João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


ANÃO DIPLOMÁTICO
 
Anão diplomático? O que será que o secretário das Relações Exteriores de Israel quis dizer com isso? Que nós somos um insignificante grãozinho de poeira no concerto internacional das nações? Pode ser. Para um país com uma população de cerca de oito milhões de habitantes, menos do que a população do município de São Paulo, o desairoso comentário do burocrata israelense soa como se um cachorrinho chiuaua estivesse latindo para um mastim tibetano. Mas infelizmente é assim mesmo que o mundo vê o Brasil. Quem já viajou para o exterior percebe isso. Parece que estamos fora do mundo. As pessoas sabem mais o que acontece no Tibete e no Afeganistão do que no Brasil. Talvez seja consequência da letra do nosso hino nacional que fala de um gigante pela própria natureza, deitado eternamente em berço esplêndido.
Gigante bobo que nunca deixa as fraldas e está sempre de chupeta na boca. Parece que é assim que a comunidade diplomática internacional vê o Brasil. Qualquer sujeito assim é mesmo tratado como criança que só tem tamanho. Na verdade é um anão.
É claro que não somos nada disso. Somos a sexta economia do mundo e temos população e território entre os cinco maiores do mundo. Temos mais carros na rua do que a Alemanha, a França e a China. E mais analfabetos também, pois não basta aprender a ler se a gente não consegue entender o que lê.
Não somos anões diplomáticos não. Os israelenses é que são arrogantes, agressivos e chauvinistas. Não é toa que inventaram um Deus só para eles e se elegeram “povo escolhido” dele, fazendo com que todo o resto do mundo se tornasse um bando de bastardos. E continuam fazendo isso com os palestinos. Claro que já pagaram muito caro por isso, mas eles têm queixo duro e jamais vão á lona. Parece o Rocky Balboa.
Não contestamos as razões de Israel. Achamos que os israelenses tem o direito a ter seu próprio país e de defendê-lo a todo custo. Afinal, estão fazendo isso há uns três mil anos e não seria lícito dizer para eles que estão errados agora.  
Mas chamar o nosso país de “anão diplomático” é ofensa das grossas. Talvez o secretário israelense esteja confundindo o Brasil com a política defendida pelos nossos atuais governantes. Se for isso ele está desculpado. Pois quem fica caladinho quando o exército da Bolívia invade uma refinaria brasileira, quem apoia a ditadura bolivariana do Nicolás Maduro, quem nega extradição de terrorista italiano, mas deporta cubanos quer pedem asilo diplomático, e de quebra aceita e  homologa o regime de servidão imposto pelos irmãos Castro aos médicos de Cuba, não pode mesmo reivindicar um lugar de relevância entre as grandes democracias do mundo. E tem que escutar calado o rosnar de cachorros muito menores que ele.
Mas anão diplomático não. Anão diplomático é a mãe.
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 25/07/2014


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras