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Capítulo 1
Discurso introdutório
1. Este capítulo é dedicado ao aprendiz da Arte Real, e contém a sabedoria que lhe é lícito adquirir no seu grau. ² Refere-se aos antecedentes históricos, à filosofia e as práticas dos membros da Sublime Ordem dos Obreiros da Arte Real, coisas que todo neófito precisa saber antes de aprofundar-se nos Augustos Mistérios dos quais vai participar.³A Arte Real é uma prática muito antiga que foi estabelecida pelos povos que alcançaram os mais graus mais altos de civilização. 4 Sua existência se fundamenta nos mais profundos anseios da alma humana, que é o estabelecimento e a manutenção de um estado ideal de ordem, estabilidade e progresso, que são condições indispensáveis à felicidade do ser humano.5. Nossos mestres mais antigos acreditavam que esse estado ideal podia ser atingido pelo trabalho consciente e eficaz de um grupo de pessoas de boa vontade e comprometimento com esses ideais, pois eles viam o mundo como se ele fosse um grande edifício que é construído diariamente por cada uma das criaturas humanas nas ações que executa. 6. Assim, toda ação humana é considerada como uma pedra posta na construção do edifício chamado Humanidade. 7 Para o bem ou para o mal, toda ação praticada pelo homem é contabilizada como um tijolo (ou pedra), posto nesse edifício, concorrendo para a sua estabilidade ou para a ruína. 8. Nesse sentido, iniciados ou não, todos somos pedreiros dessa obra. 9. Ao Obreiro da Arte Real cabe, porém, uma responsabilidade maior nesse canteiro de obras. 10. Porque ele sabe disso e a sua consciência está comprometida com esse trabalho através de um juramento feito perante os seus Irmãos, na intimidade sagrada de uma Loja. 11. Por isso, quando ele é admitido na Sublime Ordem dos Obreiros da Arte Real, lhe é exigido como obrigação solene o sacrifício de todas as suas paixões e a submissão de sua vontade pessoal a um propósito maior do que a simples realização dos seus objetivos individuais. 12. E ao fazer tal juramento ele se ombreia aos grandes vultos da humanidade, que antes dele assumiram idêntico compromisso.13. Ele também ganha uma nova família que se compromete com ele a ampará-lo em seu caminho para o aperfeiçoamento pessoal e espiritual. 14. Essa nova família não o afasta da sua família de sangue nem das suas afeições e compromissos da vida profana; ao invés, o faz mais consciente desses compromissos e o leva a cumpri-los com maior determinação, com mais amor e maior alegria, por que agora a sua consciência está desperta para um ideal mais alto do que aqueles que o simples cumprimento das obrigações cotidianas proporcionam. 15. O compromisso assumido pelo Aprendiz da Arte Real não tem nada de sectário e nem envolve qualquer simbolismo ligado á religião, crença ou objetivos inconfessáveis; trata-se, na verdade de um compromisso com uma filosofia de procura pela verdade filosófica e pela melhor forma de praticar uma vida útil e dedicada á felicidade do homem.16. Por isso, a nenhum iniciado nos Augustos Mistérios da Arte Real é exigido que ele renuncie ás suas crenças religiosas, nem que prometa realizar ações que contradigam suas convicções pessoais, que violem seu código de ética ou contrariem disposições legais e morais vigentes no ordenamento jurídico do país em que vive, ou ofensivas ás tradições culturais nele existentes.17. A Arte Real é, pois, filosofia e prática de vida, um modo de pensar e uma forma de viver. 18. Por isso, ela é chamada de arte operativa e especulativa ao mesmo tempo. 19. Especulativa porque busca descobrir, entre as produções do pensamento humano, aquele que melhor serve á construção desse estado social de ordem, estabilidade e progresso, sonhado pelo homem desde os primórdios do seu aparecimento sobre a terra; e operativa, porque, entre os comportamentos humanos, procura identificar aquele que se mais se aproxima do ideal para a edificação prática desse conceito no terreno das realidades sociais.