A MAÇONARIA DO CONGRESSO
Todos os candidatos á Presidência da Republica falam que vão realizar mudanças para melhor no nosso país. São evidentemente, todos mentirosos, pois não vão mudar coisa nenhuma. E não é porque não queiram. É que eles não podem.
A única coisa que não dá para saber é se eles são mentirosos por desídia ou por ignorância. Ou seja, que eles estão mentindo conscientemente, sabendo que não terão condições de mudar coisa alguma, ou se eles são ignorantes mesmo, e não sabem que o sistema político existente no país não permite que nenhuma mudança substancial no atual sistema de coisas possa ser feito.
Isso porque o atual sistema político brasileiro foi montado para ser uma verdadeira maçonaria, onde só se entra por indicação ou apadrinhamento. Ele é assim justamente para evitar que qualquer virada de mesa, que uma eleição possa trazer, represente perigo para as oligarquias que detém o poder. Por isso, deputados, senadores e vereadores são eleitos muito mais pelas alianças políticas que fazem do que pelo povo, alienado, que vota neles. Essa é a razão pela qual um sistema de eleição que contemplasse o voto distrital jamais será aprovado no Congresso Nacional. Qual o distrito que indicaria Paulo Maluff, Collor de Mello ou José Dirceu para ser o seu representante?
Voltando aos mentirosos presidenciáveis, talvez dê para perdoar a Marina, por exemplo, que apesar de já militar nesse sistema político há mais de vinte anos, talvez não tenha ainda tomado consciência de que os 513 deputados e os 23 senadores que serão eleitos em 5 de outubro, são membros de um clube fechado, uma espécie de maçonaria branca, que serão eleitos não para representar o povo, mas sim os grupos corporativos que os elegeram via financiamento de suas campanhas.
Tem sido assim desde os tempos da colônia, quando os deputados eram eleitos entre os “homens bons” da comunidade. Por “homens bons” entenda-se os proprietários de terra, os comerciantes abastados, aqueles, que de um modo ou de outro, tivessem bons patacos para ter seus nomes inscritos nos “Livros da Nobreza” colonial.
O que mudou desde então? Nada, ao que parece. Segundo uma pesquisa feita pelo Ibope em 18 estados, publicada no último domingo, dos noventa nomes mais lembrados pelos eleitores, oitenta e sete por cento faz parte das oligarquias que vem dominando a política brasileira nos últimos, digamos cem anos, se não ousarmos ir mais longe. Cinquenta e cinco por cento já fez, ou faz parte do Congresso há pelo menos dez anos, dezenove por cento já milita na política ou na administração pública por igual lapso de tempo e quatro por cento faz parte de famílias que vive de política há décadas.
Assim, conclui o Estadão, que entre os deputados que serão eleitos em 2014, pelo menos 496 deles já faz parte da “Maçonaria do Congresso” , que constitui esse clube fechado de oligarcas, coronéis e burocratas que fizeram do serviço público e da política uma rendosa forma de ganhar a vida, e a tem perpetuado por séculos graças ao filhotismo, ao compradrismo, o nepotismo e os acordos espúrios que fazem, em razão da legislação três pês (permissiva, perniciosa e perversa) que eles mesmos criaram para salvaguarda dos seus próprios interesses.
Por isso é que é tão difícil a renovação dos nossos quadros políticos e as reformas políticas, econômicas e sociais de profundidade no Brasil jamais passam dos discursos dos candidatos. Todo mundo fala do “Custo Brasil,” que inviabiliza a nossa indústria e encarece os nossos produtos. E todo mundo sabe que os dois principais responsáveis por esse custo é a nossa ultrapassada legislação trabalhista e o nosso perverso sistema tributário. Faz mais de cinquenta anos que se discute isso e nada se faz para mexer nesses sistemas. O mesmo acontece com a nossa legislação penal, que favorece a impunidade e faz com que o crime efetivamente compense. Bom, no caso da legislação penal até dá para entender que os nossos políticos não queiram mudar nada nesse sistema, pois no dia em que ele for sério os primeiros a ir para a cadeia serão eles mesmos. Como ninguém quer dar tiro no pé, dificilmente teremos mudanças significativas nesse campo.
Quanto á legislação trabalhista, temos os sindicatos (ninhos de parasitas que vivem á custa do suor dos trabalhadores)que não deixam que nada de novo seja introduzido na legislação fascista que o nosso velho caudilho Getúlio Vargas nos deixou. Nessa trilha, o PT é uma imitação moderna do velho PTB do Getúlio e o Lula faz uma força danada para encarnar o espírito do baixinho de São Borja. Até o apelido de “Pai dos Pobres”, ele já assumiu.
E quanto ao sistema tributário, se ele fosse modernizado, simplificado e lógico, de uma forma que todos pudessem entendê-lo e saber o que, porque, e quanto estão pagando, como é que o exército de burocratas que vivem da corrupção e do desvio do dinheiro público irão viver? E como os políticos do interior e suas famílias, que vivem do Fundo de Participação dos Municípios e das licitações fraudulentas irão manter suas mordomias?
Causa surpresa para um eleitor mediamente informado que políticos como Paulo Maluf, Antonio Garotinho, José Roberto Arruda e outros “fichas-sujas” estejam liderando as pesquisas em seus respectivos redutos eleitorais. Mas não para quem sabe como é azeitada essa “maçonaria congressual”, que funciona como se fosse uma colônia de caranguejos. Lá dentro do buraco eles se matam uns aos outros para dividir o butim. Mas se alguém de fora tenta mexer com um deles, eles se unem contra o intruso. O Joaquim Barbosa que o diga.
E para quem queira contradizer esse artigo com o exemplo do Tiririca e outros idiotas úteis que o sistema eleva , diremos que eles nada mais são do que “bois de piranha” que esse sistema perverso e excludente que se tornou o nosso Congresso Nacional inventou para enganar o povo. Pois eles acabam sendo importantes peças no esquema como “puxador de votos”, contribuindo, dessa forma, para manter no Congresso e no Executivo um bando de filhotes, apaniguados, cúmplices e agregados da camarilha que suga o sangue do país há tanto tempo. Quando o sistema não precisar mais deles serão defenestrados sem dó nem piedade, como o idiota do Rogério Magri, aquele do sindicato, que virou “judas nacional” na era Collor por ter pego trinta contos de propina quando era Ministro do Trabalho. E ainda há quem pense que votar nesses caras, ou então votar nulo ou em branco é uma forma de protesto.
E também tem gente que pensa que protestar nas ruas, queimar ônibus, quebrar bancos, saquear lojas e supermercados vai mudar alguma coisa. Se eles soubessem quem são os seus verdadeiros líderes talvez ficassem surpresos em ver que são os mesmos que vão estar no Congresso na próxima legislatura, ou então que são aqueles que vão manobrar os “tiriricas”, para que tudo continue igual. E o dia 5 de outubro vem ai.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 24/09/2014
Alterado em 24/09/2014