João Anatalino

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MAÇONARIA EM 33 LIÇÕES -IX- OS MAÇONS DO ARCO REAL


 
 
A MAÇONARIA DO ARCO REAL
 
Rito de York ou Arco Real
 
 
A maçonaria do Arco Real, como é chamado o Rito de York, é a mais popular forma de maçonaria praticada na América do Norte, na Inglaterra e nos demais países de colonização inglesa. Suas origens são obscuras, como de resto são os demais ritos maçônicos, cujos primórdios, fundadores e raízes das tradições que os alimentam, tiveram seus elementos tão mistificados e mitificados, que se torna praticamente impossível recensear a verdadeira história dos seus nascimentos.
Sabe-se apenas que se trata de um tipo particular de assembleia maçônica que não foi absorvida pela unificação pretendida pelos maçons das quatro lojas de Londres, que em 1717 intentaram promover uma unificação da prática maçônica, através da famosa Constituição de Anderson, e que, de um modo geral passou a ser considerada uma espécie de Bíblia da maçonaria.
Os registros não são muito esclarecedores a esse respeito, mas há indícios de que os maçons do Arco Real já existiam antes da fusão das lojas londrinas, e praticavam seus ritos á maneira dos antigos maçons operativos. Em princípio parece que eles concordaram em aderir á unificação intentada por Anderson e seus pares, mas em 1738 eles já são considerados uma dissidência oficial da Grande Loja de Londres, com a criação de uma organização paralela á fundada pelas quatro lojas londrinas, que ficou conhecida como Antiga Grande Loja. [1]
     Por quase um século os praticantes do rito do Arco Real permaneceram disputando com os maçons do REAA (Rito Escocês Antigo e Aceito), a preferência dos maçons em todo o mundo. Nessa disputa, a maioria dos historiadores maçons identifica uma ferrenha disputa ideológica, remanescente dos conflitos sociais, políticos e religiosos que sacudiram a sociedade inglesa no século XVII e XVIII, originadas por intermináveis disputas dinásticas e temperadas pelas guerras religiosas que a Reforma protestante provocou. O ambiente político inglês (que, pela importância política e econômica que a Inglaterra tinha a época, refletia no mundo todo), não havia sido pacificado com a restauração dos Stuarts no trono inglês. Seus partidários, os chamados jacobitas, haviam fundado a Grande Loja da Inglaterra pela fusão das quatro Lojas londrinas. Foram eles que criaram o Rito Escocês, chamado Antigo e Aceito, e sua prática ganhou adesão em grande número de Lojas, na Inglaterra e principalmente no continente. Politicamente, os maçons do REAA eram oriundos do partido dos whigs, mas, dentro das Lojas londrinas ainda era grande a influência dos seus opositores tories, e suas tendências políticas refletiam na organização da maçonaria. Essas diferenças─ que eram reflexo da própria sociedade inglesa, que procurava o seu equilíbrio entre um sistema feudal moribundo e uma classe média progressista e ativa ─  foi de fundamental importância na cisão que se processou entre os maçons ingleses.
     Somente em 1813 aconteceria uma aproximação entre os dois sistemas maçônicos e o Rito do Arco Real foi oficialmente integrado na Grande Loja da Inglaterra e finalmente reconhecido como um importante sistema de ensinamento e pratica maçônica, com influência mundial. Como não poderia deixar de ser, foi nas colônias inglesas da América do Norte que esse rito teve maior aceitação.
     Nos territórios que viriam a constituir, mais tarde, os Estados Unidos e o Canadá, desde fins do século XVIII, os colonos americanos já praticavam o rito do Arco Real. Entre eles incluem-se os líderes da revolta que culminou com a independência dos Estados Unidos da América.[2]
Históricamente, o Arco Real foi fundado nos Estados Unidos em 1797, na cidade de Boston, estado de Massachussets, com jurisdição sobre todas as Lojas americanas praticantes do rito. Hoje jurisdiciona a metade dos 7.000 Capítulos desse rito no mundo todo, incluindo as lojas do Canadá, do México, Filipinas, Alemanha, Itália, Grécia e a maioria dos Capítulos existentes nos países da América do Sul. 
O Capítulo do Arco Real é uma parte do chamado Rito de York e é constituído por três graus, cujos títulos são: Mestre da Marca, Mui Excelente Mestre e Mestre do Arco Real.
 

Mestre de Marca

De maneira geral, acredita-se que o Grau de Mestre de Marca tenha se originado de uma cerimônia da antiga maçonaria operativa onde um artesão era distinguido por seus companheiros em razão de algum trabalho pessoal de “marca” na construção do edifício. Mais tarde foi acrescentado o simbolismo que hoje reencontramos no seu ritual, onde destacam-se os ensinamentos éticos e morais, temperados com temas gnósticos e herméticos. Há quem diga que é o grau mais antigo da moderna maçonaria e serviu de núcleo para o desenvolvimento dos demais.  É, sem dúvida,  um dos mais belos graus em toda a Maçonaria, pela riqueza dos seus ensinamentos e pela poesia que emana do seu simbolismo.
 

Past Master

Em princípio, esse grau era conferido pelas Lojas Simbólicas (Azuis) somente aos Past Masters de fato. Mais tarde passou a ser titulo designativo para todos os Irmãos que alcançassem determinado mérito dentro da maçonaria por sua atuação maçônica ou social. O primeiro registro de uma elevação de Irmão a esse grau deu-se em 1768 na Inglaterra.
 

Mui Excelente Mestre                                                       

O Mui Excelente Mestre é uma inovação da maçonaria americana. Aparece, pela primeira vez no Capítulo do Arco Real, na Loja de Middletown,  Connectcut, 1783. É considerado um dos graus mais ricos em simbolismo entre os praticados pelos maçons do Arco Real. Nesse grau são explorados os mistérios arcanos que envolvem a construção do Templo de Salomão. Chama a atenção a sua temática voltada para a alegoria de que a construção, a destruição e as repetidas reconstruções do Templo de Salomão constituem uma metáfora da vida da própria humanidade, cujo processo de desenvolvimento encontra nesse símbolo uma estreita analogia.
(segue)
 
 
[1] The Royal Masonic Ciclopaedia- Aquarian Press-Londo,1987. Veja-se também a obra de Paul Naudon, La Franc- Maçonnerie, Paris, 1963, citada por Jean Palou- A Franco Maçonaria Simbólica e Iniciática- Ed. Pensamento, 1964.
[2] Ver David Ovason- A Cidade Secreta da Maçonaria,

 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 19/04/2014
Alterado em 26/04/2014


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