[1]20. Por isso o primeiro grau do simbolismo adotado pela Arte Real é o grau do Aprendiz. 21. Ele é dedicado á consagração do conceito de Fraternidade, como tal entendida a união dos Irmãos para a realização do ideal perseguido pela Ordem. 22. Esse ideal busca não só a união dos Irmãos pertencentes ao conjunto dos Obreiros da Arte Real, mas de toda a Humanidade. 23. A Arte Real é desenvolvida através de vários ritos de variadas inspirações. 24. Todos os ritos, porém, visam um único objetivo: desenvolver e propagar os princípios fundamentais da Maçonaria Universal, como Arte operativa e especulativa, destinada a promover o desenvolvimento pessoal dos Irmãos, e orientá-lo no sentido de utilizar esse aprendizado na realização do bem estar da sociedade em que ele vive.[2]24. São vários os títulos aplicáveis ás diversas Lojas dos maçons. 25. Tradicionalmente elas se dividem em Lojas Simbólicas, Capitulares, Filosóficas e Administrativas, os quais, por sua vez se dividem em blocos de ensinamentos específicos, e estes em graus, titulados conforme cada tema neles trabalhado. 26. A Loja Simbólica corresponde aos três primeiros graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre. 27. Nessa estrutura, a proposta é divulgar os fundamentos da Maçonaria, enquanto tradição herdada dos antigos pedreiros medievais. 28. Não se exige que um iniciado maçom, ao colar os graus da Loja Simbólica, passe a frequentar os graus superiores. 29. Para que ele seja um maçom completo, basta que ele seja elevado ao grau de Mestre. 30 Porém, se o Irmão quiser conhecer, de fato, a Maçonaria, será preciso que ele suba todos os graus da chamada Escada de Jacó, alegoria que significa a passagem do maçom por todos os graus da Ordem.31. Assim, o maçom é o pedreiro que busca construir o edifício da sociedade ideal. 32. Como especulativo, ele deverá trabalhar para a construção de um mundo onde a ética, a virtude e os bons costumes constituam o alicerce que dará sustentação á essa sociedade. 33 E como operativo, ele mesmo, em sua vida profana, deverá praticar esses princípios, dando exemplo de virtude, combatendo os vícios, vivendo com honestidade e jamais se afastando dos princípios consagrados pela Arte Real.
[1] Os termos especulativo e operativo, entretanto, estão vinculados á história da maçonaria enquanto prática desenvolvida pelos grupos humanos que a desenvolveram. São duas fases distintas na história da Maçonaria. Maçons operativos eram os antigos pedreiros medievais que construíam os grandes edifícios da época, empregando conhecimentos de arquitetura e geometria, que só eram repassados por iniciação aos aprendizes por eles escolhidos. Operativos eram os maçons que adotaram a Maçonaria como veículo para a prática de uma filosofia de vida e de uma forma de pensar. Essa fase identifica-se com a Idade Moderna e o surgimento das ideias reformistas que culminaram com a Reforma Protestante e o estabelecimento dos estados modernos.
[2] Os principais ritos hoje praticados na Maçonaria são o Rito Escocês Antigo e Aceito, o Rito de York, que comporta dois ramos distintos, o inglês e americano, o rito Schöder, de origem alemã, o Rito Moderno, e os ritos Adorhiramita, o Escocês Retificado e o Rito Templário. No século XIX eram mais de duzentos os ritos praticados, porém hoje subsistem pouco mais de cinquenta, sendo o Rito de York, o Rito de Emulação, o Rito Escocês Antigo e Aceito e o Rito Moderno (também chamado de Rito Francês ou Moderno na Europa), os mais comuns. Juntos, estes três ritos congregam cerca de 99% dos maçons em todo o mundo. No Brasil foi criado o Rito Brasileiro, que está em franco desenvolvimento.
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DO LIVRO "O TESTAMENTO DO MAÇOM"- NO PRELO
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 03/07/2014
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