrontar tão poderosa organização e enfrentar um possível conflito com a Igreja, fosse pela facilidade com que os Templários foram presos, praticamente sem resistência.
   
      Todavia, o plano de Filipe já havia sido delineado um mês antes, no segredo da Abadia de Santa Maria de Pontoase. Ali, assessorado pelo seu fiel jurista, Guillherme de Nogaret, arquiinimigo do Papa e da Ordem, o lupino rei francês havia montado uma fantástica operação policial, que previa uma ação coordenada em todo território francês, destinada a prender, de surpresa, os Templários.

       É claro que uma operação dessas não poderia ter sido realizada sem o conhecimento do Papa, a quem a Ordem Templo estava sujeita. Na verdade, o rei não tinha autoridade sobre ela, e somente o Pontífice máximo poderia ordenar uma ação contra ela. Mas já de algum tempo, Filipe vinha orquestrando uma campanha de difamação contra a Ordem, dirigida por Nogaret, na qual se pretendia influenciar o confuso Papa Guilherme V, o qual, diga-se a bem da verdade, não tinha nenhum desejo de tomar qualquer atitude contra a Ordem. Essa campanha, todavia era realizada intramuros, no maior segredo, para evitar qualquer reação dos Templários.
     No dia 23 de setembro, o rei havia enviado despachos a todas as cidades da França, que hospedaram preceptorias templárias. Esses despachos instruíam o aparato policial sobre a operação que deveria ser desencadeada em 13 de outubro. Todos os bailios, senescais, prebostes, barões e juízes das províncias receberam ordens lacradas, com o comando de serem abertas somente na madrugada de 13 de outubro. A operação foi cuidadosamente descrita. Deveria ser realizada como se fosse uma simples visita de rotina, para evitar a resistência armada. Em seguida mandava deter todos os membros da Ordem que fossem encontrados nas preceptorias e entregá-los á guarda da Igreja, onde ficariam sob a custódia do tribunal da Inquisição. Na prática, porem, eram as forças do rei que cumpririam essa tarefa, pois a Igreja não estava aparelhada para tal missão.  
     Na mesma ordem se declarava que todos os bens do Templo seriam seqüestrados e entregues á guarda da Igreja até ulterior deliberação.
      A ordem real dava a entender que o Papa sabia da operação e estava de acordo com ela. E que, principalmente, conhecia os crimes dos quais os Templários estavam sendo acusados, e que, em princípio, acreditava na sua culpa.  Tanto era que permitia a sua prisão e ordenava que um tribunal do Santo Ofício conduzisse uma investigação, usando todos os recursos necessários para obter dos acusados a verdade. Esses recursos incluíam, como era de praxe nesses casos, a tortura.
      O plano do rei funcionou com perfeição. Na madrugada do dia 13 de outubro de 1307, uma sexta-feira, os agentes de Filipe varejaram todas as preceptorias dos Templários em todo o território da França, arrancando da cama os perplexos e surpreendidos cavaleiros. Manietados, foram levados para as masmorras mais próximas, onde deveriam aguardar que os inquisidores viessem tomar seus depoimentos.
      Foram poucos os que conseguiram fugir. Isso só aconteceu nas preceptorias onde a vigilância foi mais eficiente e as forças policiais tiveram mais dificuldade para tomá-las de assalto. Também não faltaram as atitudes radicais que sempre ocorrem nesses casos, quando uma operação dessas é desencadeada. Um número expressivo de Templários preferiu suicidar-se, matando-se com suas espadas ou atirando-se do alto das torres de vigia, ao serem confrontados com as acusações e a perspectiva de serem cruelmente torturados. Mas não se registrou, nos autos do processo, nenhuma resistência á prisão, o que mostra a eficiência da operação, que pegou a grande maioria dos templários de surpresa.
     Somente em Arras parece ter havido alguma tentativa de resistência. Naquela preceptoria registrou-se que cerca de metade dos cavaleiros ali encontrados foram mortos pelos senescais do rei.
      
     Sexta-feira, dia 13 de outubro de 1307, ficaria marcada na História como um dia sinistro, no qual o mal estaria a solta e muitas coisas ruins poderiam acontecer. A tradição consagrou esse dia como do azar e da infâmia universal. Nesse dia, a poderosa Ordem do Templo começou a ser desmontada e um dos mais rumorosos processos de todos os tempos se iniciava. E também um mistério que ainda hoje excita a imaginação das pessoas.
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Da obra "Filhos da Viúva", A Conspiração dos Templários- título provis´´orio, no prelo.


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João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 23/09/2013
Alterado em 20/11/2013


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