João Anatalino

A Procura da Melhor Resposta

Textos


O PT, DON CORLEONE, NIETZSCHE E PÔNCIO PILATOS.
                              
Corrupção entre empreiteiras e governo sempre houve, pois o sistema de construção de obras públicas e a forma de financiamento desses serviços favorecem as falcatruas. Afinal, políticos e empreiteiros levam a sério o termo “dinheiro público”. Se é público então não é de ninguém e eles podem roubar á vontade.
A História mostra que essas coisas não são novas. Flavio Josefo já fala do grande motim que houve em Jerusalém alguns anos depois da morte de Jesus por causa de uma obra pública. Naquele tempo o governador romano Pôncio Pilatos sequestrou o dinheiro do Templo de Jerusalém para construir um aqueduto para levar água para a cidade. Segundo alguns dos sacerdotes judeus, que não se conformaram com o negócio, o aqueduto custou muito menos que a grana surrupiada pelo governador e andaram liderando um motim que custou a vida de algumas centenas de moradores da cidade. Pôncio Pilatos foi chamado de volta á Roma por causa dessa chacina e não se sabe o que aconteceu com ele. Uns dizem que terminou seus dias na prisão, outros que foi premiado com um novo cargo em alguma província na Ásia.
Cá entre nós, um voto de louvor para a Polícia Federal e o Ministério Público que estão trabalhando bem para pegar a quadrilha que o PT instalou na Petrobrás. Mas a gente sabe no que isso vai dar. Muito estardalhaço e pouco resultado. Quando chegar a hora dos políticos envolvidos nessa sujeira toda, o espirito de corpo da Máfia do Congresso vai protegê-los e o nosso bolivariano Superior Tribunal Federal, que logo será composto inteiramente por petistas, não fará por menos: inocentará todo mundo.
Num quadro desses torna-se inútil perguntar a razão de tanta violência, criminalidade e insegurança. É simples. A bandidagem está instalada no próprio governo. Don Corleone, o inefável personagem do romance de Mário Puzzo, O Poderoso Chefão, dizia que um advogado com sua pasta podia roubar mais do que cem homens armados. Ele tinha razão.  Imagine-se então um político com um mandato que lhe dá o direito de nomear quem ele quiser para qualquer cargo público, no executivo ou judiciário. Nenhuma Máfia, em lugar nenhum do mundo, tem tanto poder.  
A culpa de tudo isso é nossa, que demos esse mandato para o PT. Agora é ficar de olho e mostrar que não vamos continuar a ser roubados quieta e impunemente. História é história e talvez Nietzsche tivesse razão quando dizia que estamos condenados a viver numa eterna repetição de coisas, embora elas pareçam ser diferentes a cada nova combinação.
Mas quero crer que não precisa ser assim. Talvez quem esteja certo seja Teilhard de Chardin, para quem o universo tem sentido e finalidade, e o mal seja apenas um pedaço da fórmula necessária para que a finalidade pretendida pelo Pai das Coisas se cumpra. Tudo bem, desde que o Pai não seja um Don Corleone barbudo e rouco. Afinal, os gnósticos maniqueístas também já diziam que quem governa este mundo não é Aquele que está no céu, mas o Outro.  Vai ser muito ruim descobrir que eles estavam certos.
 
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 15/11/2014
Alterado em 15/11/2014


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